A SEMANA QUE PASSOU
Atividade
Essa semana tivemos a divulgação dos dados de PMIs. O Índice de Gestores de Compras (PMI) é um indicador que busca medir as tendências da economia nos segmentos de serviços e da indústria, capturando a expansão ou contração desses em bases mensais, a partir de uma pesquisa realizada com os gerentes de compras. O valor do PMI e os seus movimentos podem fornecer informações úteis sobre as condições atuais e futuras dos negócios nos EUA. Então, o PMI funciona como um termômetro da saúde da economia americana.
Na parte de serviços, o Índice S&P Global US Services PMI (fonte) subiu ligeiramente em outubro, passando de 54,2 em setembro para 54,8, mantendo-se acima da marca crítica de 50,0 pelo trigésimo terceiro mês consecutivo, o que é consistente com uma taxa de crescimento acentuada no setor. O aumento da produção no setor de serviços foi acompanhado por um crescimento firme na entrada de novos negócios, embora uma perspectiva econômica e política incerta tenha, segundo relatos, resultado em um crescimento modesto das contratações e uma queda na confiança em relação ao futuro para o menor nível em seis meses.
Na indústria, o Índice S&P Global US Manufacturing PMI registrou 52,5 em outubro, em comparação com 52,0 em setembro. Vimos que o desempenho da manufatura dos EUA melhorou novamente em outubro, com a produção e os novos pedidos aumentando a taxas mais fortes. No entanto, o crescimento foi liderado pelo mercado interno, já que as novas exportações caíram devido às tarifas que, segundo relatos, impactaram negativamente o comércio internacional. Os desafios na previsão da futura política comercial também contribuíram para limitar a confiança nas perspectivas, embora alguns fabricantes esperem se beneficiar com o tempo da relocalização da produção industrial para os Estados Unidos. As tarifas também continuaram a sustentar um alto nível de inflação de custos na economia manufatureira.
Chris Williamson, Economista-Chefe de Negócios da S&P Global Market Intelligence, comentou:
“Os dados finais do PMI de outubro reforçam os sinais de que a economia dos EUA entrou no quarto trimestre com forte impulso. O crescimento no segmento de serviços ganhou impulso e foi acompanhado de uma melhora do setor manufatureiro. No total, a atividade empresarial está crescendo a uma taxa compatível com o PIB, que está aumentando a um ritmo anualizado de cerca de 2,5%, após uma expansão igualmente sólida ter sido sinalizada para o terceiro trimestre.”
Mercado de trabalho
Seguimos sem dados oficiais do governo acerca da situação do mercado de trabalho americano, mas podemos nos debruçar sobre dados alternativos.
O relatório da Challenger, Gray & Christmas divulgado na quinta-feira mostrou que houve um grande volume de posições de trabalho eliminadas em outubro – foram mais de 150 mil empregos, marcando a maior redução para o mês em mais de 20 anos. Empresas de tecnologia lideraram os cortes de empregos no setor privado, seguidas por varejistas e pelo setor de serviços, informou a empresa global de recolocação profissional. Olhando de forma mais ampla, no ano até outubro, os empregadores anunciaram 1.099.500 cortes de empregos, um aumento de 65% em relação aos cerca de 665 mil anunciados nos primeiros dez meses do ano passado e um aumento de 44% em relação aos 761 mil cortes anunciados em todo o ano de 2024. Os cortes de empregos acumulados no ano estão no nível mais alto desde 2020, quando 2.304.755 cortes foram anunciados até outubro.
No entanto, o Relatório Nacional de Emprego ADP (fonte), divulgado em 5 de novembro cobrindo os dados de outubro de 2025, mostrou uma recuperação modesta no mercado de trabalho privado dos EUA. As empresas privadas adicionaram 42 mil vagas de emprego em outubro, superando as expectativas do mercado de 25 mil e revertendo uma queda revisada de 29 mil vagas em setembro. Os salários médios seguiram subindo (+4,5% em relação ao ano anterior), sinalizando uma pressão inflacionária persistente no mercado de trabalho. O crescimento foi impulsionado principalmente por educação e saúde (com forte contribuição), além de serviços públicos. No entanto, houve cortes de vagas em outros setores, como manufatura e tecnologia. No geral, o relatório veio melhor que o esperado pelo mercado e sinalizou uma estabilização cautelosa, mas ainda fraca, no emprego privado, em meio a preocupações com a desaceleração econômica.
Tivemos ainda outro dado fraco do mercado de trabalho. Segundo dados do site de empregos Indeed (fonte), as oportunidades de trabalho atingiram o nível mais baixo em mais de 4 anos e meio no final de outubro. O Índice de Vagas de Emprego da empresa caiu para 101,9 em 24 de outubro, o dado mais recente disponível. Esse é o menor nível desde o início de fevereiro de 2021, considerando que fevereiro de 2020 tem como valor base 100. O nível representa uma queda de 0,5% em relação ao início do mês e um declínio de aproximadamente 3,5% em relação a meados de agosto, o último dado disponível do Departamento de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Statistics).
Em suma, apesar de não termos os dados oficiais do Bureau of Labour Statistics, podemos inferir que o mercado de trabalho segue dando sinais de fraqueza, com contratações desacelerando e demissões ou cortes de vagas disponíveis aumentando. Pelo lado positivo, salários têm mantido uma toada de expansão e o ritmo de desaceleração do mercado laboral não se acelerou. O gráfico abaixo traz um estudo do Bank of America que relaciona o Payroll (linha azul), o ADP (linha vermelha) e um indicador interno (Bank of America payrolls estimate, na linha laranja) e mostra que o crescimento da folha de pagamento se manteve estável.
Shutdown… ainda!
O atual shutdown do governo americano soma 38 dias (até 7 de novembro) e ultrapassa o recorde, tornando-se o shutdown mais longo da história. Serviços essenciais continuam, mas centenas de milhares de funcionários federais estão em licença não remunerada ou sem pagamento, causando amplas interrupções em agências, parques nacionais e liberações de dados econômicos.
Mas essa semana tivemos um novo capítulo nessa história. Na sexta-feira (7/11), a Administração Federal de Aviação (FAA) e o Secretário de Transportes, Sean Duffy, ordenaram uma redução de 4% nos voos domésticos em 40 dos aeroportos mais movimentados dos EUA, como LAX (Los Angeles), JFK (Nova York), ORD (Chicago) e ATL (Atlanta). Essa medida escalará para 6% na terça-feira, 8% na quinta e até 10% na próxima semana, resultando em milhares de cancelamentos diários — potencialmente 15% se a paralisação persistir.
A resolução parece próxima, mas ainda incerta: o líder da Maioria do Senado, republicano John Thune, anunciou planos para negociações ao longo do fim de semana, com uma possível votação sobre um acordo bipartidário para financiar as operações até meados de dezembro. Conselheiros da Casa Branca alertam para impactos econômicos graves de curto prazo, mas esperam uma rápida recuperação se resolvido em breve. Analistas monitoram o Congresso de perto, com otimismo cauteloso em 60% de chance de acordo até segunda-feira.
Panorama dos Resultados Corporativos
Essa semana que passou tivemos um grande número de empresas divulgando seus números. Em linhas gerais, a temporada de resultados do 3º trimestre (julho–setembro de 2025) das empresas do S&P 500 caminha para sua reta final, com aproximadamente 86% das empresas do S&P 500 – 429 empresas – tendo reportado seus números até 7 de novembro.
A AMD superou expectativas com forte crescimento, impulsionando suas ações para cima. No entanto, a Palantir caiu após resultados decepcionantes, contribuindo para a venda generalizada em tech. Outras empresas como Uber, Super Micro Computer (SMCI), Shopify, Spotify, Arista Networks, Pfizer e Rivian reportaram, com alguns superando estimativas de EPS (lucro por ação), mas o setor de IA e semicondutores viu volatilidade alta.
Fazemos um acompanhamento completo de diversos resultados que já saíram aqui: Resultados Corporativos Archives – Avenue Connection. Nesse link, você encontrará resumos dos resultados dessas e de outras companhias.
Em linhas gerais, a temporada foi forte, marcando o nono trimestre consecutivo de crescimento anual nos lucros, impulsionado por desempenhos sólidos em Tecnologia da Informação, Financeiro e Saúde, embora com desafios em Serviços de Comunicação e Energia.
Números dessa safra de balanços:
• Aproximadamente 83% das empresas superaram as estimativas de lucro por ação, a taxa mais alta em anos e acima das médias de cinco anos (78%) e de dez anos (75%).
• Em termos de receitas, cerca de 79% das empresas do S&P 500 reportaram resultados acima das expectativas dos analistas, o que também é um resultado muito forte.
• O crescimento do EPS (lucro por ação) combinado ano a ano do S&P 500 chegou a cerca de 10%, tornando este o quarto trimestre consecutivo de crescimento de EPS de dois dígitos para o índice.
• O crescimento da receita relatado até agora é de cerca de 8% ano a ano, com força concentrada nos setores de tecnologia, consumo discricionário e saúde.
• Chama atenção ainda um recorde de 50% das empresas emitindo guidance positivo, sinalizando otimismo com a economia.
Mais abaixo colocamos o calendário completo de resultados corporativos.
IMPACTOS NO MERCADO
Um resumo no mercado…
Por mais clichê que possa soar, a verdade é que a semana que passou foi marcada por volatilidade no mercado de ações dos EUA, com o S&P 500 caindo mais de 1,6%, o Dow Jones perdendo quase 1,2% e o Nasdaq sofrendo queda de 3,0%, em uma das piores semanas para o índice de tecnologia desde abril. O mercado adotou um certo tom de preocupação ou realização após as altas recentes, impulsionada também por receios econômicos, resultados mistos de lucros e incertezas políticas.
Nesse cenário, o ouro subiu como proteção contra instabilidades globais.
Além disso, as declarações em tom mais hawkish (mais restritivas) do presidente do Fed e de outros dirigentes ao longo da semana elevaram os rendimentos dos Treasuries de 10 anos acima de 4,08%, e isso também ajudou a pressionar as ações ao sinalizar que juros podem não cair na velocidade que o mercado espera.
Coisas que chamam atenção…
Na renda fixa, temos tido dados e interpretações mistas. Se por um lado os comentários dos dirigentes do Fed vieram em tom mais hawkish e diminuíram as apostas de cortes de juros, por outro, os dados que mostram fraqueza no mercado de trabalho (tal qual citamos acima) levaram a um aumento de apostas de cortes novamente na reunião de dezembro. Abaixo, o gráfico que mostra as apostas de cortes em dezembro.
No mercado de renda variável, segue chamando atenção a concentração de bom desempenho de ações em alguns poucos nomes. Ainda que essa tenha sido uma semana de realização com queda no índice de tecnologia, apenas uma pequena parcela das ações está superando o índice S&P 500 nos últimos 3 meses – vide gráfico abaixo.
A SEMANA QUE SE INICIA
Seguimos com uma escassez de dados econômicos devido ao shutdown americano.
Temos programados os dados de inflação para quinta-feira, mas a sua divulgação depende da resolução do impasse com o shutdown. Abaixo, a agenda de eventos econômicos da semana.
RESULTADOS CORPORATIVOS
Depois de 3 semanas intensas, teremos dias mais calmos em termos de resultados corporativos, ainda que com nomes conhecidos divulgando seus números nessa semana.
Abaixo, o calendário completo de resultados:
Vale lembrar que fazemos um acompanhamento completo de diversos resultados que já saíram aqui: Resultados Corporativos Archives – Avenue Connection
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