A 3tentos (TTEN3) decidiu mudar o jogo para continuar crescendo no agronegócio brasileiro. Prestes a completar 30 anos, a empresa aposta em diversificação geográfica como resposta direta aos riscos climáticos que afetaram o Rio Grande do Sul nas últimas safras. O plano é claro: reduzir dependência regional, ganhar escala e destravar novas fontes de receita.
Durante o Investor Day realizado em Santa Bárbara do Sul, a companhia detalhou projetos que ampliam sua presença no Centro-Oeste e no Norte do país, sem abandonar sua base histórica no Sul.
Expansão nacional vira proteção contra o clima
Segundo o CEO João Marcelo Dumoncel, crescer fora do Rio Grande do Sul não é apenas uma oportunidade comercial, mas um hedge climático.
A lógica é simples: quanto mais espalhadas estiverem as operações, menor o impacto de eventos extremos em uma única região. Hoje, o RS ainda responde por mais de 60% do faturamento, mas esse peso tende a cair à medida que novas plantas entram em operação.
Nova planta no Pará muda o mapa da empresa
Um dos movimentos mais relevantes foi a aquisição da Grão Pará Bioenergia, que dará origem a uma nova planta de processamento de milho em Redenção (PA). A companhia enxerga no estado condições semelhantes às que transformaram Mato Grosso em potência agrícola décadas atrás.
Ao mesmo tempo, segue acelerada a construção da planta de etanol de milho e DDG em Porto Alegre do Norte (MT), reforçando a presença no coração do agronegócio brasileiro.
Milho no Centro-Oeste garante estabilidade
No Mato Grosso, o foco da 3tentos está na segunda safra, especialmente no milho. Essa cultura contribui para suavizar oscilações de receita e traz maior previsibilidade tanto para a empresa quanto para os produtores parceiros.
Com o avanço das operações no Centro-Oeste e no Norte, a companhia projeta que a maior parte do crescimento futuro venha dessas novas regiões, redistribuindo o peso regional do negócio.
Originação avança para novos estados em 2026
A expansão não para por aí. A 3tentos já anunciou planos de ampliar a originação de grãos em outros estados a partir de 2026.
No Tocantins, uma nova unidade está prevista para o próximo ano. Em Goiás e Minas Gerais, a empresa já atua e seguirá abrindo novas lojas, reforçando sua rede de captação e relacionamento com produtores.
A aposta “canadense” que fortalece o Sul
Enquanto cresce fora, a empresa também busca soluções para reduzir riscos no Rio Grande do Sul. A principal aposta é a canola, cultura de inverno com origem no Canadá e alto potencial econômico.
A oleaginosa pode alternar com o trigo e, em alguns cenários, apresenta preços mais atrativos que a soja. Além disso, ocupa áreas que ficariam ociosas fora da safra de verão.
Investimento pesado e incentivo ao produtor
Para acelerar a adoção da canola, a 3tentos investiu R$ 60 milhões na adaptação da planta de Ijuí, que já iniciou o processamento do grão. A empresa também criou um programa específico para produtores gaúchos.
O pacote inclui assistência técnica, tecnologia, seguro agrícola integrado e operações de barter, reduzindo riscos e incentivando a diversificação das lavouras.
Crescer com menos risco é o novo foco
A estratégia da 3tentos combina expansão territorial, diversificação de culturas e apoio direto ao produtor. O objetivo é claro: crescer com mais estabilidade, mesmo em um cenário de clima cada vez mais imprevisível.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O que é o hedge climático da 3tentos?
É a diversificação geográfica das operações para reduzir riscos climáticos regionais.
Onde a empresa está expandindo suas operações?
Principalmente no Mato Grosso, Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais.
Qual o papel do milho nessa estratégia?
O milho da segunda safra traz estabilidade de receita no Centro-Oeste.
Por que a canola virou aposta no RS?
Porque é uma cultura de inverno rentável e ocupa áreas ociosas.
Quanto a empresa investiu na planta de canola?
Foram R$ 60 milhões na adaptação da unidade de Ijuí.
O Rio Grande do Sul perde importância?
Não. O estado segue relevante, mas com menor concentração de risco.









