A madrugada foi longa no Congresso — e cara para empresas e investidores. A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que corta benefícios fiscais federais em 10% e aumenta impostos sobre apostas on-line, fintechs e juros sobre capital próprio (JCP). O texto agora segue para o Senado e pode mudar de forma relevante a carga tributária já a partir de 2026.
A proposta, aprovada em formato de substitutivo, faz parte do PLP 128/25 e altera regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, impondo mais controle, transparência e limites aos incentivos concedidos pela União.
O que a Câmara aprovou na prática?
O projeto reduz em 10% os benefícios e incentivos fiscais federais hoje existentes, atingindo uma ampla lista de tributos, como PIS/Pasep, Cofins, IPI, Imposto de Importação, IRPJ, CSLL e a contribuição previdenciária patronal.
A aplicação do corte não será automática para todos. Ela vai depender do tipo de incentivo e do regime de concessão, com regulamentação posterior pelo Executivo.
Quais benefícios fiscais entram no corte?
A base considerada inclui os gastos tributários previstos na Lei Orçamentária de 2026 e diversos regimes especiais. Entre os exemplos mais sensíveis estão:
- Incentivos do Perse, voltado ao setor de eventos
- Benefícios para produtos e serviços específicos, como leasing de aeronaves
- Regimes como o lucro presumido
No caso do lucro presumido, a elevação de 10% na base de cálculo só incide sobre a parcela da receita anual acima de R$ 5 milhões.
Quais setores podem sentir mais o impacto?
Alguns segmentos foram citados diretamente como potenciais afetados:
- Indústria química, com possível redução do Reiq
- Créditos presumidos de IPI e PIS/Cofins ligados a farmacêuticos, produtos de origem animal e vegetal
- Exportações de café e cítricos
- Transporte rodoviário interestadual de passageiros
- Importadores de fertilizantes, agrotóxicos e nafta petroquímica, hoje beneficiados por alíquota zero
O que ficou fora do corte?
O texto preserva uma lista extensa de exceções, consideradas politicamente sensíveis ou constitucionais. Entre elas:
- Zona Franca de Manaus e áreas de livre comércio
- Cesta básica nacional definida pela reforma tributária
- Simples Nacional
- Entidades filantrópicas sem fins lucrativos
- Programas como Minha Casa, Minha Vida e Prouni
- Desoneração da folha
- Incentivos à indústria de tecnologia da informação e semicondutores
Benefícios com prazo determinado e contrapartidas já cumpridas, aprovados até 31 de dezembro de 2025, também ficam preservados.
JCP vai pagar mais imposto?
Sim — e esse ponto preocupa o mercado. O projeto eleva o Imposto de Renda retido na fonte sobre JCP de 15% para 17,5%.
Na prática, isso reduz a atratividade do instrumento, muito usado por empresas para remunerar acionistas de forma eficiente.
Como ficam os impostos sobre bets?
As apostas on-line de quota fixa terão aumento gradual de tributação:
- 13% em 2026
- 14% em 2027
- 15% em 2028
Metade da arrecadação extra será destinada à seguridade social e a outra metade à saúde. O texto também endurece regras contra publicidade de bets não autorizadas, criando responsabilidade solidária.
Fintechs e instituições financeiras pagarão mais?
Sim. A CSLL sobe de forma escalonada:
- Fintechs e sociedades de capitalização:
- de 15% para 17,5% até 2027
- 20% a partir de 2028
- Outras instituições financeiras, como bolsas e entidades de liquidação:
- de 9% para 12% até 2027
- 15% a partir de 2028
Quando as mudanças entram em vigor?
A maior parte das regras passa a valer em 1º de janeiro de 2026. Já medidas que exigem prazo de noventena — como aumento de tributos e redução de benefícios — entram em vigor posteriormente, conforme a legislação.
Agora, o texto segue para o Senado, onde pode ser mantido, alterado ou até rejeitado.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O que é o PLP 128/25?
É o projeto que reduz benefícios fiscais federais e aumenta impostos para alguns setores.
O JCP vai mesmo pagar mais imposto?
Sim. A alíquota sobe de 15% para 17,5%.
As bets serão mais tributadas?
Sim, com aumento gradual até 15% em 2028.
O Simples Nacional será afetado?
Não. O Simples ficou fora do corte.
Quando tudo começa a valer?
A maioria das regras entra em vigor em 2026, com exceções por noventena.









