A China ultrapassou a Rússia e virou o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil em 2025. O movimento, que à primeira vista parece apenas comercial, acende um alerta estratégico para o agronegócio brasileiro, especialmente para as próximas safras.
O motivo da virada está diretamente ligado ao aumento dos preços globais dos insumos e à mudança no comportamento de compra dos produtores rurais, que passaram a buscar alternativas mais baratas, mesmo com menor concentração de nutrientes.
O que explica a virada da China sobre a Rússia?
Com conflitos internacionais, custos de produção mais altos e pressão logística, fertilizantes tradicionais ficaram mais caros. Diante disso, importadores brasileiros passaram a priorizar produtos de menor concentração, mas com maior disponibilidade e preço mais acessível.
Foi nesse cenário que a China ganhou espaço. Entre janeiro e outubro, as compras brasileiras de sulfato de amônio cresceram 44% em relação a 2024 — e 99% desse volume veio da China.
Por que o sulfato de amônio virou protagonista?
A explicação está no preço. A ureia, que tem 46% de nitrogênio, ficou 13% mais cara em outubro de 2025 na comparação anual. Já o sulfato de amônio, com cerca de 21% de nitrogênio, passou a ser visto como uma alternativa viável para reduzir custos imediatos.
O problema é que, para obter o mesmo efeito agronômico, é preciso usar volumes muito maiores, o que gera impactos fora do campo.
E o mercado de fosfatados, também mudou?
Sim. No cultivo da soja, o movimento foi parecido. O MAP 11-52, fertilizante com alta concentração de fósforo e forte presença russa, encareceu. Como resposta, produtores migraram para o Superfosfato Simples (SSP), que tem menor teor do nutriente.
Nesse segmento, a China respondeu por 24% do SSP importado pelo Brasil, reforçando a troca de protagonismo com a Rússia.
A Rússia perdeu importância no Brasil?
Ainda não. Apesar da China ter assumido a dianteira, os números mostram equilíbrio. De janeiro a outubro, o Brasil importou 38,3 milhões de toneladas de fertilizantes. China e Rússia responderam juntas por 50% desse total, com 25% para cada lado — diferença mínima a favor dos chineses.
Ou seja, o alerta não é de ruptura, mas de dependência crescente.
Onde está o maior risco para o Brasil?
O principal ponto de atenção é que o mercado chinês é fortemente regulado. Em períodos de alta demanda interna, o governo pode restringir exportações, deixando o Brasil com poucas opções e forçando compras mais caras em outros mercados.
Além disso, fertilizantes de baixa concentração exigem mais transporte, mais armazenagem e mais logística, o que pode anular parte da economia feita no preço do produto.
O que esperar das próximas safras?
Para a soja 2025/26 e o milho da primeira safra, os volumes estão praticamente garantidos. Já no caso do milho safrinha, cerca de 75% dos nutrientes já foram comprados.
O foco agora está na safra 2026/27, que ainda tem volumes em aberto. A tendência, segundo especialistas, é de antecipação nas compras e manutenção da preferência por produtos de menor concentração.
Por que isso importa para o investidor?
Mudanças no mercado de fertilizantes impactam custos, margens, logística e resultados de empresas ligadas ao agronegócio, papel e celulose e alimentos. Qualquer instabilidade geopolítica pode mexer com preços e oferta rapidamente.
Continue navegando pelo Brasilvest e fique à frente das mudanças que impactam o Brasil.
Perguntas Frequentes (FAQs)
Por que a China virou a principal fornecedora de fertilizantes?
Porque o Brasil passou a comprar produtos mais baratos e disponíveis, mesmo com menor concentração de nutrientes.
A Rússia deixou de ser relevante?
Não. Ela segue como um dos maiores fornecedores, praticamente empatada com a China em volume total.
O sulfato de amônio substitui a ureia?
Parcialmente. Ele é mais barato, mas exige maior volume para o mesmo efeito.
Qual é o maior risco dessa dependência?
Restrições de exportação da China em momentos de alta demanda interna.
Isso afeta o preço dos alimentos?
Pode afetar, sim, caso os custos logísticos e de insumos aumentem.
As próximas safras estão garantidas?
A safra atual está segura, mas 2026/27 ainda exige atenção.








