Expansão da produção vegetal provoca desequilíbrio entre biocombustível e mercado sucroalcooleiro
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O boom do etanol produzido a partir de milho no Brasil elevou a concorrência contra a cadeia tradicional da cana-açúcar. De acordo com a reportagem da Bloomberg Línea, usinas que historicamente alternavam entre açúcar e etanol agora enfrentam cenário novo: com a forte produção do biocombustível à base de milho, elas destinam mais cana-açúcar à produção de açúcar, o que pressiona os preços do adoçante e reduz margens do setor sucroalcooleiro.
Além disso, o relatório indica que o etanol de milho poderá representar até 32% da produção de biocombustível na safra que começa em abril, ante 23% na safra atual. Em contraste, os preços do açúcar registraram o menor nível em quatro anos em consequência do excesso de oferta. A mudança destaca os desafios para empresas como Raízen e São Martinho, que antes navegavam entre os dois produtos conforme o mercado.
Impacto para a indústria canavieira
Com o avanço do milho, as usinas de cana ficam em situação mais delicada. Elas precisam optar majoritariamente pela produção de açúcar — mesmo com margens mais baixas — e sem a cobertura do mercado de etanol que antes oferecia alívio financeiro. Assim, as usinas ficam mais vulneráveis a custos elevados de insumos e variações cambiais.
Analistas destacam que esse movimento pode alterar a dinâmica de investimentos do setor sucroalcooleiro. Empresas podem adiar expansões ou rever parcerias, enquanto fornecedores de cana-açúcar podem enfrentar menor demanda ou remuneração. Portanto, o impacto não se limita ao açúcar: toda a cadeia produtiva da cana pode sentir o efeito.
O que observar daqui pra frente
- A proporção da produção de etanol de milho versus cana registrada na safra 2026 e os efeitos sobre o açúcar.
- A reação das usinas seniores quanto aos investimentos em plantas de etanol de milho ou adaptação de produção.
- A evolução dos preços internacionais de açúcar e se a queda continua.
- Possíveis incentivos ou políticas governamentais que favoreçam um biocombustível em detrimento do outro.
Esse novo cenário mostra que mudanças de matéria-prima — como a migração para milho — geram impacto real no setor agroindustrial e na economia brasileira. Por isso, investidores e gestores devem monitorar atentamente para identificar quem se adapta rápido — e quem pode ficar para trás.









