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domingo, novembro 30, 2025
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Tarifa zero no Brasil pode custar R$ 78 bilhões em 2026

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Um novo estudo reacendeu o debate sobre a tarifa zero nos ônibus brasileiros. A pesquisa, apresentada nesta quarta-feira (26) pela Frente Parlamentar em Defesa da Tarifa Zero, estima que a política custaria R$ 78 bilhões em 706 cidades já no próximo ano — um salto de 20% em relação aos R$ 65 bilhões gastos hoje com os sistemas de ônibus.

O cálculo não inclui metrô e trens, que adicionariam mais R$ 15 bilhões ao orçamento. Mesmo assim, o levantamento coloca na mesa um ponto central: é possível financiar a tarifa zero sem criar novos impostos?

Para os autores, a resposta é sim — desde que o vale-transporte, que completa 40 anos em dezembro, seja totalmente reformulado.

Como funcionaria o novo modelo de financiamento?

A proposta aposta em uma Contribuição para a Disponibilização do Transporte Público (CTP), uma espécie de aperfeiçoamento do vale-transporte. Segundo o estudo, a contribuição poderia gerar até R$ 80 bilhões, montante suficiente para bancar a tarifa zero nas cidades analisadas.

O modelo se inspira no sistema francês:

– Empresas com até 9 funcionários seriam isentas

– Empresas com 10 ou mais funcionários pagariam uma contribuição crescente, proporcional à folha

– O custo seria regionalizado, levando em conta a realidade de cada cidade

Os autores afirmam que a mudança não cria novo imposto, apenas reorganiza os recursos já existentes.

O economista André Veloso, um dos responsáveis pela pesquisa, destaca que o atual modelo é regressivo:

“Quem ganha menos paga proporcionalmente mais pelo transporte. O vale-transporte perdeu sentido para grande parte da população e precisa ser modernizado.”

Por que o sistema atual está em colapso?

O estudo mostra que o Brasil vive um declínio de passageiros há três décadas.

  • O auge do transporte público foi em 1995
  • Desde então, o número de usuários caiu drasticamente
  • Isso elevou tarifas e reduziu qualidade, criando um ciclo insustentável

Hoje, o país possui 137 cidades com tarifa zero, o maior número do mundo, mas todas ainda dependem de modelos próprios de subsídio.

Tarifas focadas x tarifa universal

Os pesquisadores compararam dois cenários:

  • Gratuidade apenas para inscritos no CadÚnico: custo de R$ 1.200,59 por passageiro
  • Tarifa zero universal: custo de R$ 827,04 por passageiro

Segundo os autores, a universalização reduz a necessidade de controles complexos e sistemas de validação — e sai mais barata por passageiro.

Especialistas divergem sobre a viabilidade

Nem todo mundo está convencido.

O economista Felipe Salto, da Warren Investimentos, afirma que a contribuição proposta:

– seria difícil de calibrar

– poderia mudar conforme o preço de combustíveis e outros custos

– estimularia fragmentação de empresas para evitar cobrança

– afetaria formalização e salários

Para ele, o cálculo “fecha na teoria, mas não na prática”.

Marcus Quintella, da FGV Transportes, vê a tarifa zero como positiva, mas alerta:

“O problema é a falta de transparência. Muitas cidades nem sabem o custo real do próprio sistema.”

Segundo ele, sem dados confiáveis, qualquer modelo pode se tornar inviável.

Conclusão: tarifa zero divide opiniões, mas pode mudar o transporte no país

O estudo mostra que é tecnicamente possível financiar a tarifa zero, desde que o vale-transporte seja totalmente reestruturado.

Mas também deixa claro que o país enfrenta um problema estrutural: sem transparência e novos modelos de gestão, o transporte continuará caro e ineficiente.

Para acompanhar as propostas que podem transformar a mobilidade urbana no Brasil, continue navegando pelo Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Quanto custaria implementar tarifa zero nos ônibus do Brasil?

O custo estimado é de R$ 78 bilhões em 2026, um aumento de 20% em relação ao gasto atual.

O estudo inclui metrô e trem?

Não. Esses modais adicionariam mais R$ 15 bilhões ao orçamento anual.

Como seria financiada a tarifa zero?

Por meio da reformulação do vale-transporte, criando uma contribuição das empresas proporcional à folha, sem novos impostos.

Empresas pequenas pagariam a contribuição?

Não. Negócios com até 9 funcionários ficariam isentos.

Tarifa zero universal é mais cara que a focalizada?

Não. A universal custa menos por passageiro que uma política restrita ao CadÚnico.

Por que tantos especialistas são céticos?

Por dúvidas sobre transparência dos custos do transporte e a dificuldade prática de calibrar a contribuição empresarial.

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