A CVC (CVCB3) divulgou nesta quarta-feira (12) o balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25) e indicou que deve diminuir o ritmo de expansão física no próximo ano. A decisão vem após um ciclo de crescimento acelerado, com aproximadamente 200 novas lojas inauguradas no Brasil e na Argentina ao longo de 2025.

O mercado reagiu mal: as ações da companhia caíam 8,33%, cotadas a R$ 1,87, revertendo parte da forte alta registrada na véspera — quando os papéis haviam subido cerca de 11%, acompanhando a queda dos juros futuros.

Por que a CVC vai abrir menos lojas?

Durante teleconferência com analistas, o CEO Fábio Godinho afirmou que a empresa pretende reduzir o ritmo de aberturas em 2026.

“Mantemos o guidance de cerca de 200 lojas em 2025, mas no próximo ano o número deve ser um pouco menor”, afirmou o executivo.

Segundo Godinho, o interesse dos franqueados segue forte, principalmente em cidades pequenas e médias, onde o risco de canibalização é menor. A empresa mapeou 2 mil potenciais localidades com até 15 mil habitantes para futuras unidades, reforçando sua presença no interior.

Resultados do 3º trimestre mostram avanço no lucro

No trimestre, a CVC reportou lucro líquido ajustado de R$ 62,5 milhões, alta de 35,6% em relação ao mesmo período de 2024. O Ebitda ajustado alcançou R$ 130,5 milhões, com crescimento de 4,7% e margem de 34,6%, o melhor desempenho desde 2019.

Apesar dos números positivos, parte do mercado esperava um resultado ainda mais forte. Segundo o Itaú BBA, o desempenho foi prejudicado pelo segmento B2C (vendas diretas ao consumidor), enquanto o fluxo de caixa livre foi o destaque positivo, impulsionado por melhorias nas contas a receber.

O que dizem os analistas sobre o balanço da CVC?

O Santander classificou o resultado como em linha com as expectativas, destacando o controle de custos da companhia, embora a receita líquida tenha ficado 3% abaixo do consenso. As reservas cresceram 15,4%, mas a taxa de comissão recuou para 8,6%.

O Itaú BBA reforçou que a rentabilidade ainda sofre pressão do maior gasto com marketing no Brasil e que os investidores devem focar, a partir de agora, na capacidade da empresa de reduzir sua alavancagem.

O Santander mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 2,50, enquanto o BBA segue otimista, projetando R$ 3 por ação.

Perspectivas: viagens, cruzeiros e cenário aéreo

Apesar da cautela com a expansão física, o CEO afirmou ter uma visão positiva para o quarto trimestre, especialmente no mercado de viagens internacionais.

Godinho também destacou a expectativa de maior crescimento das companhias aéreas Gol e Latam em 2026, em comparação à Azul — que ainda enfrenta processo de recuperação judicial.

“Temos uma relação muito próxima com Gol e Latam, o que reforça nossa posição no mercado”, afirmou o executivo.

No setor marítimo, o executivo revelou que três novas companhias de cruzeiros demonstraram interesse em operar no Brasil a partir de 2026, o que deve ampliar a oferta e impulsionar as vendas. A CVC, hoje, responde por um terço das vendas de cruzeiros no país.

A CVC vive um momento de ajuste entre crescimento e rentabilidade. Embora o lucro e o Ebitda tenham avançado, a decisão de frear a abertura de lojas indica uma estratégia voltada à eficiência operacional e sustentabilidade financeira.

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