Relatório aponta espaço para valorização de XP, BTG e B3 com queda gradual dos juros no Brasil
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O Morgan Stanley revisou suas projeções para o mercado brasileiro e recomendou investir em ações de bancos e corretoras. O banco de investimento acredita que o Banco Central poderá iniciar um novo ciclo de corte de juros em março de 2026, reduzindo a Selic de cerca de 15% para 11,5% ao fim de 2026. Essa mudança, segundo o relatório, criaria um ambiente favorável para companhias com forte alavancagem operacional e exposição ao crédito.
De acordo com a Bloomberg Línea, o Morgan Stanley considera que o ciclo de afrouxamento monetário deve ocorrer de forma gradual, já que o Banco Central ainda monitora riscos fiscais e persistência inflacionária. No entanto, o banco entende que as condições estão amadurecendo para uma política menos restritiva — o que pode destravar valorização nas ações do setor financeiro.
Ações recomendadas e lógica da escolha
O relatório cita XP Inc., BTG Pactual (BPAC11) e B3 (B3SA3) como as principais recomendações de compra. Segundo o Morgan Stanley, essas empresas tendem a se beneficiar de maior volume de investimentos, aumento na intermediação financeira e recuperação de margens à medida que os juros recuam. Além disso, o cenário de crédito mais estável pode estimular captações no mercado de capitais e melhorar o desempenho das plataformas de investimento.
O banco avalia que o BTG Pactual se destaca por manter retorno sobre o patrimônio (ROE) consistente, mesmo com juros altos. A B3, por sua vez, deve capturar o efeito positivo da maior entrada de investidores estrangeiros, enquanto a XP tende a expandir receitas de assessoria e distribuição de fundos.
Contexto macroeconômico e timing dos cortes
Embora o otimismo exista, o relatório ressalta que o Banco Central ainda deve manter a Selic estável até o fim de 2025. Isso porque a inflação de serviços continua resistente e o consumo interno segue aquecido. Ainda assim, a expectativa é que os indicadores mostrem desaceleração no início de 2026, permitindo a reversão do ciclo.
Conforme a Bloomberg Línea, o Morgan Stanley estima que os fundos de ações brasileiros possam receber até US$ 14 bilhões em novos aportes com o início dos cortes. Caso investidores estrangeiros aumentem a exposição ao país, o fluxo pode alcançar US$ 40 bilhões. Esse movimento ampliaria a liquidez do mercado e impulsionaria papéis sensíveis a juros.
Riscos e fatores de atenção
Apesar da perspectiva positiva, o relatório alerta que riscos fiscais e volatilidade global podem atrasar a queda dos juros. O desempenho dos ativos também depende da estabilidade política e da trajetória das contas públicas. Por isso, o Morgan Stanley mantém tom prudente, recomendando posições graduais e foco em companhias com boa governança e balanço sólido.
A análise reforça ainda que os cortes de juros devem ocorrer de forma lenta, para evitar pressões sobre o câmbio. Assim, investidores devem priorizar empresas capazes de gerar lucro mesmo com crédito restrito e volatilidade cambial.
O que acompanhar nos próximos meses
Os analistas sugerem observar três sinais principais:
- As próximas decisões do Copom e eventuais mudanças na comunicação do Banco Central.
- Os dados de inflação de serviços e emprego formal, que indicarão espaço real para cortes.
- O comportamento do fluxo estrangeiro na B3, já que ele influencia diretamente a liquidez e a precificação dos ativos.
Para o Morgan Stanley, a combinação de juros menores, fundamentos sólidos e retomada dos investimentos externos pode marcar o ponto de virada do mercado de capitais brasileiro.








