7.4 C
Nova Iorque
23.8 C
São Paulo
quinta-feira, novembro 27, 2025
spot_img

China muda o jogo: presença chinesa redesenha a indústria automotiva no Brasil — e montadoras tradicionais correm para se salvar

Siga-nos no Instagram: @brasilvest.news

A chegada da chinesa Geely ao capital da Renault do Brasil, com a compra de 26,4% da operação, não é apenas mais uma movimentação corporativa — é um marco simbólico do novo rumo da indústria automotiva brasileira. Esse acordo, que dá origem à Renault-Geely do Brasil, escancara o avanço da China e mostra como fabricantes tradicionais estão sendo forçadas a repensar parcerias, estratégias e até sua sobrevivência no mercado.

Com a nova joint venture, o Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, vai fabricar motores híbridos e elétricos, enquanto a rede de 250 concessionárias da Renault passa a vender veículos das duas marcas. A mensagem é clara: a China deixou de ser coadjuvante. Agora, ela dita ritmo, tecnologia e escala.

Por que a China avança tão rápido no Brasil — e por que ninguém está barrando?

Enquanto Europa e Estados Unidos criam barreiras comerciais pesadas, o Brasil mantém tarifas moderadas. Em números:

  • Brasil: 35%
  • Europa: a partir de 38%
  • EUA: 100% a 150%

E para importação de kits CKD, que permitem montar carros aqui:

  • Brasil: 16%

Segundo Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, isso abriu espaço para o avanço chinês: “As tarifas são pequenas a ponto de ser viável pagar. O Brasil permitiu que o capital chinês ocupasse o espaço que outros deixaram vazio.”

Com isso, o país virou destino dos enormes navios carregados de veículos elétricos chineses — e também da abertura de novas fábricas, centros de P&D e parcerias.

Invasão organizada: os investimentos que já mudam o setor

A China não está “despejando carros” aqui. Ela está construindo futuro. Em 2024, empresas chinesas investiram:

  • US$ 575 milhões em fábricas automotivas no Brasil
  • Ficando atrás apenas de energia elétrica (US$ 1,43 bi) e petróleo (US$ 1 bi)

E as promessas anunciadas somam mais de R$ 20 bilhões em aportes. Entre elas:

  • BYD — fábrica em Camaçari (BA), investimento de R$ 5,5 bi e capacidade para 150 mil carros/ano
  • GWM — investimentos de R$ 10 bi até 2032 em Iracemápolis (SP)
  • Leapmotor — entrada com 36 concessionárias e parceria global com a Stellantis
  • Omoda/Jaecoo — planos para vender 30 mil unidades/ano
  • GAC Motors — R$ 6 bilhões para fábrica e centro de P&D

A China já está presente em toda a cadeia: baterias, powertrain, software, semicondutores e até plataformas completas.

Por que montadoras ocidentais estão correndo para fazer alianças?

Porque resistir ficou caro demais.

Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, foi direto ao ponto:

“As montadoras chinesas serão as salvadoras das fábricas e dos empregos europeus.”

E mais:

“No dia em que uma montadora ocidental entrar em dificuldades, uma empresa chinesa virá, assumirá e manterá os empregos — será vista como salvadora.”

Foi justamente Tavares quem fechou a parceria com a Leapmotor — modelo que agora se repete com Renault e Geely no Brasil.

A lógica é inevitável:

  • A tecnologia está na China
  • A escala está na China
  • Os custos mais baixos estão na China
  • O Ocidente ainda tem marcas fortes e redes de distribuição

E por isso, a solução virou cooperar, não competir.

Mesmo rivais históricos como GM e Hyundai agora desenvolvem cinco veículos elétricos juntos, dividindo baterias, software e plataformas.

O Brasil vira peça estratégica — mas paga preço alto na autonomia tecnológica

O país ganha:

  • fábricas reativadas,
  • empregos,
  • investimentos bilionários,
  • novas marcas,
  • modernização produtiva.

Mas perde:

  • domínio tecnológico,
  • independência industrial,
  • protagonismo em pesquisa e inovação.

A dependência da China em baterias e semicondutores cria um elo estrutural difícil de romper.

A Renault-Geely inaugura uma fase em que as parcerias deixam de ser temporárias e passam a ser parte do novo modelo de negócios global.

Por que o híbrido será dominante no Brasil por muito tempo

Pagliarini reforça que o Brasil não está pronto para o “carro 100% elétrico”:

  • baterias ainda são caras
  • falta infraestrutura de recarga
  • logística e energia não acompanham
  • híbridos permitem conteúdo local e preços mais competitivos

O híbrido será o intermediário natural — e isso favorece ainda mais as montadoras chinesas, que já dominam essa tecnologia.

Conclusão: o futuro do carro brasileiro será chinês — de um jeito ou de outro

A China domina bateria, software e fabricação em escala.

O Ocidente domina marca, tradição e mercado consumidor.

O Brasil domina… o mercado que os dois querem acessar.

O avanço chinês não é ameaça — é o novo padrão global. E, segundo Pagliarini:

“O futuro do carro é chinês de alguma forma, inclusive do carro brasileiro.”

Quer acompanhar os próximos capítulos da reindustrialização do Brasil e do embate silencioso entre Oriente e Ocidente?

Então continue navegando pelo Brasilvest!

*Com informações de InvestNews

Perguntas Frequentes (FAQs)

Por que a China está crescendo tanto no setor automotivo brasileiro?

Por causa das tarifas baixas, da necessidade de expandir mercados e da capacidade tecnológica superior.

As montadoras brasileiras ganham ou perdem com esse movimento?

Ganham produção e investimentos, mas perdem autonomia tecnológica.

O Brasil vai virar “refém” da China?

Não exatamente, mas a dependência em baterias e semicondutores já é estrutural.

Carros híbridos vão dominar o país?

Sim. Eles são mais viáveis do que elétricos puros no curto prazo.

As montadoras tradicionais conseguem competir sozinhas?

Cada vez menos — por isso estão firmando alianças com marcas chinesas.

Qual é o impacto para o consumidor?

Mais opções, preços mais competitivos e acesso a tecnologias avançadas.

spot_img

Artigos Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Fique Conectado
20,145FãsCurtir
51,215SeguidoresSeguir
23,456InscritosInscrever
Publicidadespot_img

Veja também

Brasilvest
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.