A arrecadação do governo federal chegou a R$ 261,9 bilhões em outubro de 2025, o maior valor já registrado para esse mês desde o início da série histórica, em 1995.
Terceiro mês seguido de alta e recorde no ano
De acordo com a Receita, a arrecadação de outubro teve crescimento real de 0,92% em relação a outubro de 2024, já descontada a inflação medida pelo IPCA. Além disso, esse foi o terceiro mês consecutivo de alta, o que indica uma tendência de fortalecimento das receitas do governo.
No acumulado de janeiro a outubro de 2025, o governo arrecadou algo entre R$ 2,36 e R$ 2,39 trilhões, dependendo do critério utilizado. A Exame destaca R$ 2,36 trilhões com alta real de 3,20%, enquanto também é mencionado R$ 2,37 trilhões em termos nominais e cerca de R$ 2,39 trilhões corrigidos pela inflação.
Mesmo com pequenas diferenças de metodologia entre os veículos, o ponto central se mantém: o resultado é recorde para o período e mostra avanço real das receitas em relação a 2024.
Quais impostos puxaram o recorde em outubro?
O resultado não veio de forma homogênea. Alguns tributos tiveram desempenho bem acima da média e ajudaram a “turbinar” a arrecadação:
- IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): foi o grande destaque. O imposto arrecadou cerca de R$ 8,14 bilhões, com alta real de 38,8% em relação a outubro de 2024.
- IRRF sobre ganhos de capital (IRRF-Capital):destaca-se que esse imposto rendeu R$ 11,5 bilhões, com alta real próxima de 28%.
- IRPF e CSLL: o conjunto formado pelo Imposto de Renda da Pessoa Física e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido somou cerca de R$ 63,3 bilhões, também com crescimento real superior a 5% na comparação anual.
Esses números mostram que ganhos de capital, operações financeiras e lucros das empresas continuam relevantes para explicar o salto da arrecadação.
Impacto das mudanças no IOF e do cenário econômico
O avanço do IOF não aconteceu por acaso. Em 2025, o governo editou decretos que alteraram a tributação do IOF em operações de câmbio e seguro, o que ampliou a base de incidência.
Ao mesmo tempo, a melhora gradual de indicadores como confiança do consumidor e do empresariado e o mercado de trabalho ainda resiliente ajudam a sustentar o resultado.
Portanto, o recorde não se explica apenas por uma medida pontual, mas por uma combinação de ajustes tributários, inflação controlada e atividade econômica em recuperação gradual.
O que o recorde de arrecadação significa para o governo Lula?
Para o governo federal, a arrecadação recorde em outubro traz algum alívio fiscal. Com mais recursos em caixa, o Ministério da Fazenda ganha espaço para:
- tentar cumprir metas fiscais e reduzir o déficit;
- financiar programas sociais e investimentos;
- manter negociações políticas em torno de gastos e cortes de forma menos tensionada.
No entanto, o desafio continua grande. Apesar do recorde, o crescimento real de 0,92% no mês ainda é relativamente modesto. Além disso, parte da alta vem de tributos com comportamento mais volátil, como IOF e ganhos de capital.
Há riscos por trás de números tão positivos?
Embora o recorde seja uma boa notícia, ele não significa, por si só, que “está tudo resolvido” nas contas públicas. Alguns pontos de atenção seguem no radar:
- Dependência de tributos sensíveis ao ciclo: IOF e ganhos de capital podem cair rapidamente em cenários de instabilidade financeira.
- Pressão por gastos: com mais arrecadação, cresce também a pressão política por aumento de despesas, o que pode dificultar o ajuste fiscal.
- Cenário internacional incerto: juros globais, preço de commodities e desaceleração de grandes economias podem afetar exportações, investimentos e, consequentemente, a base de arrecadação.
Por isso, especialistas defendem que o governo aproveite o bom momento de receitas para avançar em reformas que aumentem a eficiência do gasto público e simplifiquem o sistema tributário, em vez de apostar apenas em aumentos pontuais de impostos.
O que observar nos próximos meses?
Nos próximos meses, o mercado deve acompanhar com atenção:
- a continuidade da trajetória de alta da arrecadação;
- o comportamento do IOF após o embate político entre governo e Congresso em torno do imposto, tema que já gerou atritos em 2025.
- a evolução dos indicadores de atividade, como confiança, emprego e vendas do varejo;
- o impacto das decisões de política fiscal e da taxa de juros do Banco Central.
Se a economia mantiver o ritmo e as receitas seguirem acima da inflação, o governo ganha espaço para reduzir incertezas fiscais e melhorar a percepção de risco do país. Caso contrário, o recorde de outubro pode ficar restrito a um período de fôlego curto.
Conclusão: Recorde de arrecadação é oportunidade, não garantia
Em resumo, a arrecadação federal de R$ 261,9 bilhões em outubro de 2025 marca um recorde histórico, reforça a tendência de alta e indica um quadro de receitas mais robusto para o governo. Ao mesmo tempo, a qualidade dessa arrecadação e sua sustentabilidade no médio prazo ainda dependem do comportamento da economia e das decisões de política fiscal.
Se você quer continuar acompanhando como esses números afetam impostos, investimentos e o seu bolso, siga acompanhando as análises e notícias completas aqui no Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que é a arrecadação federal de outubro de 2025?
A arrecadação federal de outubro de 2025 é o total de impostos e contribuições recolhidos pela União nesse mês, que somou R$ 261,9 bilhões.
Por que a arrecadação de outubro foi um recorde histórico?
O valor foi o mais alto já registrado para o mês de outubro desde 1995. O recorde veio da combinação de crescimento econômico moderado, inflação controlada e forte alta em tributos como IOF e impostos sobre ganhos de capital.
Qual foi o crescimento da arrecadação em relação a 2024?
Em termos reais, descontada a inflação, a arrecadação de outubro cresceu cerca de 0,92% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, o avanço fica em torno de 3,2%.
Quais impostos mais contribuíram para o recorde?
Os destaques foram o IOF, com alta real próxima de 38,8%, o IRRF sobre ganhos de capital, com crescimento perto de 28%, e o bloco formado por IRPF e CSLL, que também cresceu acima de 5% em termos reais.
Esse aumento de arrecadação melhora automaticamente as contas públicas?
O resultado ajuda, mas não resolve tudo. A arrecadação maior dá fôlego ao governo para cumprir metas fiscais, porém a sustentabilidade depende do controle de gastos e do crescimento consistente da economia. Parte da alta também vem de tributos voláteis, o que exige cautela.
Como o recorde de arrecadação pode afetar o cidadão comum?
De forma indireta, maior arrecadação pode reduzir a pressão por novos aumentos de impostos e abrir espaço para programas sociais, infraestrutura e serviços públicos. No entanto, o impacto concreto no dia a dia depende de como o governo vai usar esses recursos e das decisões futuras sobre política fiscal.









