A discussão sobre a meta fiscal de 2025 voltou ao centro do debate econômico depois que o Ministério da Fazenda revisou para baixo a previsão de crescimento do PIB e atualizou as projeções de inflação e déficit. Embora o governo insista que o plano fiscal permanece “sob controle”, técnicos reconhecem que alguns parâmetros podem precisar ser revistos até dezembro para evitar turbulências no início de 2026.
O novo Boletim Macrofiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE) indica que o PIB deve crescer 2,2% em 2025, abaixo dos 2,3% previstos. Já o IPCA caiu de 4,8% para 4,6%, ainda acima do teto da meta. Mesmo com a desaceleração, o Ministério afirma que o país seguirá crescendo, puxado pelo agronegócio e por setores ligados à exportação e tecnologia.
Crescimento menor e inflação alta: o que isso muda na meta fiscal?
Em primeiro lugar, a revisão ocorre em um momento em que a economia já sente os efeitos da Selic a 15% ao ano.
Com crédito mais caro e renda desacelerando, famílias e empresas reduzem gastos — e isso diminui a arrecadação federal. O boletim deixa claro que essa “fumaça” já estava no radar:
“A desaceleração já era esperada, refletindo efeitos defasados da política monetária restritiva”, diz a SPE.
Mesmo com a economia mais lenta, alguns setores avançam. A agropecuária teve revisão de crescimento de 8,3% para 9,5%, enquanto indústria e serviços sofreram pequenos ajustes negativos.
Esse cenário — combinação de PIB menor, inflação ainda resistente e juros altos — coloca pressão sobre o cumprimento da meta fiscal de 2025, que admite um déficit ajustado de até R$ 30,97 bilhões.
A previsão atualizada do governo indica um déficit de R$ 27,38 bilhões, tecnicamente dentro da meta.
Mas a margem é pequena — e suscetível a mudanças.
O que o governo pode rever até dezembro?
Internamente, técnicos discutem três frentes:
1. Revisão das receitas esperadas
Com exportações para os EUA em queda e atividade doméstica mais fraca, a arrecadação pode ser revisada para baixo.
2. Ajustes em despesas discricionárias
Em segundo lugar, para não romper o limite fiscal, ministérios podem sofrer contingenciamentos adicionais.
3. Atualização dos parâmetros macroeconômicos
Se a inflação recuar mais que o previsto — especialmente se a bandeira tarifária de energia for verde — há espaço para aliviar parte do gasto indexado.
A própria SPE admite:
“Se a bandeira de energia for verde em dezembro, cresce a chance de inflação dentro da meta.”
Dívida pública tem leve melhora, mas cenário internacional preocupa
A projeção da dívida bruta recuou para 79,5% do PIB, um pouco abaixo da estimativa anterior.
Mesmo assim, o governo segue cauteloso. O boletim destaca que 2026 deve registrar desaceleração global, agravada por tensões entre Estados Unidos e China.
As exportações já refletem parte desse quadro: queda de 25% para os EUA, apesar da alta de 6,4% no total, puxada por China e Argentina.
O Plano Brasil Soberano, que liberou R$ 7,1 bilhões em crédito para exportadoras, tem sido usado como amortecedor dessa volatilidade internacional.
E como ficam as contas de 2026?
Por fim, o déficit previsto para o próximo ano caiu para R$ 75,4 bilhões, melhora de R$ 6,4 bilhões frente à estimativa anterior.
A dívida deve alcançar 83,7% do PIB, uma leve redução em relação às projeções iniciais.
No PLOA 2026, o governo promete um superávit primário de 0,25% do PIB — uma meta ambiciosa, especialmente diante do cenário atual.
💡 Quer entender os próximos ajustes que podem mexer com a economia até dezembro? Continue navegando pelo Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQs)
A meta fiscal de 2025 já está comprometida?
Não. O déficit previsto está dentro do limite permitido, mas a margem é pequena e pode mudar até dezembro.
Por que o governo reduziu a previsão de crescimento?
Por causa dos efeitos acumulados dos juros altos, do crédito mais caro e da desaceleração da renda.
A inflação pode voltar ao limite da meta?
Sim. Se a bandeira tarifária de energia for verde, o IPCA pode ficar dentro do intervalo oficial.
As exportações preocupam?
As vendas para os EUA caíram, mas outros mercados compensaram parcialmente a perda.
O governo pode mudar a meta fiscal ainda este ano?
Tecnicamente, sim. Mas a Fazenda sinaliza que tentará manter a meta atual.
Como ficam as contas de 2026?
O déficit estimado diminuiu e a dívida deve subir um pouco menos do que o previsto inicialmente.









