BYD e GWM afirmam que produção segue normal, enquanto Anfavea alerta para risco de paralisações por falta de semicondutores
As montadoras chinesas instaladas no Brasil — BYD e GWM — garantem que não enfrentam os efeitos da crise global dos semicondutores, ao contrário do restante da indústria automotiva. Em entrevista ao InfoMoney, ambas afirmaram que mantêm o ritmo normal de produção e não preveem impactos no abastecimento de componentes eletrônicos.
Por outro lado, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) alertou que várias montadoras já enfrentam estoques reduzidos. A entidade estima risco de paralisações em até três semanas, caso o fornecimento de chips continue limitado. Assim, o contraste entre as operações das chinesas e das demais fabricantes do país torna-se ainda mais evidente.
Estratégia de integração reduz dependência
A BYD afirmou que seu modelo de integração vertical é o principal fator que garante estabilidade. Segundo a empresa, produzir internamente a maior parte dos componentes essenciais minimiza a dependência de fornecedores externos. Essa estrutura, portanto, oferece maior controle da cadeia e reduz vulnerabilidades diante da escassez global de semicondutores.
Enquanto isso, a GWM informou que seu fornecimento é controlado diretamente pela matriz chinesa. O modelo de logística integrada, de acordo com a companhia, assegura previsibilidade e evita gargalos localizados. Essa combinação de gestão centralizada e parcerias estratégicas tem sido uma das chaves do sucesso das marcas chinesas no Brasil.
Parcerias reforçam a cadeia tecnológica
Além da integração vertical, a GWM também mantém acordos com empresas do setor de tecnologia. Conforme o InfoMoney, a montadora possui parceria com a Horizon Robotics, fabricante chinesa de chips para veículos inteligentes, e adquiriu a Wuxi Xindong, empresa especializada em semicondutores. Esses movimentos fortalecem sua capacidade produtiva e reduzem o impacto de crises internacionais.
Ao mesmo tempo, muitas concorrentes permanecem vulneráveis. Fabricantes que dependem fortemente de importações sofrem com atrasos logísticos e aumentos de custo. A empresa Nexperia, fornecedora de grande parte dos chips usados pelo setor automotivo mundial, enfrenta incertezas devido a tensões geopolíticas — o que amplia o risco de escassez e reforça a vantagem competitiva das chinesas.
Efeitos competitivos no mercado brasileiro
Com fornecimento estável e produção contínua, BYD e GWM tendem a ampliar sua fatia de mercado. A manutenção do cronograma de montagem, enquanto concorrentes enfrentam paralisações, gera ganhos de reputação e de eficiência. Além disso, a estabilidade de produção reduz custos operacionais e fortalece o posicionamento das marcas nos segmentos de carros elétricos e híbridos.
Por consequência, o cenário cria uma disputa assimétrica dentro do setor automotivo nacional. Enquanto algumas empresas ainda tentam reorganizar suas cadeias de suprimento, as chinesas aceleram planos de expansão e ampliam investimentos no país.
Perspectivas e riscos
Mesmo diante da vantagem momentânea, o setor de semicondutores segue sujeito a oscilações internacionais. Conflitos comerciais e restrições logísticas continuam capazes de afetar a produção. Ainda assim, o nível de autonomia das montadoras chinesas oferece uma proteção relevante contra choques de oferta.
Portanto, a estratégia das empresas asiáticas no Brasil demonstra que controle de cadeia e inovação tecnológica são fatores decisivos para atravessar períodos de incerteza. Se conseguirem manter esse ritmo, BYD e GWM podem redefinir o equilíbrio competitivo do mercado automotivo nacional.









