Entenda por que o indicador EBIT/Dívida Líquida é decisivo para medir a saúde financeira e o risco oculto das empresas antes de investir
Investir em ações vai muito além de escolher empresas com bons produtos ou marcas reconhecidas.
O verdadeiro desafio está em entender a saúde financeira das companhias — e, principalmente, o quanto elas dependem de endividamento para gerar resultados.
Neste espaço, quero compartilhar de forma simples, prática e com embasamento técnico, os principais conceitos que utilizamos na MSX para selecionar as melhores oportunidades de investimento.
E para começar, o tema de hoje é um dos mais importantes (e muitas vezes esquecidos) da análise fundamentalista: o tamanho da dívida de uma empresa.
Aliás, gravei alguns vídeos no meu canal mostrando as empresas mais endividadas da Bolsa com base nesse conceito que vamos discutir aqui — um indicador que usamos internamente na MSX para medir o risco real das companhias e entender o quanto o investidor está, de fato, exposto à alavancagem financeira.
Para recordar, o EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) representa o lucro operacional da empresa — o quanto ela gera de resultado com suas atividades principais, antes de juros e impostos.
Já a Dívida Líquida mostra o total de dívidas após descontar o caixa disponível.
Ou seja, o endividamento efetivo da empresa.
Quando relacionamos um com o outro, obtemos um indicador poderoso: EBIT / Dívida Líquida = quantos “anos” de lucro operacional seriam necessários para pagar toda a dívida líquida da empresa.
Esse indicador mostra a capacidade da empresa de honrar suas dívidas com o resultado operacional que gera.
- EBIT/Dívida Líquida alto: a empresa gera muito lucro em relação à dívida.
➜ Sinal de folga financeira e menor risco. - EBIT/Dívida Líquida baixo: o lucro é pequeno diante do tamanho da dívida.
➜ Indica maior alavancagem e vulnerabilidade em cenários desafiadores.
Um exemplo simples:
Se uma companhia tem EBIT de R$ 1 bilhão e dívida líquida de R$ 2 bilhões, o indicador é 0,5x — ou seja, ela precisaria de dois anos de lucro operacional para quitar tudo.
Já uma empresa com EBIT/Dívida Líquida de 2x teria caixa suficiente em meio ano, revelando uma posição financeira bem mais sólida.
Enquanto muitos investidores olham apenas para o preço da ação, o EBIT/Dívida Líquida mostra o tamanho do risco que não aparece no gráfico.
Como ensina o professor Aswath Damodaran (2012), referência mundial em valuation, “a dívida só é um problema quando o lucro operacional não é suficiente para suportá-la”.
Já Stephen Penman (2013) destaca que a análise de solvência é essencial para entender o valor justo de um ativo, pois o risco de não pagamento afeta diretamente o custo de capital e o valor presente da empresa.
Em resumo: a dívida pode alavancar o crescimento, mas também pode destruir valor se o lucro não acompanhar.
Na MSX aprimoramos esse conceito tradicional com o que chamamos de Indicador MSX de Alavancagem Ajustada (IMA).
Nosso modelo considera o ciclo econômico, a qualidade do lucro operacional e o contexto setorial para avaliar, de forma mais precisa, o risco que cada empresa pode enfrentar nos próximos trimestres.
O EBIT/Dívida Líquida é mais do que um número — é uma forma de enxergar a sustentabilidade financeira e o risco de longo prazo de uma companhia.
E neste estudo exclusivo temos as “piores” empresas utilizando este indicador.

Empresas sólidas conseguem atravessar crises e capturar oportunidades quando o mercado mais precisa delas.
Por isso, antes de investir, sempre pergunte:
“Essa empresa gera caixa suficiente para pagar o que deve?”
Nos próximos artigos, vamos continuar explorando conceitos que ajudam o investidor a tomar decisões conscientes e rentáveis, com base em análise técnica, fundamento e experiência prática.









