Ao longo da história econômica, poucas medidas têm o poder de transformar um país quanto a abertura ao fluxo de capitais. Mais do que um mecanismo de atração de investimentos, a livre mobilidade de capitais atua como um verdadeiro termômetro da credibilidade e eficiência das políticas públicas. Ela recompensa governos responsáveis e pune, de forma natural, os que se afastam da boa gestão econômica.
A entrada de capital estrangeiro estimula o investimento produtivo, amplia a concorrência e aumenta a eficiência das empresas. Ao mesmo tempo, contribui para o equilíbrio cambial e o controle da inflação. No entanto, para que essa engrenagem funcione, é essencial que o país ofereça um ambiente de confiança, previsibilidade e segurança jurídica. Sem esses pilares, o capital simplesmente não permanece.
A credibilidade é o ativo mais valioso de uma nação. É ela que sustenta o crescimento de longo prazo, garante o fluxo constante de investimentos e protege o país contra crises de confiança globais. O desafio das economias emergentes, como o Brasil, é romper o ciclo vicioso de instabilidade. Em tempos de bonança, o capital entra com força, mas ao menor sinal de incerteza, ele sai em fuga, provocando desvalorização cambial, alta da inflação e descontrole fiscal.
Durante o Plano Real, o Brasil iniciou um processo de abertura financeira que foi fundamental para a estabilização da moeda e o início de uma nova fase de crescimento. Mesmo com altos e baixos, o país começou a se integrar ao sistema financeiro global. Nos anos 2000, as políticas liberalizantes continuaram, ainda que com menor intensidade. Porém, a partir do governo Dilma Rousseff, houve um retrocesso com a adoção de medidas restritivas e aumento de tarifas. O discurso de proteção da economia nacional em conjunto com a série de eventos de corrupção acabou por afastar o capital estrangeiro e enfraqueceu a confiança no país.
As consequências foram previsíveis e desastrosas. O intervencionismo e as barreiras ao fluxo de capitais minaram a credibilidade conquistada e levaram a economia à estagnação. Só com as reformas iniciadas no governo Temer o Brasil começou a recuperar parte da confiança perdida. O avanço das reformas liberais aproximou o país dos padrões da OCDE, abrindo espaço para um novo ciclo de crescimento. Infelizmente, as recentes mudanças de direção voltaram a criar incertezas e aumentaram o custo de investir no Brasil, deixando a economia novamente vulnerável.
Hoje, o país continua exposto a choques externos porque ainda não consolidou sua imagem de economia previsível e segura. A desconfiança global se traduz em juros mais altos, câmbio volátil e menor crescimento. O caminho para romper esse ciclo está em fortalecer as instituições, garantir estabilidade nas regras e reafirmar o compromisso com a livre mobilidade de capitais.
A abertura financeira não é apenas uma escolha técnica, é uma decisão estratégica. Ela sinaliza ao mundo que o Brasil quer jogar entre as grandes economias, com responsabilidade, transparência e visão de longo prazo. Só assim deixaremos de ser reféns do capital especulativo e passaremos a atrair o investimento produtivo que gera emprego, inovação e prosperidade.









