Dados experimentais revelam aumento da renda média, mas também alta informalidade e jornadas mais longas entre motoristas e entregadores
As plataformas digitais se consolidaram como uma importante fonte de renda no Brasil. Segundo levantamento divulgado pelo G1, cerca de 1,7 milhão de pessoas tiveram aplicativos como atividade principal em 2024 — o equivalente a 1,9% da força de trabalho do setor privado. Os dados fazem parte da nova pesquisa experimental do IBGE.
Transporte e entregas concentram mais da metade dos trabalhadores
O levantamento mostra que 53,1% (878 mil) desses profissionais atuavam com transporte por aplicativos, enquanto 29,3% (485 mil) trabalhavam com entregas de mercadorias e refeições. Outras 17,8% (294 mil pessoas) usavam plataformas digitais para serviços gerais e profissionais, e 13,8% (228 mil) estavam em aplicativos de táxi. Ao somar transporte por app e táxi, o grupo chega a 58,3% do total de trabalhadores plataformizados, conforme o G1.
Renda média maior, mas com jornadas mais longas
Os dados apontam que os trabalhadores de plataformas receberam, em média, R$ 2.996 por mês, valor 4,2% superior à média do setor privado (R$ 2.875). Porém, essa renda mais alta veio acompanhada de jornadas mais extensas: a média semanal foi de 44,8 horas, contra 39,3 horas dos demais ocupados.
Ainda assim, o rendimento por hora trabalhada é menor: R$ 15,40 entre plataformizados, frente a R$ 16,80 entre os trabalhadores tradicionais.
Alta informalidade e desafios estruturais
A pesquisa mostra que 71,1% dos trabalhadores de apps estão em situação informal, quase o dobro da taxa observada no restante do setor privado (44,3%). A informalidade alta indica falta de acesso a benefícios previdenciários, proteção trabalhista e segurança financeira.
De acordo com o IBGE, esses números reforçam o papel das plataformas digitais na geração de renda, mas também revelam desigualdades e vulnerabilidades na nova dinâmica de trabalho.
Tendência de expansão e regulação
Os resultados são considerados estatísticas experimentais, mas ajudam a mapear a evolução de um modelo que tende a crescer. O governo e entidades de pesquisa avaliam propostas de regulação específica para o trabalho mediado por aplicativos, incluindo temas como contribuição previdenciária, jornada e proteção contra acidentes.
O estudo reflete uma tendência global: a consolidação da economia de plataformas como alternativa de emprego e renda, mas também como novo desafio social e trabalhista.









