Decisão de trading norte-americana revela impactos imediatos da nova política tarifária de Donald Trump e preocupa produtores do Brasil
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Uma das principais importadoras norte-americanas de café começou a redirecionar embarques do produto brasileiro para o Canadá a fim de escapar das novas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. A medida, divulgada neste sábado (1º) pelo G1, ocorre após os Estados Unidos elevarem as tarifas de importação de café verde em até 25%, dentro do pacote de retaliações comerciais adotado contra o Brasil.
A decisão da empresa, cuja identidade não foi revelada, afeta diretamente os exportadores brasileiros, já que os Estados Unidos são o segundo maior destino do café nacional, atrás apenas da Alemanha. Ao transferir parte dos lotes para o território canadense, a companhia pretende manter o volume de compras e reduzir custos logísticos, operando com menor impacto tributário.
Impacto no agronegócio brasileiro
O redirecionamento do café brasileiro evidencia a pressão imediata sobre o agronegócio nacional, que já enfrenta margens apertadas devido à valorização do real e ao aumento de custos de produção. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a tarifa norte-americana pode reduzir em até US$ 400 milhões as receitas anuais do setor, caso as restrições persistam até o fim de 2025.
Exportadores afirmam que a medida cria insegurança jurídica e pode comprometer contratos futuros. O café brasileiro, que representa cerca de 30% das exportações mundiais do grão, perde competitividade diante de produtores da Colômbia, do Vietnã e de países africanos, que mantêm tarifas estáveis ou acordos preferenciais com Washington.
Reação diplomática e riscos comerciais
O Itamaraty acompanha o caso e estuda abrir consultas formais com os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC). Técnicos do governo brasileiro avaliam que as novas alíquotas violam cláusulas do acordo bilateral de 2019 e podem caracterizar práticas protecionistas injustificadas.
Enquanto isso, o Canadá surge como alternativa estratégica de destino para o café brasileiro, já que o país mantém acordo comercial com o Mercosul e aplica tarifas inferiores a 5%. A tendência, segundo analistas de comércio exterior, é que o Brasil fortaleça parcerias com torrefadoras e distribuidoras canadenses para compensar a perda de mercado nos Estados Unidos.
Perspectivas e desafios
Apesar da movimentação rápida das tradings, especialistas alertam que a substituição do mercado americano não será simples. O consumo de café nos Estados Unidos supera 25 milhões de sacas por ano, o triplo do volume canadense. Assim, mesmo que o Canadá absorva parte das cargas desviadas, o impacto econômico sobre os produtores brasileiros tende a ser expressivo.
No curto prazo, exportadores apostam em renegociações de contratos e em incentivos governamentais para mitigar perdas. No longo prazo, o setor espera que o Brasil busque novas frentes de exportação e retome o diálogo diplomático com Washington.









