Alterações no SBPE e ampliação de teto prometem favorecer construtoras de médio e alto padrão
O novo modelo de crédito imobiliário anunciado recentemente pelo governo pode gerar vantagens significativas para empresas como Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3). Isso porque as mudanças estimulam o financiamento de imóveis de renda média e alta, segmento no qual essas construtoras têm forte presença. A análise é do InfoMoney.
A proposta reformula o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) — que historicamente concentra o financiamento do setor imobiliário para habitação — e traz regras que ampliam o teto de valor dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O limite passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Além disso, a Caixa Econômica Federal elevou o LTV (percentual financiável do imóvel) de 70% para 80%.
Regras para ampliar crédito
A mudança mais radical está na alocação dos recursos da poupança. Atualmente, bancos precisam direcionar 65% desses depósitos para crédito imobiliário, 20% para compulsório e 15% ficam livres. No novo regime, 100% poderão ser usados para novos financiamentos, desde que os bancos originem contratos dentro das regras novas. A implementação será gradual, com meta plena para 2027.
Analistas do Goldman Sachs avaliam que Cyrela e Eztec são candidatas naturais para ganhar fatia nesse novo cenário, pois já operam fortemente nos segmentos mais valorizados. Já o Bradesco BBI destaca que o sucesso da política dependerá da adesão dos bancos privados, ainda vista como incerta.
O desafio dos bancos
Os bancos privados apontam cautela. Para muitos deles, os desafios envolvem garantir os recursos para financiar esse salto e manter viabilidade econômica. Alguns afirmam que a nova regra pode até desestimular o crédito se os custos operacionais ou o risco elevarem demais.
Segundo o InfoMoney, o SBPE enfrenta fragilidade estrutural, com saques da poupança impulsionados pela diferença entre a rentabilidade da poupança e a taxa Selic elevada. Nesse contexto, o novo crédito pode contrabalançar o desequilíbrio e reanimar o mercado imobiliário.
Expectativas e riscos
O governo planeja testar o modelo ao longo de 2026, antes da implantação definitiva em 2027. Durante o anúncio oficial, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que a medida fortalece a classe média e dá novo fôlego ao setor de construção civil.
Mesmo com esse impulso, cautela é essencial: a adesão dos bancos e a manutenção da atratividade da poupança serão decisivas. Se o crédito imobiliário estiver caro ou as regras forem pouco claras, o efeito pode ser abaixo do esperado.









