Você acompanha agora uma operação em que a Perfin, nova sócia da Cosan, vendeu ao Bradesco BBI um lote de ações preferenciais atreladas à Corsan, empresa de água e esgoto que atende centenas de municípios no Rio Grande do Sul. O negócio envolve valor bilionário e permite à gestora antecipar receitas futuras do contrato de saneamento. Esses papéis não dão controle, mas garantem retorno ligado ao desempenho da concessão.
A Perfin participa de forma indireta via Parsan, holding do consórcio vencedor da privatização, e mantém uma fatia econômica relevante, porém minoritária. A operação sai dias após a entrada da gestora na capitalização da Cosan, com movimentações coordenadas por bancos como o BTG Pactual e o Bradesco BBI em outras frentes. Bradesco BBI e Perfin não responderam aos pedidos de comentário.
Perfin vende papéis preferenciais da Corsan por R$ 2,1 bilhões ao Bradesco BBI
A gestora Perfin acertou a venda de um lote de ações preferenciais ligadas à Corsan ao Bradesco BBI por R$ 2,1 bilhões. O número exato de papéis não foi divulgado pelos envolvidos.
O que foi negociado e o efeito para você como investidor
A operação envolve papéis preferenciais que não conferem controle sobre a empresa. Esses ativos foram criados na privatização de 2022 como mecanismo financeiro: dão direito a retornos vinculados ao desempenho da concessão, sem voto nas decisões. Com a venda, a Perfin transformou em caixa parte de receitas futuras do contrato de saneamento — algo que interessa a investidores que acompanham fluxo de caixa antecipado e o desempenho de ativos negociados na bolsa, seja por renda ou por avaliação de risco (como funciona o Ibovespa).
Como a estrutura societária foi montada na privatização
Na venda da Corsan em 2022, o governo do Rio Grande do Sul contratou um consórcio formado por Aegea, Perfin e Kinea. O consórcio pagou cerca de R$ 4,15 bilhões pela companhia e assumiu compromisso de aportar mais de R$ 12 bilhões em investimentos na rede de saneamento ao longo da próxima década. Após o leilão, o grupo dividiu a participação entre ações ordinárias, que definem o bloco de controle, e ações preferenciais, que funcionam como quota de investimento. Esses compromissos e lições sobre investimentos em processos de privatização e transações corporativas ajudam a entender o desenho da operação e os riscos associados (lições sobre investimentos em aquisições e privatizações).
Posição econômica da Perfin na Corsan
A Perfin participa indiretamente da Corsan por meio da Parsan S.A., holding criada pelo consórcio vencedor. A Parsan detém 27,11% da Corsan. Considerando os fundos pelos quais a Perfin participa da Parsan, a gestora mantém uma fatia econômica próxima de 11% na companhia. A transação diz respeito apenas às preferenciais, sem alterar o controle operacional.
Ligação com a capitalização da Cosan e movimentos recentes do mercado
A transação ocorre dias depois de a Perfin ter entrado como nova sócia da Cosan, participando de uma operação de socorro liderada por Rubens Ometto. A gestora se comprometeu a investir R$ 2 bilhões no grupo. No mesmo rearranjo, o Bradesco BBI coordenou a emissão de R$ 750 milhões em notas comerciais da Aguassanta, veículo ligado a Ometto, o que ajudou o empresário a acompanhar o aumento de capital sem diluir seu bloco de controle. Paralelamente, o BTG Pactual liderou a capitalização da Cosan com aporte de R$ 4,5 bilhões, firmando-se como principal investidor financeiro na reestruturação. Essas operações ocorrem em um contexto regional que inclui crescimento econômico do Sul do país, o que influencia a dinâmica de demanda e investimentos na área de saneamento (PIB do Sul crescendo acima da média nacional).
Breve perfil da Perfin e atuação em infraestrutura
Criada em 2007 por Ralph Rosenberg, a Perfin construiu uma plataforma que combina bolsa, private equity e investimento em infraestrutura. Além da parceria em saneamento com a Aegea, a gestora é sócia do grupo Equipav na concessionária de rodovias EPR, entre outras participações em ativos de infraestrutura.
Conclusão
A Perfin transformou um direito futuro em caixa ao vender ações preferenciais da Corsan por R$ 2,1 bilhões ao Bradesco BBI. A operação é estritamente financeira: não altera o controle, pois as preferenciais não concedem voto. Para o investidor, o ponto-chave é o fluxo de caixa antecipado — vender um cheque do amanhã por dinheiro hoje. A manobra reduz exposição líquida da gestora sem afetar a operação do saneamento; o consórcio segue comprometido com mais de R$ 12 bilhões de investimentos na próxima década. É, em suma, estratégia de liquidez e posicionamento no setor de infraestrutura, não uma troca de comando societário.
Perguntas frequentes
O que a Perfin vendeu ao Bradesco BBI por R$ 2,1 bilhões?
A Perfin vendeu um conjunto de ações preferenciais ligadas à Corsan. O número de papéis não foi divulgado. Foi uma venda de fluxo financeiro, não de controle.
Essa venda altera o controle da Corsan?
Não. As preferenciais não dão direito a voto. O controle está nas ações ordinárias do consórcio Aegea, Perfin e Kinea.
Por que a Perfin fez essa venda agora?
Para transformar receitas futuras em caixa hoje. A operação antecipa fluxo da concessão e saiu dias após a Perfin ter ajudado na capitalização da Cosan.
Isso afeta o serviço de água e esgoto no RS?
Não muda a operação do dia a dia. O consórcio mantém o compromisso de investir mais de R$ 12 bilhões na década. A concessão segue valendo.
O que ganha o Bradesco BBI com essa compra?
Recebe um direito sobre retorno da concessão e amplia presença em negócios de infraestrutura.









