Você vai ler sobre a compra recente de bitcoin feita por El Salvador enquanto o mercado cai. O governo, liderado por Nayib Bukele, ampliou as reservas do país em um movimento que levanta dúvidas sobre o cumprimento do acordo com o FMI.
El Salvador compra 1.090 BTC durante baixa do mercado — o que você precisa saber
El Salvador adquiriu 1.090 BTC em uma operação que somou cerca de US$ 100 milhões, aproveitando uma queda recente no preço do bitcoin. Com isso, as reservas oficiais do país subiram para 7.474 BTC, avaliadas em aproximadamente US$ 676 milhões — uma decisão tomada no contexto da queda acentuada do bitcoin que pressionou os mercados nas últimas semanas.
Compra e situação atual
A operação foi registrada entre segunda e terça-feira desta semana, quando o bitcoin recuou para abaixo de US$ 90.000, nível mais baixo desde abril. O governo aproveitou essa baixa para aumentar posições, mas não divulgou detalhes públicos sobre a execução da compra no mercado — um movimento que acompanha relatos sobre a volatilidade e quedas pontuais do ativo em períodos recentes.
Condições do acordo com o FMI
Em dezembro de 2024, El Salvador negociou um programa de US$ 1,4 bilhão com o FMI. O acordo inclui cláusulas que restringem compras públicas adicionais de bitcoin, condicionando a liberação de fundos a medidas sobre o uso do criptoativo. A nova aquisição pode ser interpretada como desconformidade com essas restrições, num cenário marcado pelos fatores que têm derrubado o mercado de criptomoedas — desde fluxos de capitais até riscos regulatórios.
Política interna sobre bitcoin
Desde que tornou o bitcoin moeda de curso legal ao lado do dólar, o governo manteve política ativa de aquisições. O país vinha comprando regularmente bitcoins desde novembro de 2022, segundo registros oficiais. Em janeiro de 2025, a administração alterou a Lei Bitcoin, retirando a obrigatoriedade de aceitação da criptomoeda no comércio a partir de abril de 2025, alinhando-se parcialmente às exigências do FMI e às discussões sobre novas estruturas de mercado, como ETFs de criptomoedas e outros instrumentos institucionais que mudam a dinâmica de liquidez.
Riscos e possíveis consequências
A compra recente pode aumentar a tensão com o FMI. Autoridades do Fundo já apontaram riscos à estabilidade financeira decorrentes do uso intensivo de bitcoin.
- revisão ou suspensão de desembolsos do programa com o FMI; consulte Análises do Banco Mundial sobre riscos;
- maior volatilidade nas reservas nacionais, elevando risco fiscal, evidenciado por episódios em que tesourarias com bitcoin sofreram perdas superiores à própria moeda;
- perda de confiança de investidores e impacto sobre a credibilidade das contas públicas, num contexto em que fundos de criptomoedas têm registrado fugas significativas.
Além disso, mudanças no uso de moedas estáveis e na infraestrutura de pagamentos podem alterar respostas políticas — as stablecoins, por exemplo, têm ganhado espaço como alternativa de liquidez em mercados pressionados.
Não é um cenário binário: há uma disputa entre a estratégia de longo prazo do governo e a disciplina financeira exigida por credores.
Conclusão
El Salvador comprou 1.090 BTC (~US$ 100 milhões) durante uma baixa, elevando as reservas para 7.474 BTC (≈ US$ 676 milhões). O movimento reacende alertas nas relações com o FMI, cujo programa de US$ 1,4 bilhão proíbe compras públicas adicionais de bitcoin. A decisão traz riscos diplomáticos e fiscais que merecem acompanhamento atento.
Fique de olho nos desdobramentos e nas negociações entre El Salvador e o FMI para avaliar impactos no mercado e nas finanças públicas.
Perguntas Frequentes
O que El Salvador comprou em meio à queda do bitcoin?
Comprou 1.090 BTC em dois dias, cerca de US$ 100 milhões. Agora soma 7.474 BTC, perto de US$ 676 milhões. Os dados oficiais podem ser conferidos nas Reservas internacionais no Banco Central.
Isso viola o acordo com o FMI?
Sim. O acordo de US$ 1,4 bilhão proíbe compras públicas de bitcoin, o que cria tensão entre o governo salvadorenho e o Fundo; a situação ocorre num momento em que vários fatores macro e de mercado estão pressionando as relações entre Estados e credores.
Por que o governo fez a compra na baixa?
Estratégia de “comprar na queda”: a administração considera o bitcoin um investimento de longo prazo e vinha adquirindo regularmente desde 2022, aproveitando episódios de quedas semanais e volatilidade para ampliar reservas.
Quais são os riscos para a economia do país?
Volatilidade nas reservas, risco fiscal, perda de confiança de investidores e possível corte de apoio financeiro externo. Esses riscos já se materializam em perdas relevantes para ativos ligados a bitcoin e em saídas de fundos, como mostram relatos sobre tesourarias e posições institucionais e fugas de fundos.
O que pode acontecer com o acordo e as relações com o FMI?
O FMI pode rever ou suspender desembolsos, impor novas condicionalidades e endurecer a supervisão do programa. Mudanças regulatórias e propostas de regras cambiais em diferentes jurisdições também podem afetar o espaço operacional dos governos na condução de políticas com criptoativos, como discutido em estudos sobre regras cambiais e impacto sobre exchanges.









