Mesmo com o petróleo despencando no mercado internacional, o consumidor brasileiro segue pagando caro na bomba. Dados recentes mostram que a Petrobras (PETR4) está cobrando 11% a mais por litro de gasolina em relação ao preço de paridade de importação (PPI) — um sinal claro de que a política de preços da estatal entrou em uma nova fase.
E o motivo vai muito além do custo do barril.
Petrobras mantém gasolina acima do preço de paridade
Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), nesta terça-feira (16), o preço da gasolina vendida pela Petrobras estava R$ 0,29 acima do valor que seria praticado caso seguisse estritamente a paridade internacional.
Esse descolamento acontece mesmo com o petróleo em forte queda desde outubro. O barril do WTI opera perto de US$ 55, o menor patamar desde janeiro de 2021.
Ou seja: o combustível poderia estar mais barato, mas não está.
A lógica mudou: menos mercado, mais caixa
Desde o início da gestão de Magda Chambriard, a Petrobras defendia uma estratégia de proteger participação de mercado, mesmo que isso significasse “abrasileirar” os preços e se afastar do PPI.
Agora, segundo analistas, o jogo virou.
Para Adriano Pires, sócio-fundador da CBIE, a estatal passou a priorizar preservar receita diante de um cenário mais desafiador para o petróleo em 2026.
Com preços internacionais mais baixos e alta volatilidade, a Petrobras estaria adiando reajustes para evitar queda brusca no faturamento.
Petróleo barato aperta o caixa da estatal
O cenário preocupa porque a Petrobras entra em 2026 com desafios relevantes.
A empresa encerrou o terceiro trimestre de 2025 com dívida líquida de US$ 59,1 bilhões, bem acima dos US$ 44,2 bilhões registrados um ano antes.
Além disso, o plano estratégico prevê US$ 109 bilhões em investimentos entre 2026 e 2030.
Com petróleo barato, gerar caixa fica mais difícil — e segurar preços mais altos no mercado interno vira uma forma de compensação.
Eleições no radar e reajustes represados
Outro ponto sensível é o calendário político.
Analistas avaliam que a Petrobras pode estar empurrando reajustes para mais perto das eleições presidenciais de 2026, concentrando o impacto em um momento politicamente mais delicado.
Isso aumenta a incerteza para:
- investidores
- importadores
- consumidores
E reacende o debate sobre o equilíbrio entre política de preços, caixa da empresa e inflação.
O que isso significa para o consumidor e o investidor?
Para quem abastece, a consequência é clara: preços mais altos do que o mercado internacional permitiria.
Para investidores, o cenário mistura pontos positivos e riscos:
- mais receita no curto prazo
- menor previsibilidade da política de preços
- maior interferência política percebida
O comportamento da Petrobras volta ao centro das atenções — e qualquer mudança pode mexer com ações, dividendos e inflação.
Se você acompanha o mercado e quer entender como decisões da Petrobras impactam seus investimentos e o bolso do consumidor, continue navegando pelo Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQs)
A Petrobras está cobrando acima do preço internacional?
Sim. A gasolina está cerca de 11% acima do PPI, segundo a Abicom.
Por que a Petrobras não reduz o preço?
Para preservar receita em um cenário de petróleo mais barato e caixa pressionado.
O petróleo realmente caiu tanto?
Sim. O WTI opera no menor nível desde janeiro de 2021.
Isso pode mudar em 2026?
Pode. Mas o cenário político e fiscal adiciona incerteza.
A política de preços afeta os investidores?
Diretamente. Impacta receita, dividendos e percepção de risco.









