Levantamento questiona o princípio de descentralização e acende alerta sobre governança e transparência no ecossistema cripto
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Um relatório divulgado pelo Money Times revelou que 16 blockchains possuem linhas de código capazes de congelar fundos de usuários, contrariando o princípio de descentralização total que orienta o setor de criptomoedas. O estudo, conduzido pelo Lazarus Security Lab (vinculado à corretora Bybit), examinou 166 redes blockchain e encontrou mecanismos ocultos de intervenção em menos de 10% delas.
O que o relatório descobriu
De acordo com o levantamento, as blockchains analisadas foram classificadas em três grupos principais:
- Congelamento embutido no código (“hardcoded”) — presente diretamente na estrutura da blockchain, permitindo que administradores travem contas ou movimentações. Entre as redes citadas estão Chiliz (CHZ), BNB Chain e VeChain.
- Congelamento baseado em configuração — controlado por validadores ou fundações, caso de redes como Aptos, Sui, EOS e Waves.
- Congelamento via contratos inteligentes (on-chain) — executado a partir de smart contracts específicos, como ocorre na HECO (Huobi Eco Chain).
Segundo o relatório, a existência desses comandos representa uma contradição técnica e ética: embora justificados como ferramentas de segurança contra ataques e fraudes, eles abrem margem para centralização de poder e intervenções arbitrárias.
Riscos para investidores e usuários
Para o investidor de criptoativos, a descoberta reforça a importância de avaliar o nível de governança e transparência das redes em que se investe. Blockchains com códigos de congelamento podem, em tese, bloquear ou restringir transações sem aviso prévio, comprometendo a liquidez e a autonomia financeira do usuário.
Especialistas citados pelo Money Times alertam que a presença desses mecanismos pode ainda facilitar a ação de reguladores ou autoridades judiciais, transformando o espaço cripto em um ambiente parcialmente controlado — algo distante da filosofia original do Bitcoin.
A fronteira entre segurança e descentralização
Os autores do estudo reconhecem que algumas redes mantêm funções de congelamento para casos emergenciais, como roubos, bugs ou brechas em contratos inteligentes. No entanto, a falta de transparência sobre quem tem acesso a essas ferramentas é vista como um risco grave para a confiança do mercado.
Com a crescente adoção institucional e o avanço de regulamentações no mundo todo, o relatório sugere que o futuro das criptomoedas dependerá do equilíbrio entre segurança, privacidade e descentralização.
Enquanto isso, o debate sobre governança blockchain ganha força: até que ponto uma rede pode ser considerada descentralizada se há “chaves” que permitem congelar transações?
A resposta, dizem os analistas, definirá o rumo da próxima geração de blockchains — e da própria credibilidade do mercado cripto.









