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segunda-feira, dezembro 29, 2025
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Picanha caiu, mas 2026 pode assustar no açougue

Se você sentiu que a picanha e o filé mignon deram uma aliviada no bolso em 2025, não foi impressão. O problema é que essa “folga” pode durar pouco. Analistas e executivos do setor já enxergam um movimento clássico do mercado pecuário: o ciclo do boi, que costuma virar quando começa a faltar animal pronto para o abate. E quando isso acontece, o preço tende a subir… primeiro no campo e depois no seu carrinho.

A expectativa predominante é de alta gradual em 2026, sem aquele choque absurdo visto em 2021 e 2022, mas ainda assim suficiente para o consumidor voltar a sentir a carne bovina pesar no orçamento.

O que é o tal “ciclo do boi” e por que ele muda os preços?

O ciclo pecuário funciona como uma gangorra. Quando a carne está mais barata, muitos produtores aumentam o abate para fazer caixa — inclusive vacas, não só bois. Só que isso cobra um preço depois: menos vacas significa menos bezerros nascendo alguns meses à frente. Resultado? Passa um tempo e o mercado começa a ver menos boi disponível, e o preço sobe.

Quando o pecuarista percebe que o boi está valorizando, ele muda a estratégia: em vez de mandar fêmeas para o frigorífico, ele segura as vacas no pasto para recompor o rebanho. Esse movimento é conhecido como retenção de fêmeas e costuma indicar que a fase de alta está a caminho.

Por que 2026 tende a ser mais caro, mesmo sem “colapso”?

A leitura do setor é que o reajuste deve ser gradual. O Brasil ainda tem rebanho grande e o varejo costuma segurar a carne como produto “chama-cliente”. Só que, ao mesmo tempo, o custo no campo vem dando sinais de pressão.

Um ponto importante: o mercado hoje não depende só do consumo interno. A exportação ganhou um peso enorme no preço do boi, especialmente com a demanda da China. Isso mudou o ritmo do ciclo, porque os frigoríficos passaram a buscar animais mais jovens, o famoso “boi China, o que mexe na oferta disponível.

O boi já está subindo no campo?

Mesmo com a sensação de “carne mais em conta” no varejo em 2025, o campo já começou a mostrar sinais. Indicadores do setor apontaram a arroba do boi próxima de R$ 321 no fim do ano, com estabilidade em reais, mas com avanço mais claro quando olhada em dólar por causa da demanda externa.

Na prática, isso significa o seguinte: o frigorífico está pagando mais pelo boi. E quando o custo da matéria-prima sobe, uma hora alguém precisa absorver isso. Parte fica na indústria por um tempo, mas outra parte costuma chegar no supermercado.

E as empresas de frigorífico, o que dizem?

Executivos têm indicado que o cenário é de oferta mais desafiadora de gado, não só no Brasil, e que a demanda global por proteína continua firme. Um nome que apareceu nesse debate foi a JBS (JBSS3), ressaltando que, mesmo com o boi mais caro, a demanda externa ajuda a sustentar margens.

Outro ponto que mexe muito com o preço final: a carne brasileira ainda é considerada barata em comparação com mercados como EUA e parte da Ásia. Essa diferença mantém a exportação atrativa e reduz a chance de um alívio rápido para o consumidor.

Também houve comentário do CEO da Marfrig (MRFG3), citando que o mercado tem conseguido absorver preços mais altos sem uma queda relevante de consumo — o que, na prática, dá espaço para reajustes.

A picanha e o filé mignon caíram em 2025, mas por quê?

Em 2025, os cortes nobres ficaram no negativo no acumulado do ano. A picanha recuou levemente, o filé mignon caiu mais, e o contrafilé também teve baixa. Isso aconteceu porque a virada do ciclo foi retardada pelo alto abate de fêmeas, o que segurou a oferta por mais tempo.

Só que esse “segurar preço” costuma ter consequência. Se o abate de fêmeas cai e a retenção aumenta, o mercado tende a sentir menos boi disponível depois.

A alta chega igual para todo mundo no açougue?

Não. Alguns itens sentem primeiro. Cortes do dianteiro, que viram hambúrguer e carne moída, costumam subir antes porque movimentam grande volume no Brasil e no exterior. Depois, a pressão pode “escorrer” para os cortes do traseiro, onde entram picanha, maminha e afins.

O que pode frear essa alta em 2026?

Existem freios possíveis, mas não garantidos:

  • Economia mais fraca no Brasil, com consumo reduzindo
  • Câmbio mudando o incentivo à exportação
  • China reduzindo compras ou impondo restrições (há expectativa de decisão importante em janeiro)

Mesmo assim, o setor vê esses fatores mais como redução de ritmo, e não como uma virada para queda forte.

E frango, porco e ovos… vão subir também?

Quando a carne bovina sobe, muita gente migra para frango, carne suína e ovos. Só que, com exportações fortes, essas proteínas também podem encarecer. O limite costuma ser a renda do consumidor: existe um “teto” de preço que o mercado interno aguenta antes de o consumo travar.

Se você quer acompanhar esse tipo de movimento antes de virar susto no caixa, vale ficar de olho nas próximas atualizações e análises no Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Por que a picanha ficou mais barata em 2025?

Porque a oferta se manteve elevada, com abate forte, incluindo fêmeas, o que segurou os preços no varejo

O que é o “ciclo do boi”?

É um movimento natural do mercado pecuário em que períodos de muito abate geram menos oferta no futuro, elevando o preço do boi e da carne

A carne vai disparar como em 2021 e 2022?

A expectativa é de alta mais gradual em 2026, sem choque tão intenso, mas ainda com pressão no bolso

Quais cortes sobem primeiro quando o boi encarece?

Geralmente carne moída e itens do dianteiro sobem antes, e depois a pressão chega aos cortes nobres do traseiro

Frango e porco podem ficar mais caros também?

Podem, porque a migração do consumo e as exportações sustentam preços, mas existe limite dado pela renda das famílias

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