Siga-nos no Instagram: @brasilvest.news
A CerradinhoBio vive uma fase que poucos do setor sucroenergético poderiam prever. Depois de nascer como uma companhia agrícola, se reinventar e apostar alto em diversificação, a empresa acaba de atingir um marco impressionante: o milho já representa 80% de toda sua produção de etanol, algo impensável há poucos anos.
E mais: apesar de não ter levado adiante sua abertura de capital, o IPO segue completamente em aberto — e ganha força conforme os resultados se multiplicam.
Como a CerradinhoBio virou o jogo e acelerou o etanol de milho?
A trajetória da empresa mudou radicalmente em 2010, quando decidiu deixar São Paulo e migrar investimentos para Goiás. Começava ali uma fase de expansão e modernização que levaria o grupo a crescer entre 16% e 17% ao ano.
Entre 2010 e 2018, a companhia operava essencialmente com etanol de cana e energia. Mas 2015 marcou o divisor de águas: após estudos e visitas técnicas nos Estados Unidos, a diretoria se convenceu de que o etanol de milho seria o futuro.
Dois anos depois, a aposta se materializou. Em 2019, a empresa inaugurou sua primeira planta dedicada ao grão — e, segundo o CEO Renato Pretti, essa decisão mudou tudo.
Por que o etanol de milho virou o principal negócio da empresa?
Pretti destaca que a CerradinhoBio conseguiu entrar no segmento antes da maioria, o que deu vantagem competitiva logo nos primeiros ciclos. A planta passou a gerar caixa rapidamente, sustentando a expansão do grupo.
Hoje, a empresa opera unidades industriais em Chapadão do Céu (GO) e Maracaju (MS), além de manter sede administrativa em Catanduva (SP).
Em Chapadão do Céu, o modelo é híbrido: a unidade reúne etanol de cana, fábrica de açúcar e produção de etanol de milho pela subsidiária Neomille. Já em Maracaju, opera uma planta dedicada ao milho, acompanhada por um terminal de transbordo.
Expansão acelerada: investimento pesado e produção recorde
A CerradinhoBio anunciou recentemente um investimento de R$ 140 milhões para ampliar a moagem de etanol de milho em Chapadão do Sul, elevando a capacidade de 860 mil para 1,2 milhão de toneladas por ano.
Nos primeiros seis meses da safra 2025/26, a empresa produziu 469 mil m³ de etanol, sendo 80% vindos do milho e 20% da cana.
Apesar dos bons números, Pretti reconhece que 2026 pode trazer desafios de preços para etanol e açúcar — mas diz que a empresa está preparada.
E o IPO? Oportunidade aberta — mas sem pressa
A CerradinhoBio é registrada na CVM na Categoria A e chegou a estudar um IPO em 2021, com liderança do Itaú BBA.
O plano foi engavetado em 2022 devido ao cenário adverso, mas não foi abandonado.
Segundo Pretti, o grupo é “uma empresa de capital aberto sem ações emitidas”, e abrir capital continua no radar — embora a companhia viva bem sem isso por enquanto.
A empresa pertence integralmente à família Sanches Fernandes, por meio da holding Cerradinho Participações, que também controla Cerradinho Terra, Cerradinho Log, W7 Energia e a própria Neomille.
Milho x cana: existe rivalidade dentro do negócio?
Para o CEO, não. Ele rejeita qualquer ideia de disputa interna:
“Não existe Fla-Flu entre milho e cana”, afirma Pretti.
O milho hoje é mais competitivo devido ao custo e ao preço do grão, representando entre 70% e 80% do custo total do etanol. Mas a cana ainda oferece vantagens importantes:
- Permite produzir açúcar, com bom hedge
- Traz previsibilidade financeira
- Complementa os ciclos do milho
Essa “competição saudável” permite que a empresa mova recursos de um lado para outro conforme o mercado favorece.
Resultados do 2T26: lucro em alta e produção ajustada
No segundo trimestre da safra 2025/26, a CerradinhoBio registrou:
- Lucro líquido de R$ 102,52 milhões, acima dos R$ 72,31 milhões do ciclo anterior
- Moagem total de 4,27 milhões de toneladas, alta de 1,9%
- Produção de etanol em queda de 23,2%, somando 243 milhões de litros
- Produção de açúcar em 207 mil toneladas
Para a safra atual, 90% do milho já está comprado, garantindo previsibilidade.
Para o ciclo 26/27, 15% já foi adquirido.
A expectativa é de que a receita líquida cresça 20% no ciclo 2025/26 e que a moagem e produção de etanol avancem 5%.
Conclusão: CerradinhoBio ganhou potência — e o IPO pode ser questão de tempo
Com um modelo flexível, sinergias bem exploradas e forte capacidade de adaptação, a CerradinhoBio se consolidou como um dos maiores players de etanol de milho do Brasil. A empresa navega com vantagem em dois mercados ao mesmo tempo — cana e milho — e isso a torna uma das companhias mais interessantes do setor energético.
E com os resultados crescendo e a estrutura profissionalizada, o IPO, embora sem data, parece cada vez mais uma questão de oportunidade.
Quer acompanhar os próximos passos da CerradinhoBio e as tendências do setor? Continue navegando pelo Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQs)
O milho realmente domina a produção de etanol da CerradinhoBio?
Sim. Hoje, 80% do etanol produzido pela empresa vem do milho, resultado de investimentos fortes na Neomille e na expansão de plantas industriais.
A CerradinhoBio ainda pretende fazer um IPO?
Sim. Embora tenha desistido em 2022, a empresa mantém a abertura de capital no radar e segue registrada na CVM na Categoria A.
Por que a empresa investiu tanto em etanol de milho?
Porque o milho se mostrou mais competitivo em custos e preços, além de permitir operação constante durante o ano inteiro.
Qual é a principal vantagem da cana na operação?
Ela possibilita a produção de açúcar, trazendo previsibilidade e hedge financeiro para a companhia.
Onde ficam as unidades industriais da CerradinhoBio?
As plantas estão em Chapadão do Céu (GO) e Maracaju (MS), com sede administrativa em Catanduva (SP).
Os resultados financeiros da empresa estão crescendo?
Sim. O lucro do 2T26 subiu para R$ 102,52 milhões, e a expectativa é de aumento de receita e produção até o fim da safra.









