Você precisa entender por que muitos BDRs das maiores empresas americanas estão negativos neste ano. Esses recibos são negociados na B3 em reais e replicam ações de Nova York: quando o dólar cai, parte dos ganhos em dólares se perde na conversão, criando uma distorção entre alta em dólar e baixa em reais que pressiona seu portfólio — especialmente em nomes como Apple (AAPL34), Microsoft (MSFT34), Amazon (AMZO34), Meta (M1TA34), Nvidia (NVDC34), Tesla (TSLA34) e Alphabet (GOGL34).
BDRs das maiores techs dos EUA estão, em sua maioria, no vermelho em 2025
A maior parte dos BDRs das sete maiores empresas dos EUA registra desempenho negativo em 2025, mesmo com o Ibovespa valorizado. Há um contraste forte entre a alta local e a pressão sobre recibos de ações estrangeiras negociados na B3 — um fenômeno que faz parte do movimento em que o Magnificent 7 perde espaço enquanto outras apostas em IA ganham relevância.
Principais números do ano
– Ibovespa: 30% no ano.
– Dólar: -15,5% no ano (dados de mercado).
– Desempenho das BDRs em reais (2025, acumulado): Alphabet 26,4%, Nvidia 14,5%, Microsoft -0,8%, Apple -8%, Meta -13,8%, Amazon -14,1%, Tesla -17,2%.
– Desempenho em dólar das mesmas ações: Alphabet 50,1%, Nvidia 35%, Microsoft 17,1%.
O que explica a diferença que você vê
Quando você negocia um BDR, paga em reais, mas o ativo sobe ou cai em dólar. Com o dólar em queda, parte dos ganhos em dólares é corroída ao converter para reais — por isso ações como Alphabet e Nvidia mostram altas grandes em Nova York, mas ganhos menores em reais. A Nvidia, por exemplo, atingiu valor de mercado perto de US$ 5 trilhões antes de recuar cerca de 12% desde o pico.
Avaliação das bolsas e risco de esticamento
Analistas indicam que a bolsa americana está relativamente cara por medidas de avaliação. O P/L do S&P 500 está em 27,6, acima da média dos últimos 10 anos (22,8) e da série longa desde 1950 (19). O P/L do mercado brasileiro aparece em 8,6, abaixo da média de 20 anos (10,5). Essa diferença explica por que investidores reavaliam alocação entre mercados desenvolvidos e emergentes.
Fluxos, câmbio e efeitos retroalimentados
Entrada de capital em emergentes aumenta oferta de dólares localmente e pode pressionar o câmbio para baixo. Esse movimento amplifica o impacto sobre BDRs, porque a desvalorização do dólar reduz a cotação em reais dos recibos mesmo quando as ações sobem em dólares. As interações entre resultados das big techs, juros globais e regras comerciais também influenciam fluxos.
Volume e liquidez das BDRs na B3
Levantamento da Quantum Finance mostra que as sete maiores BDRs movimentam entre 100 mil e 200 mil negócios por dia na B3. Esse nível indica liquidez relativamente modesta, o que pode aumentar custo e slippage na hora de entrar ou sair de posição — um fator que contribui para a volatilidade persistente nos mercados.
Conclusão
O principal motivo pelo qual muitos BDRs das gigantes americanas estão no vermelho em 2025 é a queda do dólar, que corrói ganhos em reais, mesmo quando as ações sobem em Nova York. Além disso, avaliação elevada nos EUA e liquidez limitada das BDRs influenciam o risco.
Decida conforme seu horizonte e objetivos:
- Curto prazo: reveja posição se precisar do capital.
- Longo prazo: foque em fundamentos, gestão do risco cambial, rebalanceamento e uso de ordens limitadas.
Perguntas frequentes
Por que a maioria dos BDRs das sete gigantes está no vermelho em 2025?
Queda significativa do dólar combinada com desempenho misto das ações nos EUA faz muitos BDRs caírem em reais, mesmo quando as ações sobem em dólares. Esse fenômeno tem relação com a reavaliação do grupo das big techs e com quem ganha espaço no mercado de IA, como discutido na cobertura sobre o Magnificent 7 perdendo espaço.
O câmbio é mesmo o principal responsável?
Sim. BDRs são precificados em dólar e convertidos para reais. A desvalorização do dólar tende a reduzir o valor em reais dos recibos.
Quais BDRs ainda se destacam no ano?
Alphabet e Nvidia têm mostrado ganhos relevantes em dólares e se destacam. Microsoft sobe em dólar, mas o reflexo em reais pode ser menor dependendo do câmbio, como apontam as leituras de balanços recentes e suas repercussões em Wall Street.
Devo vender meus BDRs agora por causa das quedas?
Depende do seu objetivo e horizonte. Para curto prazo, considerar reduzir exposição faz sentido. Para longo prazo, avalie fundamentos, preço e risco cambial antes de decidir.
A baixa liquidez dos BDRs é um problema para o investidor?
Pode ser. Menor liquidez aumenta o custo de negociação e o risco de preço ao entrar ou sair de posições, especialmente em momentos de alta volatilidade. Por isso, considere impacto de execução e possíveis slippages quando tomar decisões.









