Versão brasileira da moeda digital deve chegar ao público em breve e promete transformar o sistema financeiro.
O Banco Central está avançando na implementação do Drex, o Real Digital — versão oficial e programável da moeda brasileira, que será operada em blockchain e integrada ao sistema financeiro nacional. A promessa é revolucionar desde transferências entre pessoas até aplicações financeiras, com segurança reforçada, rastreabilidade e custos mais baixos.
Diferente do Pix, que é apenas um sistema de transferência instantânea, o Drex é uma moeda digital de fato. Segundo o BC, ela funcionará como uma extensão do real em circulação, com lastro total, mas operada em plataforma DLT (tecnologia de livro-razão distribuído). Isso permitirá pagamentos automatizados, smart contracts e integração com produtos financeiros digitais — de investimentos tokenizados a hipotecas inteligentes.
“O Drex vai além da digitalização: ele muda a lógica das transações financeiras”, explicou o economista Bruno Diniz, da consultoria Spiralem, em entrevista à Reuters. Ele destaca que a moeda poderá ser usada para automatizar desde o pagamento de contas até a execução de contratos de aluguel, com total transparência para as partes envolvidas.
O projeto-piloto do Drex já foi testado com grandes bancos, fintechs e plataformas de tecnologia, incluindo nomes como Itaú, Santander, Nubank, Mercado Pago e Microsoft. A ideia é que, ao longo de 2025, o Real Digital comece a ser disponibilizado gradualmente para a população, com prioridade para carteiras digitais, sistemas bancários e empresas de serviços.
Um dos pontos centrais da proposta é ampliar o acesso ao crédito e à inclusão financeira. Ao permitir o fracionamento e a automação de garantias, o Drex pode facilitar empréstimos, reduzir fraudes e diminuir a burocracia em diversas operações — inclusive no mercado de capitais.
Especialistas alertam, no entanto, que o sucesso do Real Digital dependerá da confiança da população e da clareza sobre a governança dos dados. “A moeda pode trazer avanços enormes, mas precisa ser acompanhada de transparência e regulação firme”, observou Tatiana Revoredo, especialista do MIT em blockchain, ao Estadão.
Com potencial para redesenhar o sistema bancário e de pagamentos, o Drex pode fazer o Brasil dar um salto em inovação financeira — desde que as promessas se cumpram e os riscos não sejam subestimados.