Siga-nos no Instagram: @brasilvest.news
Os Correios atravessam uma das fases mais delicadas de sua história — e o mercado quer saber: ainda existe alguém interessado em comprar a estatal?
A resposta, segundo especialistas que acompanharam as discussões de privatização nos últimos anos, é cada vez mais próxima de um não.
Na última quarta-feira (26), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não há qualquer debate interno no Governo Federal sobre privatizar os Correios. O tema, que já mobilizou investidores relevantes, hoje perdeu força.
Por que antes havia interesse — e agora não tem mais?
Entre 2020 e 2021, gigantes como Magazine Luiza (MGLU3), Amazon (AMZN34), FedEx e DHL chegaram a aparecer como potenciais compradoras.
Na época, o projeto chegou a passar pela Câmara, mas travou no Senado.
O motivo do interesse era claro:
- explosão do e-commerce
- dependência da capilaridade dos Correios
- ausência de concorrentes com cobertura nacional
Mas esse cenário mudou profundamente.
As varejistas evoluíram — e deixaram os Correios para trás
Nos últimos anos, grandes empresas do varejo construíram suas próprias malhas logísticas, oferecendo:
- fretes mais baratos
- entregas mais rápidas
- serviços completos para lojistas parceiros
Isso reduziu drasticamente o volume que antes passava pelos Correios.
Segundo um executivo ouvido pelo Money Times:
“O serviço nunca foi barato. Sempre foi ok, mas nunca excepcional.”
Hoje, até mesmo empresas que ainda utilizam a estatal fazem isso de forma limitada — em média, só 10% a 15% de seus envios.
Capilaridade ainda existe — mas não salva o negócio
Sim, os Correios seguem sendo os únicos a chegar em certas regiões do país.
Mas, para o tamanho do custo fixo da estatal, esse volume é muito pequeno para sustentar a operação.
O CFO do Mercado Livre, João Paulo Lima, resumiu bem:
“Nós somos clientes, mas construímos nossa estrutura para a maioria dos consumidores.”
O golpe final: o fim do Remessa Conforme
Por anos, os Correios dominaram o fluxo de encomendas internacionais, especialmente as vindas da China.
Mas o avanço de novas transportadoras reduziu essa hegemonia.
E a mudança que realmente derrubou o faturamento foi:
- o fim da aplicação do Remessa Conforme para diversas plataformas
- queda no volume de pacotes importados
- redução drástica na receita internacional da estatal
Hoje, os Correios disputam um mercado menor, mais concorrido e com margens mais apertadas.
O grande problema: custos explosivos e passivos pesados
Além da perda de competitividade, os Correios carregam três bombas:
- passivo trabalhista gigante
- passivo previdenciário ainda maior
- plano de saúde altamente deficitário
Segundo executivos do setor:
“Nenhuma empresa hoje conseguiria fazer o turnaround com a estrutura atual. É um ativo impossível de ser vendido.”
E mais: qualquer reestruturação exigiria demissões em massa, abrindo enorme risco reputacional para qualquer comprador privado.
A estatal ainda tem valor — mas muito menor do que antes
Consultores afirmam que os Correios continuam sendo um ativo relevante.
Mas, diante da concorrência e da estrutura pesada, a estatal perdeu espaço e atratividade.
Para voltar a ser competitiva, precisará ser:
- mais agressiva
- mais eficiente
- mais enxuta
- mais barata
Movimentos difíceis dentro da burocracia pública atual.
Conclusão: privatizar os Correios hoje parece improvável — e poucos querem entrar nessa disputa
Com custos gigantes, perda de mercado, queda no volume de entregas internacionais e um ambiente altamente competitivo, os Correios deixaram de ser o “prêmio” que grandes players buscavam no passado.
A discussão sobre privatização parece distante — e o número de interessados, menor ainda.
Para continuar acompanhando os bastidores da economia e dos grandes setores do Brasil, continue navegando pelo Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQs)
O governo quer privatizar os Correios?
Não. Segundo Haddad, não há qualquer debate interno sobre privatização no momento.
Por que as empresas perderam interesse?
Porque evoluíram suas próprias redes logísticas e deixaram de depender da estatal.
A capilaridade dos Correios ainda é uma vantagem?
Sim, mas hoje não é suficiente para tornar a empresa rentável.
O que foi o Remessa Conforme?
Um programa que facilitava importações de pequeno valor e impulsionava o volume internacional dos Correios.
Qual o maior problema da estatal?
Seus altos custos operacionais e passivos trabalhistas e previdenciários.
Os Correios ainda podem se recuperar?
Sim, mas só com uma reestruturação profunda e mais competitividade.









