Medida busca impulsionar o crédito imobiliário e estimular a compra da casa própria
A Caixa Econômica Federal anunciou nesta sexta-feira (10) que voltará a financiar até 80% do valor de imóveis residenciais, ampliando o limite de crédito disponível para compradores. A decisão marca uma mudança relevante em relação às condições anteriores, que cobriam cerca de 70% a 75% do valor total. A informação foi revelada pela Folha de S.Paulo.
Medida para estimular o mercado
Segundo fontes do banco, o objetivo é aquecer o mercado imobiliário e facilitar o acesso à casa própria, especialmente em um cenário de crédito mais restrito. A ampliação do percentual financiado vale para imóveis novos e usados e inclui linhas como o Minha Casa, Minha Vida, hoje reestruturado em faixas de renda mais amplas.
A instituição pretende ainda simplificar parte da análise de crédito e digitalizar etapas do processo de financiamento, buscando reduzir prazos e custos operacionais. Especialistas consultados pela Folha de S.Paulo afirmam que a medida pode ampliar o público potencial comprador, sobretudo famílias com renda média que enfrentavam dificuldade em reunir o valor de entrada.
Impacto direto no comprador
Para o consumidor, o aumento da fatia financiada significa entrada menor e mais acesso. Em um imóvel de R$ 400 mil, por exemplo, o valor de entrada cairia de R$ 100 mil para R$ 80 mil — diferença capaz de destravar milhares de operações represadas. Além disso, o alongamento de prazos e o uso de garantias digitais devem tornar o crédito mais acessível.
No entanto, analistas alertam que o movimento exige cautela fiscal e prudência bancária. A expansão do crédito, se não vier acompanhada de avaliação rigorosa da capacidade de pagamento, pode elevar o risco de inadimplência em um momento de desaceleração econômica.
Repercussão no setor imobiliário
Incorporadoras e construtoras reagiram positivamente à notícia, esperando maior liquidez e recuperação gradual da demanda. Empresas como MRV, Tenda e Direcional — voltadas ao público de renda média e baixa — tendem a ser diretamente beneficiadas.
Mesmo assim, especialistas destacam que a medida isolada não resolve entraves estruturais do setor, como juros elevados, burocracia e déficit habitacional persistente. A eficácia dependerá da estabilidade econômica e da manutenção da confiança dos consumidores e investidores.