Devo, não nego, pago quando puder e ainda medito
por Geoffrey Scarmelote
Em agosto, 71,78 milhões de brasileiros estavam inadimplentes, o que equivale a mais de 35% da população. Os dados são da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil.
Deliberadamente, estou na estatística. E digo deliberadamente porque sou um péssimo planejador das minhas finanças. Se tiver cinquenta centavos no bolso e vir um chiclete na bomboniere, adeus moedinha.
Ao renegociar meu cartão de crédito neste mês (de aniversário, ainda por cima!), me propus a um exercício doloroso, mas necessário: entender por que sou tão gastão e qual a origem dos gatilhos que me levam a desembolsar mais do que recebo.
Poderia entrar aqui num papo epistemológico profundo, quase um divã. Mas o pragmatismo dos juros do rotativo me puxou de volta ao básico: autocontrole.
Segundo a Serasa, as principais causas da inadimplência no Brasil incluem o aumento do desemprego, a queda da renda média familiar, as compras feitas para terceiros (quando alguém empresta o nome para outro realizar uma compra), a falta de educação financeira, o descontrole nos gastos — olha eu aqui —, os atrasos salariais e as enfermidades, que ampliam despesas com saúde e reduzem a capacidade de pagamento das famílias.
Recentemente, tive uma redução salarial em um dos meus trabalhos — jornalista precisa se virar em várias frentes e, mesmo assim, acaba quebrando a cabeça no fim do mês. E, convenhamos, redução de salário é quase uma prima-irmã do atraso: o dinheiro até chega, mas chega mais magro e cansado, mal dá tempo de respirar antes de sumir.
E o que eu fiz com isso tudo? Além de renegociar dívidas, comecei a planilhar meus gastos e meditar.
Porque não existe mens sana in corpore sano quando as contas — no caso, as minhas — estão no vermelho.
Então, muito ooommm e muitas parcelas de acordo pela frente. Seguimos.