Entenda como o excesso de consumo pode pressionar os preços e desestabilizar a economia brasileira.
A inflação de demanda acontece quando o consumo das famílias e das empresas cresce mais rápido do que a capacidade da economia de produzir bens e serviços. Ou seja: tem muita gente querendo comprar, mas o mercado não consegue atender à altura. O resultado? Os preços sobem, mesmo sem aumento nos custos de produção ou choques externos.
Esse fenômeno é típico de momentos em que há crédito farto, aumento da renda ou políticas públicas que injetam dinheiro diretamente na economia. No Brasil, um dos exemplos mais recentes foi o período pós-pandemia: com os auxílios emergenciais e a retomada das atividades, a população voltou a consumir — e a inflação disparou.
Hoje, embora os índices estejam sob controle, especialistas já acendem o alerta. Caso o governo opte por medidas de estímulo sem equilíbrio fiscal — como ampliação de gastos, reajustes salariais acelerados ou crédito subsidiado —, há risco de o consumo voltar a crescer mais do que a oferta. E a consequência é uma nova espiral inflacionária.
Políticas populistas de curto prazo, mesmo bem-intencionadas, podem aquecer artificialmente a demanda. Quando isso ocorre sem ganho real de produtividade ou aumento da produção, os preços inevitavelmente sobem. Isso obriga o Banco Central a reagir, elevando a taxa Selic — o que encarece o crédito, reduz investimentos e freia a economia.
Outro impacto direto é no bolso da população. A inflação de demanda corrói o poder de compra, afeta o custo de vida e pressiona setores como alimentação, moradia e transporte. E, diferente de choques externos, esse tipo de inflação costuma ser mais difícil de reverter rapidamente.
Por isso, entender como funciona esse mecanismo é crucial para qualquer cidadão que deseje acompanhar de perto a economia brasileira. Mais do que um conceito técnico, a inflação de demanda é um sinal claro de que o equilíbrio entre consumo e produção continua sendo um dos maiores desafios para garantir crescimento com estabilidade.