A divulgação do IPCA de novembro trouxe um daqueles resultados que misturam surpresa e alívio. Mesmo com o salto das passagens aéreas, a inflação ficou abaixo do esperado, reforçando a percepção de que o processo de desinflação segue firme. Para quem tenta entender os movimentos da economia, o dado acende um alerta, mas também traz sinais positivos para os próximos meses.
O índice subiu 0,18% em novembro, acima dos 0,09% registrados em outubro, porém abaixo da projeção de 0,20% esperada por analistas. No acumulado de 12 meses, chegou a 4,46%, mantendo-se dentro do que o mercado já vinha monitorando.
A seguir, você entende o que pressionou o índice, o que ajudou a conter a alta e como especialistas interpretaram esse movimento.
O que puxou a inflação para cima em novembro?
O grande destaque do mês veio das passagens aéreas, que dispararam 11,9%, sendo responsáveis por 0,07 ponto percentual do índice. A energia elétrica residencial também subiu, influenciada por reajustes tarifários em algumas regiões. Dentro dos serviços, o custo de hospedagem ganhou força, especialmente em Belém, onde a COP-30 fez o subitem saltar cerca de 178%.
Mesmo com essas pressões, o IPCA não superou as expectativas — e isso tem explicação.
O que ficou mais barato e ajudou a segurar o índice?
O alívio veio de itens essenciais do dia a dia. O grupo de higiene pessoal caiu -1,07%, enquanto alimentos importantes na mesa dos brasileiros tiveram recuos expressivos.
O tomate caiu -10,38% e o arroz, produto básico do consumo nacional, teve queda de -2,86%. O gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, destacou que “o cereal registrou uma trajetória de variações negativas ao longo de todo o ano de 2025, acumulando queda de 25%”.
Esses movimentos ajudaram o grupo Alimentação e Bebidas a fechar o mês em leve variação negativa, mesmo com a alta na alimentação fora do domicílio.
O que dizem os economistas sobre o resultado?
A economista Mariana Rodrigues, da SulAmérica Investimentos, avaliou que o dado reforça a continuidade do processo de desinflação:
“O dado refletiu a queda nos preços de bens industriais, influenciada pelos descontos da Black Friday, somada à alimentação no domicílio, que continuou em trajetória deflacionária e ainda não registrou a pressão sazonal típica do fim do ano — fator que contribui para manter a inflação abaixo da meta”.
Ela ainda completa: “No geral, foi um número sem novidades relevantes na composição, reforçando a continuidade do processo de desinflação gradual, mas com pontos de atenção, como o elevado patamar da inflação de serviços intensivos em mão de obra.”
Ela reforça que o número não altera a perspectiva atual do Banco Central — e que os cortes de juros seguem no radar a partir de março.
Como o IPCA afeta o mercado imobiliário de alto padrão?
O setor imobiliário premium também acompanhou de perto o dado. Segundo João Pedro Camargo, sócio da LIV Inc – Kopstein:
“O cenário macro começa a oferecer maior previsibilidade. Isso reduz a incerteza sobre custos e retomadas de investimento.Incorporadoras e investidores conseguem planejar lançamentos, obras e estoques com horizonte mais claro. Além disso, a estabilidade inflacionária reforça o papel de imóveis de luxo como ativos reais e refúgio patrimonial, o que tende a manter demanda seletiva por imóveis exclusivos e bem posicionados.”
Para ele, o resultado reforça a confiança no ciclo de médio prazo do setor.
Onde a inflação subiu mais — e onde caiu?
A maior alta ocorreu em Goiânia, com inflação de 0,44%, puxada por energia elétrica (+13,02%) e carnes (+1,78%). A menor variação veio de Aracaju, com queda de -0,10%, influenciada pela redução nos preços de conserto de automóvel e gasolina.
O INPC, que mede a inflação para famílias de menor renda, registrou alta modesta de 0,03%, mantendo-se bem comportado.
Conclusão: o que esperar nos próximos meses?
O resultado de novembro indica que a inflação continua em trajetória controlada, apesar de choques específicos em serviços e energia. O ambiente econômico segue mais previsível — um ponto importante para decisões de investimento, consumo e políticas públicas.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O que mais puxou a inflação de novembro?
As passagens aéreas, que subiram 11,9%, e a energia elétrica residencial.
Por que alguns alimentos ficaram mais baratos?
A oferta favorecida e condições de safra ajudaram a reduzir itens como tomate e arroz.
A inflação veio abaixo do esperado?
Sim. O IPCA registrou 0,18%, contra estimativa de 0,20%.
O resultado muda a estratégia do Banco Central?
Segundo economistas, não. A projeção de cortes permanece para março.
Quais cidades tiveram maior e menor inflação no mês?
Goiânia teve a maior alta (0,44%) e Aracaju a maior queda (-0,10%).
O IPCA influencia o mercado imobiliário?
Sim. Uma inflação mais estável melhora previsibilidade e reduz riscos para incorporadoras e investidores.









