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Volume de empréstimos de ativos na B3 atinge R$ 332 bilhões e revela investidores cada vez mais dispostos a lucrar com quedas — e correr grandes riscos
O mercado brasileiro está vivendo um movimento forte — e perigoso — de investidores apostando que ações e índices vão cair. Segundo dados do DataWise+, da B3, o volume de empréstimo de ativos usados para operações vendidas cresceu 53% em um ano, saltando de R$ 216 bilhões para R$ 332 bilhões entre outubro de 2024 e outubro de 2025.
Esse aumento de R$ 116 bilhões revela que mais investidores estão mirando lucros com quedas — estratégia que pode multiplicar ganhos, mas também gerar prejuízos enormes.
Por que tanta gente está apostando contra ações e índices?
O cenário é simples: quando os juros estão altos e a bolsa acumula fortes altas, muitos acreditam que uma correção está próxima.
O Ibovespa subiu 13,44% no período analisado, e parte do mercado entende que o fôlego pode ter acabado — abrindo espaço para quedas, especialmente em setores sensíveis como commodities.
Além disso:
- Petróleo ficou estável pouco acima dos US$ 60, bem abaixo da expectativa de US$ 80 no começo do ano.
- Minério de ferro teve forte oscilação e chegou a cair 10% em abril, pressionando empresas como Vale (VALE3).
Esse conjunto de incertezas reforçou a busca por operações vendidas.
Os 10 ativos mais alugados na B3
No ranking dos mais “alugados”, dominam ETFs, grandes bancos e empresas de commodities. Veja os líderes entre outubro de 2024 e outubro de 2025:
- Cota do ETF do Ibovespa (BOVA11)
- Vale (VALE3)
- Petrobras PN (PETR4)
- Itaú Unibanco PN (ITUB4)
- Banco do Brasil ON (BBAS3)
- Ambev ON (ABEV3)
- Bradesco PN (BBDC4)
- Petrobras ON (PETR3)
- Eletrobras / Axia ON (ELET3 / AXIA3)
- Prio ON (PRIO3)
Esses papéis são alvos frequentes porque têm grande liquidez e são usados por fundos e traders para hedge ou apostas diretas em queda.
Quem mais entrou na onda de vender a descoberto?
Entre os tomadores (quem aluga para apostar na queda):
- 47% são fundos de investimento
- 36% são investidores estrangeiros
- 12% são instituições financeiras
- 3% são pessoas físicas
- 0,4% são empresas
Já os doadores (quem ganha dinheiro emprestando ações) são:
- Fundos – 41%
- Pessoas físicas – 33%
- Estrangeiros – 13%
- Instituições financeiras – 10%
- Empresas – 2%
Só no terceiro trimestre, os doadores faturaram R$ 76,8 milhões — alta de 15,9% em relação ao ano anterior.
Como funciona uma operação de aposta na queda?
O processo é simples — e arriscado:
- Você aluga ações, pagando uma taxa.
- Vende tudo imediatamente, mesmo sem possuir os papéis.
- Espera cair.
- Recompra mais barato, devolve ao dono e fica com a diferença.
Exemplo rápido:
- Alugou 10 mil ações a R$ 10 → vende por R$ 100 mil
- A ação cai para R$ 8 → recompra por R$ 80 mil
- Lucro: R$ 20 mil, menos R$ 800 de taxa
- Resultado final: R$ 19,2 mil
Um retorno de 2.300% sobre a taxa paga.
Mas o risco é gigante.
Se a ação sobe para R$ 12, você devolve o papel comprando a R$ 120 mil — prejuízo de R$ 20 mil, mais a taxa.
O risco extremo: quando todo mundo corre ao mesmo tempo
Quando muitos investidores apostam contra o mesmo ativo e ele sobe, acontece o famoso short squeeze:
quem está vendido precisa recomprar rápido para não quebrar — o que faz o preço subir ainda mais.
É uma espiral de desespero.
E sim, já derrubou fundos enormes e investidores experientes.
Conclusão: apostar na queda pode render muito — mas pode destruir sua carteira
O salto de 53% nas operações vendidas mostra que o mercado está mais agressivo, mais especulativo e mais sensível a qualquer oscilação.
A venda a descoberto não é para iniciantes — e mesmo profissionais podem amargar prejuízos sérios.
Se você quer seguir acompanhando movimentos que revelam o humor do mercado e onde estão as oportunidades (ou os riscos escondidos), continue navegando pelo Brasilvest!
Perguntas Frequentes (FAQs)
A aposta na queda está crescendo por quê?
Por causa dos juros altos, da alta acumulada da bolsa e da expectativa de correções em ações e índices.
Qual ativo é mais alugado para venda a descoberto?
O ETF BOVA11, que replica o Ibovespa.
Quem mais faz esse tipo de operação?
Fundos de investimento e investidores estrangeiros.
É possível ganhar muito dinheiro apostando na queda?
Sim, mas é extremamente arriscado e pode gerar prejuízos ilimitados.
O que é short squeeze?
É quando quem está vendido precisa recomprar às pressas, fazendo o preço subir ainda mais.
Pessoas físicas participam muito desse mercado?
Ainda pouco — apenas 3% dos tomadores.









