Reação pontual da economia reflete desempenho de serviços e indústria, mas ainda não indica retomada sólida do crescimento
A economia brasileira registrou expansão de 0,4% em agosto, após três meses consecutivos de retração, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (16) pelo Banco Central por meio do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) — indicador considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado indica uma leve melhora no nível de atividade, mas ainda em meio a um cenário de juros altos, fragilidade fiscal e incertezas externas.
Setores que impulsionaram a retomada
O crescimento de agosto foi impulsionado principalmente pelos segmentos de serviços e indústria de transformação, que reagiram após retrações consecutivas no segundo trimestre. O setor de agropecuária, em contrapartida, apresentou desempenho negativo, limitando o avanço do indicador. De acordo com o G1, o resultado sinaliza uma retomada moderada, sustentada por consumo interno e recuperação gradual da renda, mas sem sinais de aceleração consistente.
Repercussões sobre a política monetária
Com a melhora do IBC-Br, analistas avaliam que o Banco Central terá mais margem para manter o ritmo atual de cortes graduais da Selic, sem acelerar o afrouxamento monetário. O cenário reforça a estratégia de prudência do Comitê de Política Monetária (Copom), que busca equilibrar estímulo à atividade com o controle da inflação. Segundo a Reuters, a leitura de agosto pode reduzir o risco de revisão negativa das projeções para o PIB de 2025, atualmente em torno de 2%.
Fragilidades estruturais permanecem
Apesar da reação pontual, a economia brasileira ainda enfrenta problemas estruturais: baixo investimento, incerteza fiscal e gargalos de produtividade. A recente suspensão de programas de incentivo e contenção de gastos, como o do INSS, reforça os desafios para sustentar o crescimento sem comprometer o equilíbrio das contas públicas.
Além disso, o ambiente externo segue delicado, com volatilidade nos juros globais, desaceleração da China e oscilações no preço das commodities, fatores que podem afetar o desempenho das exportações brasileiras nos próximos meses.
Próximos indicadores no radar
Economistas apontam que os resultados de vendas no varejo, produção industrial e serviços de setembro serão determinantes para confirmar se a recuperação observada em agosto representa uma tendência ou apenas um movimento isolado. O BC divulgará a próxima atualização do IBC-Br em novembro, já refletindo o impacto das políticas fiscais e do comportamento da inflação no último trimestre.
Se mantido o ritmo atual, o PIB brasileiro pode encerrar 2025 com crescimento próximo a 2%, mas a consolidação dessa trajetória dependerá da estabilidade fiscal e da recuperação do investimento privado.








