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segunda-feira, dezembro 29, 2025
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Estrangeiros surfam o rali da Bolsa enquanto o investidor brasileiro fica para trás — e agora?

O rali do Ibovespa em 2025 tem um protagonista claro — e não é o investidor brasileiro. Com a Bolsa acumulando alta de 34% no ano, quem realmente está colhendo os frutos desse movimento são os investidores estrangeiros, enquanto o investidor local, mesmo vendo o índice bater recorde atrás de recorde, continua fora da festa.

Os dados mostram a disparidade: os fundos de ações no Brasil registraram resgates de R$ 52,8 bilhões até outubro, o maior da série histórica iniciada em 2006. Ao mesmo tempo, os números da B3 revelam que brasileiros — tanto pessoas físicas quanto institucionais — reduziram posições em novembro, mês em que a Bolsa subiu impressionantes 7,7%.

Quem assumiu o espaço deixado pelos locais foram os estrangeiros: só em novembro, eles aportaram R$ 2,5 bilhões, e no acumulado do ano já somam R$ 28 bilhões. Em cinco anos, passaram de 47% para 59% da participação nos negócios, tomando definitivamente o protagonismo.

Por que o investidor local está perdendo o rali?

A resposta é direta: Selic de 15%, a maior em quase duas décadas.

Com juros tão altos, a renda fixa se torna extremamente atrativa. Por isso, investidores que entraram na Bolsa no ciclo de juros baixos (quando a Selic estava em 2%, em 2020) agora recuam. Naquele período, a pessoa física chegou a representar 21,4% do volume da Bolsa; hoje, não chega a 12%.

Além disso, produtos isentos de IR — LCIs, LCAs e debêntures incentivadas — geram uma distorção no mercado e deixam a renda variável em desvantagem no curto prazo.

Mesmo com as projeções de que o Banco Central deve começar a cortar a Selic em 2026, gestores afirmam que isso ainda não basta para trazer o investidor local de volta. O movimento só deve mudar quando o BC de fato iniciar o ciclo de queda.

As ações já estão caras? Depende do critério

Os gestores consultados trabalham com dois cenários possíveis. O principal indicador analisado é o P/L (Preço/Lucro), que compara o valor de mercado das ações com o lucro das empresas em 12 meses.

Pelos cálculos do BTG Pactual, mesmo com a alta forte do ano, a Bolsa ainda está barata:

  • P/L projetado (sem Petrobras e Vale): 10,4
  • Média histórica: 11,9
  • P/L incluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3): 8,9

Ou seja, há espaço para valorização — especialmente se os lucros das empresas aumentarem com a esperada queda da Selic em 2026.

E os estrangeiros? Vão continuar comprando?

Tudo indica que sim.

Com os juros nos Estados Unidos devendo terminar 2025 entre 3,50% e 3,75%, muitos investidores globais buscam mercados mais rentáveis. Esse movimento não beneficia apenas o Brasil: México, Chile, Colômbia e outros emergentes também estão surfando essa onda.

O principal ETF de emergentes, o iShares MSCI Emerging Markets, sobe 29% no ano. E o Ibovespa, quando convertido para dólar, salta mais de 50% — o que torna a Bolsa brasileira ainda mais atrativa para gringos.

Para bater o recorde histórico em dólar, o índice ainda teria de subir até 238 mil pontos. Ou seja, do ponto de vista internacional, a festa está longe de acabar — mas não há garantia de que isso se manterá.

Conclusão: rali segue forte, mas o investidor local está ficando para trás

O rali do Ibovespa tem sido impulsionado pelo estrangeiro, enquanto investidores brasileiros continuam fora da renda variável. Com juros ainda muito altos, a migração para ações só deve ficar mais forte quando a Selic começar a cair de verdade.

Até lá, o investidor brasileiro corre o risco de perder o melhor momento da Bolsa, enquanto o capital internacional segue aproveitando o movimento.

Para continuar acompanhando o comportamento do estrangeiro, da Selic e do Ibovespa em 2026, continue navegando pelo Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Por que o estrangeiro domina o rali do Ibovespa?

Porque os juros internacionais estão caindo, tornando o Brasil mais atrativo, enquanto o investidor local permanece preso à renda fixa.

O investidor brasileiro está mesmo saindo da Bolsa?

Sim. Os fundos de ações registram resgates recordes, e dados da B3 mostram redução das posições de pessoas físicas e institucionais.

As ações brasileiras estão caras?

Não necessariamente. Pelo P/L projetado, a Bolsa ainda negocia abaixo da média histórica, indicando espaço para valorização.

Quando o investidor local deve voltar para a Bolsa?

Quando o Banco Central iniciar o ciclo de corte da Selic e a renda fixa deixar de ser tão vantajosa.

O fluxo estrangeiro vai continuar positivo?

A tendência é que sim, pelo menos no curto prazo, com juros menores nos EUA e maior busca por mercados emergentes.

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