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segunda-feira, dezembro 29, 2025
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Alta gestão no Brasil segue branca e masculina

A diversidade ainda não chegou à sala de decisões da maioria das empresas brasileiras. Um levantamento recente escancarou um dado incômodo: a alta gestão corporativa no Brasil continua majoritariamente branca e masculina, distante da realidade da população do país. O resultado expõe um gargalo estrutural que resiste mesmo após avanços no acesso à educação e ao mercado de trabalho.

O que o estudo revelou sobre diversidade nas empresas?

A análise, feita a partir de dados públicos de 403 companhias de médio e grande porte listadas na CVM, mostrou que 75% das empresas não têm nenhum negro ou indígena em suas diretorias. O cenário é ainda mais crítico nos conselhos de administração, onde 84% das companhias não possuem qualquer representatividade racial.

Quando o foco é o conselho fiscal, o quadro pouco muda: 80% das empresas seguem sem negros ou indígenas nesses cargos. Os números deixam claro que o problema não é pontual, mas estrutural e persistente.

E a presença de mulheres na alta gestão?

Apesar de um leve avanço em relação à diversidade racial, a desigualdade de gênero também é evidente. Metade das empresas brasileiras não tem nenhuma mulher na diretoria, e 35% não contam com representação feminina nos conselhos de administração.

Isso acontece mesmo com mulheres representando 51,5% da população brasileira, segundo o Censo. Ou seja, a exclusão não reflete falta de presença na sociedade, mas barreiras dentro das organizações.

Por que negros e indígenas seguem fora do topo?

Especialistas são categóricos ao afirmar que não se trata de falta de qualificação. Pessoas pretas, pardas e indígenas somam 56,6% da população brasileira e, graças a políticas públicas como cotas, Fies e Prouni, ampliaram significativamente o acesso ao ensino superior.

O problema, segundo estudiosos, está em percepções subjetivas, vieses inconscientes e racismo institucionalizado, que ainda influenciam decisões de contratação e promoção. É uma resistência histórica que atravessa gerações e se reproduz nos espaços de poder.

A herança histórica pesa no mercado de trabalho?

Sim, e muito. A forma como o Brasil aboliu a escravidão, sem políticas de inclusão dos ex-escravizados, deixou marcas profundas. A ausência de mecanismos de inserção no mercado assalariado contribuiu para a marginalização econômica que ainda impacta o acesso a cargos de liderança.

Esse passado ajuda a explicar por que, mesmo com formação acadêmica e experiência, profissionais negros e indígenas encontram tetos invisíveis dentro das empresas.

Mulheres negras enfrentam dupla barreira?

Além do recorte racial, mulheres negras e indígenas lidam também com a discriminação de gênero — e, muitas vezes, de classe. Isso se traduz em questionamentos velados sobre competência, comentários “elogiosos” que reforçam estereótipos e surpresa quando ocupam cargos de destaque.

Essas microagressões não apenas desestimulam a permanência, como também dificultam a ascensão profissional dentro das organizações.

Há empresas que estão avançando?

Sim, ainda que sejam exceção. Algumas companhias vêm investindo em letramento racial, programas de mentoria e desenvolvimento de lideranças diversas. Um exemplo citado em estudos recentes é a TIM (TIMS3), que implementou iniciativas voltadas à aceleração de carreira de pessoas negras e aparece entre as empresas com melhores indicadores de diversidade.

Esses casos mostram que mudança é possível, desde que haja compromisso real, métricas claras e liderança engajada.

Por que diversidade na alta gestão importa?

Além de justiça social, diversidade gera melhores decisões, inovação e resultados financeiros mais sustentáveis. Empresas com lideranças plurais tendem a compreender melhor seus consumidores, reduzir riscos reputacionais e criar ambientes mais produtivos.

Ignorar esse tema não é apenas uma falha ética — é também uma escolha estratégica ruim.

Conclusão

Os dados deixam pouco espaço para dúvidas: a alta gestão das empresas brasileiras ainda não reflete o Brasil real. Avançar exige mais do que discursos. É preciso investir em políticas concretas, rever critérios de promoção e garantir ambientes onde talentos diversos possam crescer.

Para acompanhar análises profundas sobre mercado, empresas e transformações estruturais, continue navegando pelo Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Quantas empresas não têm negros ou indígenas na diretoria?

Cerca de 75% das empresas analisadas não possuem nenhum representante racial na diretoria.

A situação é pior nos conselhos de administração?

Sim. Em 84% das companhias, não há negros ou indígenas nos conselhos.

Metade das empresas não tem mulheres na diretoria?

Sim. Aproximadamente 50% das empresas não contam com nenhuma mulher na diretoria.

Falta qualificação para diversidade na liderança?

Não. Especialistas apontam racismo institucional e vieses históricos como principais causas.

Existem empresas que avançaram em diversidade?

Sim, mas ainda são minoria. Algumas, como a TIM (TIMS3), adotaram programas estruturados de inclusão.

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