Com a desaceleração dos aluguéis, inquilinos ganham poder de negociação; veja como usar isso a seu favor
Os aluguéis residenciais subiram 0,30% em setembro, mas o avanço desacelerou no acumulado do ano. Segundo o InfoMoney, o aumento em 12 meses caiu para 2,69% em São Paulo e 4,29% no Rio de Janeiro. Essa trégua abre espaço para negociar reajustes com mais equilíbrio.
Este guia mostra como aproveitar o momento e reduzir seu aluguel sem romper o contrato.
1. Entenda por que o mercado esfriou
O principal motivo da desaceleração é a estabilidade da Selic e a queda na inflação. Com juros menores, mais pessoas compram imóveis, e a demanda por locação cresce de forma mais controlada.
A Fundação Getulio Vargas (FGV) registrou variações pequenas em setembro — 0,37% em São Paulo, 0,55% em Belo Horizonte e queda de 0,40% em Porto Alegre. Esses dados, destacados pelo InfoMoney, mostram que o ritmo de alta perdeu força.
Saber disso é essencial antes de abrir negociação: você precisa mostrar que o mercado mudou.
2. Escolha o índice mais vantajoso
A maioria dos contratos de aluguel usa o IGP-M como referência, mas ele não reflete mais com precisão o comportamento real dos preços. Em setembro, o índice subiu 0,42%, segundo o InfoMoney.
Por outro lado, o IVAR (Índice de Variação de Aluguéis Residenciais) da FGV registrou alta menor. Isso significa que ele é um indicador mais realista e, portanto, mais justo para renegociações.
Antes de conversar com o proprietário, veja qual índice o seu contrato usa e leve ao encontro os dados do IVAR.
3. Apresente argumentos com dados
Quando pedir revisão, seja objetivo e mostre fatos. Leve gráficos, reportagens recentes e exemplos de imóveis semelhantes ao seu com valores estáveis ou menores.
Cite as informações da FGV e de portais reconhecidos, como o InfoMoney, para sustentar sua proposta. Com base nos números, você demonstra que a renegociação é racional, não apenas um pedido pessoal.
4. Proponha alternativas equilibradas
Nem sempre o dono do imóvel pode abrir mão do reajuste total. Por isso, proponha reajustes parciais — por exemplo, metade do índice — ou adiamento de 90 dias.
Outra alternativa é renovar o contrato por um prazo maior com reajuste menor. Isso garante segurança para ambos e evita vacância, que gera prejuízo ao locador.
5. Calcule quanto cabe no seu orçamento
Mesmo com a desaceleração, o aluguel ainda pesa. Economistas recomendam que o gasto com moradia não ultrapasse 30% da renda líquida.
Reavalie seu orçamento, incluindo condomínio, energia e transporte. Se o valor estiver acima do ideal, apresente ao locador uma contraproposta compatível com sua renda atual. Essa transparência costuma gerar boa vontade nas negociações.
6. Formalize o acordo e guarde os registros
Após chegar a um consenso, registre tudo em um aditivo contratual assinado por ambas as partes. Guarde os comprovantes de pagamento e o novo contrato.
Evite acordos verbais: a formalização protege você e o proprietário de eventuais divergências futuras.
Conclusão: o momento favorece quem se informa
Com o mercado de locação em desaceleração, os inquilinos têm espaço para negociar. Usar dados do IVAR e do IGP-M, apresentar argumentos sólidos e manter diálogo aberto são atitudes que aumentam suas chances de conseguir um reajuste justo e sustentável.
Negociar com base em fatos, e não em emoção, é o caminho mais eficiente para equilibrar suas finanças pessoais e manter uma boa relação com o proprietário.