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segunda-feira, dezembro 29, 2025
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Crise nos Correios: afinal, ainda existe alguém disposto a comprar a estatal?

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Os Correios atravessam uma das fases mais delicadas de sua história — e o mercado quer saber: ainda existe alguém interessado em comprar a estatal?
A resposta, segundo especialistas que acompanharam as discussões de privatização nos últimos anos, é cada vez mais próxima de um não.

Na última quarta-feira (26), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não há qualquer debate interno no Governo Federal sobre privatizar os Correios. O tema, que já mobilizou investidores relevantes, hoje perdeu força.

Por que antes havia interesse — e agora não tem mais?

Entre 2020 e 2021, gigantes como Magazine Luiza (MGLU3), Amazon (AMZN34), FedEx e DHL chegaram a aparecer como potenciais compradoras.
Na época, o projeto chegou a passar pela Câmara, mas travou no Senado.

O motivo do interesse era claro:

  • explosão do e-commerce
  • dependência da capilaridade dos Correios
  • ausência de concorrentes com cobertura nacional

Mas esse cenário mudou profundamente.

As varejistas evoluíram — e deixaram os Correios para trás

Nos últimos anos, grandes empresas do varejo construíram suas próprias malhas logísticas, oferecendo:

  • fretes mais baratos
  • entregas mais rápidas
  • serviços completos para lojistas parceiros

Isso reduziu drasticamente o volume que antes passava pelos Correios.

Segundo um executivo ouvido pelo Money Times:

“O serviço nunca foi barato. Sempre foi ok, mas nunca excepcional.”

Hoje, até mesmo empresas que ainda utilizam a estatal fazem isso de forma limitada — em média, só 10% a 15% de seus envios.

Capilaridade ainda existe — mas não salva o negócio

Sim, os Correios seguem sendo os únicos a chegar em certas regiões do país.
Mas, para o tamanho do custo fixo da estatal, esse volume é muito pequeno para sustentar a operação.

O CFO do Mercado Livre, João Paulo Lima, resumiu bem:

“Nós somos clientes, mas construímos nossa estrutura para a maioria dos consumidores.”

O golpe final: o fim do Remessa Conforme

Por anos, os Correios dominaram o fluxo de encomendas internacionais, especialmente as vindas da China.
Mas o avanço de novas transportadoras reduziu essa hegemonia.

E a mudança que realmente derrubou o faturamento foi:

  • o fim da aplicação do Remessa Conforme para diversas plataformas
  • queda no volume de pacotes importados
  • redução drástica na receita internacional da estatal

Hoje, os Correios disputam um mercado menor, mais concorrido e com margens mais apertadas.

O grande problema: custos explosivos e passivos pesados

Além da perda de competitividade, os Correios carregam três bombas:

  • passivo trabalhista gigante
  • passivo previdenciário ainda maior
  • plano de saúde altamente deficitário

Segundo executivos do setor:

“Nenhuma empresa hoje conseguiria fazer o turnaround com a estrutura atual. É um ativo impossível de ser vendido.”

E mais: qualquer reestruturação exigiria demissões em massa, abrindo enorme risco reputacional para qualquer comprador privado.

A estatal ainda tem valor — mas muito menor do que antes

Consultores afirmam que os Correios continuam sendo um ativo relevante.
Mas, diante da concorrência e da estrutura pesada, a estatal perdeu espaço e atratividade.

Para voltar a ser competitiva, precisará ser:

  • mais agressiva
  • mais eficiente
  • mais enxuta
  • mais barata

Movimentos difíceis dentro da burocracia pública atual.

Conclusão: privatizar os Correios hoje parece improvável — e poucos querem entrar nessa disputa

Com custos gigantes, perda de mercado, queda no volume de entregas internacionais e um ambiente altamente competitivo, os Correios deixaram de ser o “prêmio” que grandes players buscavam no passado.

A discussão sobre privatização parece distante — e o número de interessados, menor ainda.

Para continuar acompanhando os bastidores da economia e dos grandes setores do Brasil, continue navegando pelo Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

O governo quer privatizar os Correios?

Não. Segundo Haddad, não há qualquer debate interno sobre privatização no momento.

Por que as empresas perderam interesse?

Porque evoluíram suas próprias redes logísticas e deixaram de depender da estatal.

A capilaridade dos Correios ainda é uma vantagem?

Sim, mas hoje não é suficiente para tornar a empresa rentável.

O que foi o Remessa Conforme?

Um programa que facilitava importações de pequeno valor e impulsionava o volume internacional dos Correios.

Qual o maior problema da estatal?

Seus altos custos operacionais e passivos trabalhistas e previdenciários.

Os Correios ainda podem se recuperar?

Sim, mas só com uma reestruturação profunda e mais competitividade.

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