Multinacional suíça tenta reduzir custos e recuperar credibilidade após saída de executivo por relacionamento com subordinada e queda nas vendas
A Nestlé anunciou nesta quinta-feira (16) uma reestruturação global que prevê o corte de 16 mil empregos nos próximos dois anos — o equivalente a cerca de 5,8% do quadro de funcionários. O movimento ocorre logo após a demissão de um alto executivo por manter relacionamento com uma subordinada, episódio que abalou a governança da companhia. As informações são do G1.
Meta é economizar 3 bilhões de francos suíços
Sob comando do novo CEO, Philipp Navratil, a Nestlé pretende economizar 3 bilhões de francos suíços até 2027, segundo reportagem do Financial Times. O plano prevê eliminar 12 mil cargos administrativos e 4 mil funções em áreas de produção e logística, com foco em simplificar estruturas regionais e reduzir sobreposição de funções.
A reestruturação sucede a saída do ex-executivo Laurent Freixe, afastado após investigação interna que confirmou relação com uma funcionária de sua equipe, violando o código de conduta da companhia. De acordo com a AP News, a crise de reputação forçou o conselho a antecipar mudanças de liderança e acelerar um plano de revisão de custos. Pouco depois, o presidente do conselho, Paul Bulcke, também deixou o cargo, ampliando a turbulência interna.
Queda nas vendas pressiona decisão
Nos primeiros nove meses de 2025, a Nestlé reportou queda de 1,9% nas vendas líquidas, pressionada por câmbio desfavorável e aumento dos custos de insumos. Em termos orgânicos, porém, as vendas cresceram 3,3%, sinalizando resiliência em segmentos como nutrição e bebidas, segundo a Reuters.
A reação do mercado foi imediata: as ações da companhia subiram 8% na Bolsa de Zurique, refletindo a percepção de que o corte de custos é necessário para restaurar a rentabilidade e fortalecer margens operacionais.
Riscos de imagem e impacto no emprego global
Apesar da recepção positiva dos investidores, a decisão levanta preocupações sobre impactos sociais e reputacionais. Sindicatos europeus já sinalizaram resistência aos cortes e prometem pressionar governos locais a intervir. Em nota enviada à imprensa, a Nestlé afirmou que “buscará realocar profissionais sempre que possível” e que “as mudanças visam garantir a sustentabilidade de longo prazo do negócio”.
Especialistas citados pelo The Guardian avaliam que o episódio ilustra um duplo desafio: administrar uma crise ética e, simultaneamente, responder a pressões por eficiência em meio a um mercado global de consumo desaquecido.
Aposta em reconstrução de confiança
O novo comando tenta agora reconstruir a confiança de funcionários e acionistas. Entre as medidas anunciadas estão reforço nos protocolos de governança corporativa, criação de um comitê independente de ética e expansão de programas de diversidade e compliance.
A Nestlé encerra 2025 com a missão de restaurar reputação e competitividade, equilibrando a busca por eficiência com a necessidade de recuperar a imagem de solidez que marcou sua história.









