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segunda-feira, dezembro 29, 2025
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PF mira surto de vírus letal em ararinhas-azuis e investiga possíveis falhas no criadouro da espécie

A Polícia Federal deflagrou, na última quarta-feira, uma operação para investigar o surto de um vírus letal que atingiu ararinhas-azuis em Curaçá (BA), município que abriga o maior núcleo de conservação da ave no país. A espécie, considerada extinta na natureza, é uma das mais raras do mundo e está no centro de um alerta biológico que pode ameaçar décadas de esforços de preservação.

A ação, batizada de Operação Blue Hope, cumpre cinco mandados de busca e apreensão e conta com apreensão de celulares e computadores da empresa responsável pelo criadouro.

O que motivou a operação da PF?

Segundo a corporação, há indícios de que protocolos sanitários obrigatórios foram descumpridos, permitindo a entrada e a propagação do circovírus, agente responsável por uma doença fatal entre psitacídeos — grupo que inclui araras, papagaios e periquitos.

Os investigados podem responder por:

  • Disseminação de doença que causa dano à fauna
  • Morte de animais silvestres
  • Obstrução de fiscalização ambiental

Até o momento, não há registros de ararinhas mortas, mas o risco é considerado extremamente elevado.

Qual é o papel do Criadouro Ararinha-azul no caso?

O criadouro, responsável pelas aves mantidas em Curaçá, foi alvo dos mandados de busca. Em nota, a empresa afirmou ter “tranquilidade” quanto à investigação e declarou que foi o próprio criadouro que notificou a existência do vírus às autoridades ambientais.

A instituição defende que:

  • Sempre atuou de forma regular e lícita
  • Seguiu todos os protocolos exigidos pelos governos brasileiro e alemão
  • A investigação deve confirmar sua idoneidade

Qual é a situação das ararinhas contaminadas?

De acordo com o ICMBio, 31 das 103 ararinhas em Curaçá testaram positivo para o circovírus — incluindo todas as 11 que estavam soltas na natureza e foram recapturadas.

O vírus:

  • Não tem cura
  • Provoca alta mortalidade
  • Causa a chamada doença do bico e das penas, com sintomas como deformações e penas esbranquiçadas

Apesar da gravidade, a recaptura das aves só ocorreu em novembro, meses após os primeiros testes positivos, e apenas após ordem judicial.
O criadouro havia resistido à recomendação do governo, alegando que o procedimento não era necessário.

Especialistas acreditam que todas as aves do criadouro podem estar infectadas — uma possibilidade negada pela empresa, que contesta os resultados dos testes.

Um histórico de atritos e polêmicas

A situação é agravada pelo histórico da instituição. O Criadouro Ararinha-azul, antigo Blue Sky, foi fundado por Ugo Vercillo, ex-servidor do ICMBio ligado à ONG alemã ACTP, que no passado deteve 90% de todas as ararinhas-azuis do mundo.

Investigações anteriores mostraram:

  • Transações milionárias da ONG com ararinhas na Europa, consideradas pelo governo brasileiro como comerciais e inadequadas
  • Rompimento do contrato do ICMBio com a ACTP em 2024, após irregularidades
  • Transferência da responsabilidade do manejo para o criadouro de Curaçá

Atualmente, a distribuição global das ararinhas é:

  • 103 no criadouro de Curaçá
  • 27 no Zoológico de São Paulo
  • 158 na ACTP, na Alemanha

Criadouro multado por falhas sanitárias

No dia 25, o ICMBio multou Vercillo e o criadouro em R$ 1,8 milhão, alegando:

  • Acúmulo de fezes e restos de comida nos recintos
  • Falta de limpeza diária
  • Funcionários usando chinelo, bermuda e camiseta, sem EPI adequado

A empresa rebateu com fotos não datadas mostrando ambientes limpos e equipes equipadas.

Como o vírus chegou ao Brasil?

Segundo o ICMBio, uma ave enviada pela ACTP ao Brasil teve um teste positivo para circovírus em janeiro de 2025.
A ONG afirma que foi um falso positivo e que a ave só viajou após resultado negativo.

O criadouro garante que:

  • Todas as exigências de importação foram cumpridas
  • A ave não teve contato com as contaminadas

Conclusão

A operação da PF expõe a gravidade de um surto que ameaça uma das espécies mais raras do planeta. Com dezenas de ararinhas-azuis infectadas e suspeitas de falhas sanitárias, o caso agora depende de investigações profundas para entender como o vírus entrou no país e se houve negligência no manejo da espécie.

Para acompanhar as próximas atualizações sobre este caso e outras notícias ambientais, continue navegando pelo Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

O que levou a PF a investigar o criadouro?

Indícios de descumprimento de protocolos sanitários e possível propagação do circovírus entre as ararinhas-azuis.

As aves estão morrendo?

Ainda não há registros de mortes, mas o vírus costuma ser fatal na maioria dos casos.

O circovírus representa risco para humanos?

Não. O vírus não afeta pessoas nem aves de produção.

Por que a recaptura demorou?

O criadouro resistiu à recomendação inicial do governo, alegando que não era necessária. A ação só ocorreu após ordem judicial.

O criadouro foi multado?

Sim. O ICMBio aplicou multa de R$ 1,8 milhão por falhas de biossegurança.

A investigação pode responsabilizar a ACTP?

Ainda não há conclusão, mas o histórico da ONG e a chegada de uma ave com suspeita de contaminação serão avaliados.

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