Encontro à margem da cúpula da ASEAN marca tentativa de reaproximação entre Brasil e Estados Unidos após meses de tensão diplomática
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o norte-americano Donald Trump se encontraram neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da ASEAN. Segundo informações do G1, o encontro teve como foco a retomada das relações bilaterais e a redução de tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.
De acordo com a Reuters, ambos concordaram em criar grupos de trabalho para discutir soluções imediatas no comércio exterior e destravar setores atingidos por sanções. O presidente americano afirmou acreditar que “podem surgir bons negócios para ambos os países”, enquanto Lula defendeu uma agenda de “respeito e cooperação” entre as duas economias.
Tarifas e contexto político
O diálogo ocorre após uma escalada nas tensões comerciais entre os dois países. Em agosto, os Estados Unidos aumentaram tarifas sobre produtos brasileiros de 10% para 50%, citando supostas interferências políticas. Lula classificou a medida como um “erro de avaliação”, enquanto Trump afirmou que a decisão respondia a políticas “desleais” adotadas pelo Brasil.
Ainda assim, o encontro na Malásia sinaliza uma tentativa de descongelar a relação diplomática, abalada desde a reeleição do presidente brasileiro. Segundo a Reuters, o gesto também reflete o interesse dos EUA em conter a crescente presença comercial da China no Sudeste Asiático e na América Latina.
O que foi discutido na reunião
Durante o encontro, as delegações concordaram em avaliar tarifas agrícolas e industriais e buscar um memorando de entendimento para reverter sanções sobre produtos brasileiros. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro americano participaram das conversas, reforçando o peso econômico da pauta.
Lula propôs um cronograma de reuniões bilaterais com foco em exportações de carne e aço, além de investimentos em energia renovável. Trump, por outro lado, pediu reciprocidade e defendeu medidas de “proteção justa” para produtores americanos. Ainda segundo o G1, as equipes técnicas devem começar a trabalhar já na próxima semana.
Repercussão e próximos passos
O encontro foi recebido com cautela pelo mercado internacional, mas analistas veem o gesto como um primeiro passo para aliviar o clima diplomático. Segundo a Reuters, negociações tarifárias podem ser retomadas até dezembro, abrindo espaço para acordos em 2026.
Além disso, o diálogo reforça a importância da cooperação entre as duas maiores economias do hemisfério ocidental. Caso avance, o entendimento pode reduzir barreiras comerciais, ampliar exportações brasileiras e melhorar o fluxo cambial. Ainda assim, persistem riscos políticos — sobretudo se o Congresso dos EUA resistir a rever tarifas.
O que acompanhar daqui pra frente
- Definição de cronograma técnico entre os ministérios da economia de Brasil e EUA.
- Anúncio de um memorando de entendimento, possivelmente durante a próxima reunião do G20.
- Reações de setores produtivos, especialmente os de commodities e siderurgia.
- Impacto geopolítico, já que a aproximação ocorre em meio à disputa comercial entre EUA e China.
O diálogo em Kuala Lumpur simboliza uma reaproximação pragmática entre Lula e Trump. Embora ainda envolto em incertezas, o encontro abre espaço para uma nova fase de negociações bilaterais e mostra que Brasil e Estados Unidos voltam a falar a mesma língua — a do comércio.
FOTO: Ricardo Stuckert/PR









