Os ladrõezinhos do dia a dia não estão nas ruas de Roma — estão no nosso bolso digital
Se você viveu os últimos dois anos na internet, certamente já ouviu a italiana que grita “Attenzione pickpocket!” em meio à multidão, denunciando batedores de carteira nas ruas da Europa. O vídeo virou meme mundial — meio engraçado, meio educativo — e, confesso, toda vez que vejo, penso que poderia gritar isso pra mim mesmo.
Porque, no meu caso, os ladrões não estão nas praças italianas, mas nos aplicativos do meu celular. São eles que, com a maior elegância, tiram uns trocados daqui, uma taxa dali, e no fim do mês levam uma parte considerável do meu orçamento. Delivery, streaming, transporte por aplicativo… cada um com seu jeitinho discreto de meter a mão na minha carteira digital.
Vira e mexe, sou vítima desses pickpockets invisíveis. E sempre vem o mesmo roteiro: o “só hoje” do pedido de comida, a corrida de carro que custou o triplo do ônibus,, a assinatura que eu nem lembrava que existia. Tudo embalado com a desculpa moderna da “conveniência”. Conveniente pra quem, né?
Esses ladrõezinhos sabem ser sutis. Eles não arrancam a carteira do seu bolso, mas da sua consciência financeira. E, quando você percebe, já foi: o saldo evaporou, e o extrato parece um obituário das suas boas intenções.
Pra tentar sobreviver à próxima leva de golpes (legais, porém cruéis), deixo três dicas de sobrevivência:
- Revise suas assinaturas mensais. Todo mês, tem uma ou duas que você esqueceu e continua pagando. Cancele sem dó.
- Compare preços antes de pedir. Às vezes, o delivery custa o dobro do prato presencial — e o sabor da economia é bem melhor.
- Reabilite o transporte público. Além de economizar, você ganha histórias, paisagens e talvez até um tempinho pra pensar em como gastar menos.
Moral da história: attentzione, meu caro. Porque o verdadeiro ladrão hoje não usa capuz nem canivete. Usa login e senha.









