No cenário internacional de aviação, o ex-executivo da Stellantis, Carlos Tavares, acaba de liderar um consórcio que apresentou uma proposta de 17 milhões de euros para adquirir 85% da Azores Airlines.
A seguir, explicamos os detalhes do negócio, o contexto da companhia aérea e os potenciais impactos — incluindo o que isso pode significar para investidores e para o mercado de turismo europeu.
O que está em jogo?
O grupo Atlantic Connect Group, composto por Carlos Tavares e três parceiros, é o único consórcio que entrou com oferta pela Azores Airlines até o momento.
A proposta contempla 17 milhões de euros para levar 85% da empresa, segundo o próprio Tavares.
Entretanto, há condições: a oferta não inclui os serviços de voos entre as ilhas dos Açores, focando apenas em rotas internacionais e para o continente português.
Por que Tavares entra em aviação?
Para quem acompanhou a carreira de Tavares, sua trajetória está marcada por reestruturações: ele ganhou reputação por recuperar montadoras como a Nissan Motor Co., Ltd. e a antiga PSA Group, e depois supervisionou a fusão que criou a Stellantis.
Agora, ao mirar a Azores Airlines, ele declara que pretende atuar como presidente do conselho da empresa — deixando a gestão operacional para um CEO de aviação que escolherá.
Segundo Tavares, “precisamos mudar o modelo de negócios para tornar a companhia sustentável. Isso significa mudar a forma como geramos receita e a estrutura de custos.”
Contexto da Azores Airlines e desafios
A Azores Airlines pertence ao grupo regional dos Açores, arquipélago português localizado no meio do Atlântico‐Norte. Atualmente, a companhia enfrentou perdas significativas e uma dívida que cresceu para 422 milhões de euros em 2024, ante 378 milhões no ano anterior.
Em 2024, o prejuízo líquido chegou a 71,2 milhões de euros — mais do que o dobro da perda de 26,1 milhões em 2023.
Além disso, a venda da empresa é uma exigência da União Europeia para que o arquipélago cumpra obrigações relacionadas ao resgate estatal realizado anteriormente.
Impactos potenciais e o que observar
- O interesse de um executivo de alta relevância como Tavares sinaliza que o mercado europeu de rotas menores (como Açores) pode estar se tornando alvo de consolidações.
- O foco em rotas internacionais pode abrir a Azores Airlines para crescimento de tráfego de longa distância, especialmente América do Norte vs Europa.
Para os investidores e para Portugal
- A operação pode melhorar a sustentabilidade da companhia — se o plano de custos e receitas for bem executado.
- A venda do controle poderá atrair novos fluxos de capital estrangeiro para o arquipélago e para o setor de turismo regional.
- No entanto, o investimento é arriscado: perdas recentes e endividamento elevado exigem uma recuperação robusta.
Fatores de risco
- A execução do plano de reestruturação dependerá de acordos com sindicatos, renegociação de custos e capacidade de expandir rotas internacionais. Tavares já mencionou apoio dos funcionários.
- A recuperação do tráfego aérea global ainda enfrenta incertezas macroeconômicas, custos de combustível e competitividade.
- A “Parte intermediária”: como a venda exclui o serviço interilhas, a companhia precisará manter essa operação ou negociar separadamente.
Conclusão
A proposta de Carlos Tavares e seu consórcio pela Azores Airlines representa um movimento ousado e estratégico. Ela junta know-how de grande executivo com uma companhia com desafios claros.
O sucesso dependerá da execução do plano, das condições de mercado e da capacidade de expansão internacional.
Para investidores, vale observar fatores como a aceitação da oferta, aprovação regulatória, evolução financeira da companhia e mudanças na governança. Esta pode ser uma oportunidade de entrada em um mercado menos disputado, porém com riscos elevados.
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Perguntas Frequentes (FAQ)
Quem é Carlos Tavares?
É o executivo português que liderou a fusão que formou a Stellantis, antes disso atuou em montadoras como Nissan e PSA.
O que exatamente o consórcio ofereceu?
Uma oferta de 17 milhões de euros por 85% da Azores Airlines, excluindo os voos entre as ilhas dos Açores.
Quais os principais desafios da Azores Airlines?
Perdas operacionais crescentes, dívida elevada (422 milhões de euros em 2024) e necessidade de reestruturação de modelo de negócios.
Por que o negócio exclui os voos interilhas?
A proposta foca nas rotas internacionais e para o continente português; a linha interilhas ficou de fora, possivelmente para manter áreas do negócio público ou separadas.
Qual é o cronograma esperado para a transação?
Caso a oferta seja aceita, a operação avançará para fase de oferta vinculativa e a conclusão da transação está prevista para o segundo semestre de 2026.
O que investidores devem observar daqui para frente?
A aprovação regulatória da venda, evolução financeira da companhia, planos de reestruturação operacional, e a execução das rotas internacionais com sucesso.









