A SEMANA QUE PASSOU
Confiança
Começamos a semana com o Índice de Confiança do Consumidor do Conference Board, que caiu 1,0 ponto em outubro, para 94,6, ante 95,6 em setembro. Em linhas gerais, a visão dos consumidores sobre as condições atuais dos negócios melhorou, enquanto sua avaliação da disponibilidade atual de empregos também melhorou pela primeira vez desde dezembro de 2024. Por outro lado, os consumidores se mostram um pouco mais pessimistas quanto à disponibilidade futura de empregos e às condições futuras dos negócios, enquanto o otimismo quanto à renda futura recuou ligeiramente.
O dado teve pouca influência no mercado como um todo e, segundo Stephanie Guichard, Economista Sênior do Conference Board:
“A confiança do consumidor oscilou lateralmente em outubro, recuando apenas ligeiramente em relação ao nível revisado para cima de setembro”.
Fonte: The Conference Board, 28/out/2025
Juros e o Fed
Mas o grande evento econômico da semana era a decisão de juros americana. Tal qual amplamente esperado, o comitê de política monetária americana (FOMC) anunciou um corte de 0,25 p.p. em sua taxa de referência da economia (FedFunds Rate) para um intervalo entre 3,75% e 4,00%.
Mais uma vez, o Fed ressaltou certa desaceleração da economia com riscos para o mercado de trabalho, ainda que tenha endereçado que observa uma inflação que ainda é um problema. Nos chamou atenção três pontos no comunicado que acompanha a decisão:
1. O Fed reconheceu as incertezas vigentes para a tomada de decisão em um ambiente de dados restrito por conta do shutdown;
2. Mais uma vez, NÃO tivemos uma decisão unânime, com um dirigente votando a favor de um corte maior de juros e outro pela manutenção da taxa de juros;
3. O Fed anunciou uma data formal para o fim de seu aperto quantitativo (1º de dezembro), programa que reduziu em cerca de US$ 2,3 trilhões o portfólio de títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas do Fed.
Além da decisão, tivemos a entrevista com o presidente do Fed, Jerome Powell, após o anúncio do corte, na qual podemos destacar:
Fonte: Bloomberg.com 29/out/2025
• Inflação: Preços têm sofrido alguma influência de tarifas, mas o Fed entende que essa pressão sobre preços tende a ser passageira. Segundo Powell, excluindo as tarifas, a inflação não parece tão ruim: “a inflação, sem considerar as tarifas, não está tão longe da nossa meta de 2%”, disse ele na coletiva de imprensa. Ele adicionou ainda: “a questão da inflação tarifária é que, no cenário base, ela virá e provavelmente aumentará ainda mais, mas será um aumento pontual”. Por outro lado, ele comentou que as expectativas inflacionárias se elevaram.
• Mercado de trabalho: Segundo Powell, apesar da falta de dados por conta do shutdown do governo americano, as evidências disponíveis sugerem que tanto as demissões quanto as contratações permanecem baixas, e que tanto a percepção das famílias sobre a disponibilidade de empregos quanto a percepção das empresas sobre a dificuldade de contratação continuam a diminuir. Em suma, ele ressaltou um mercado de trabalho menos dinâmico, que eleva os riscos de queda para o emprego.
A frase mais importante da entrevista com o presidente do Fed foi: “rate cut in december is far from foregoneconclusion“, ou seja, um corte de juros em dezembro não é uma decisão já tomada ou decidida.
Comentando sobre os próximos movimentos de juros, Powell citou que a decisão acerca da reunião do comitê em dezembro está longe de ter sido tomada ou definida. Ele ressaltou ainda que existem diferentes visões entre os dirigentes do Fed acerca do caminho a ser seguido em termos de cortes de juros. Comentou também que há uma crescente sensação entre os formuladores de políticas de que talvez seja hora de fazer uma pausa e avaliar o impacto dos dois cortes realizados pelo Fed antes de tomar novas medidas.
Tais comentários elevaram os yields dos títulos de dívida americana, levaram o índice dólar à alta e afetaram negativamente o mercado de ações.
Encontro entre Trump e Xi Jinping
Fonte: Bloomberg.com 31/out/2025
Para além da economia, o tão aguardado encontro entre os presidentes dos EUA e China aconteceu nessa semana que passou. Depois de muita expectativa em torno do que seria anunciado, a verdade é que o que vimos foi uma espécie de trégua temporária, com ambos os países buscando ganhar tempo na busca pelos seus interesses. Entre os principais tópicos definidos no âmbito dessa reunião, podemos destacar:
• Acordo de Trégua de Um Ano: EUA e China concordaram com uma pausa temporária na guerra comercial, suspendendo escaladas por 12 meses.
• Reduções de Tarifas: EUA reduzem tarifas gerais sobre bens chineses de 57% para 47%, incluindo a redução pela metade das tarifas relacionadas ao fentanil de 20% para 10%; abandonam ameaças de 100% sobre importações selecionadas.
• Compras Agrícolas: China se compromete a retomar compras em grande escala de produtos agrícolas dos EUA, incluindo 12 milhões de toneladas métricas de soja imediatamente.
• Terras Raras: China adia controles de exportação sobre minerais de terras raras por um ano, aliviando preocupações com cadeias de suprimentos dos EUA.
• Taxas de Transporte: Ambos os lados interrompem as taxas retaliatórias em portos e navios por 12 meses para estabilizar o comércio global.
• Investigações em Andamento: EUA continuarão a investigação sobre práticas de construção naval chinesas, podendo levar a tarifas futuras; discussões sobre a venda do TikTok persistem, mas sem resolução.
Panorama dos Resultados Corporativos
Outro evento importante da semana foram os resultados corporativos, com as big techs reportando seus números – tivemos Apple, Amazon, Google, Meta e Microsoft, além de outras empresas de renome. Fazemos um acompanhamento completo de diversos resultados que já saíram aqui: Resultados Corporativos Archives – Avenue Connection. Nesse link, você encontrará resumos dos resultados dessas e de outras companhias.
Falando em linhas gerais, podemos dizer que a maioria das empresas do S&P 500 apresentou resultados financeiros sólidos, com desempenho superior às estimativas e crescimento robusto tanto nos lucros quanto na receita. Números dessa safra de balanços:
• Até o dia 31 de outubro de 2025, tivemos 278 das 500 empresas do S&P 500 (cerca de 56%) que já divulgaram seus números.
• Aproximadamente 83% das empresas que divulgaram seus resultados superaram as estimativas de lucro por ação (LPA) — bem acima da média histórica. Em relação à receita, 70% superaram as previsões de vendas, marcando um dos trimestres com melhor desempenho em termos de receita nos últimos anos.
• A taxa de crescimento do lucro por ação para o S&P 500 está em cerca de 9,2% na comparação anual, marcando o nono trimestre consecutivo de crescimento dos lucros para o índice. Para as maiores empresas de tecnologia, o crescimento do EPS é de cerca de 15,8%, enquanto as empresas do S&P 500, excluindo essas, apresentaram um crescimento de 7,3%.
• O crescimento da receita para as empresas que divulgaram seus resultados é de cerca de 7,0% ano a ano.
• A margem de lucro líquido para o S&P 500 está em 12,8%, mantendo uma sequência de margens acima da média dos últimos cinco anos.
Mais abaixo colocamos o calendário completo de resultados corporativos.
Impactos no mercado
O mercado de ações dos EUA apresentou leve realização na semana que terminou em 31 de outubro de 2025. Os índices iniciaram a semana fortes, com os principais índices atingindo novas máximas históricas, impulsionados pelo otimismo em relação ao potencial progresso nas negociações comerciais entre EUA e China e pelos sólidos resultados corporativos. No entanto, o ímpeto diminuiu no meio da semana, com o aumento das preocupações sobre os altos investimentos em IA, preocupações com a valuation das ações e com resultado mais fraco que o esperado da Meta. Além disso, os comentários que trouxeram dúvidas acerca de cortes de juros em dezembro também pesaram no mercado.
As taxas de juros, por sua vez, sofreram um ajuste esta semana após o Federal Reserve ter implementado um corte de 25 pontos-base em sua taxa básica, levando a meta para a faixa de 3,75% a 4,00% — o nível mais baixo em três anos e marcando a segunda redução do banco central em 2025. Embora a medida estivesse alinhada com as expectativas do mercado, a cautela demonstrada pelo presidente do Fed, Jerome Powell, e as dúvidas lançadas acerca de um corte em dezembro impulsionaram os rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo, com o título de 10 anos subindo para cerca de 4,2%.
A SEMANA QUE SE INICIA
Depois de uma semana tão intensa quanto à anterior e ainda vivendo a indefinição acerca do shutdown americano, que restringe a divulgação de dados econômicos, temos uma agenda mais branda nessa semana.
• Na segunda-feira, teremos a divulgação do PMI da indústria.
• O principal dado econômico da semana será divulgado na quarta-feira, quando teremos o ADP, que mede a criação de postos de trabalho no setor privado da economia americana.
• Na quarta-feira, teremos também a divulgação do PMI do setor de serviços.
Abaixo a agenda completa de eventos econômicos da semana.
Resultados corporativos
Seguimos com uma agenda intensa de resultados, ainda que as principais big techs já tenham divulgado seus números.
Abaixo, o calendário completo de resultados:
Vale lembrar que fazemos um acompanhamento completo de diversos resultados que já saíram aqui: Resultados Corporativos Archives – Avenue Connection
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