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segunda-feira, dezembro 29, 2025
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China avança e já domina metais estratégicos no Brasil

Não é mais só compra de produtos. É controle da produção. Em silêncio e com cheques bilionários, empresas chinesas estão ampliando sua presença na mineração do Brasil e já respondem por fatias relevantes de metais estratégicos. Em alguns casos, o domínio se aproxima de níveis preocupantes.

Só no último ano, os investimentos chineses no país somaram US$ 4,2 bilhões, um salto expressivo frente ao ano anterior. O foco é claro: setores estruturais como energia, petróleo, infraestrutura e mineração. E é justamente nesse último ponto que o Brasil entra como peça-chave no tabuleiro global.

Por que a mineração virou prioridade para a China?

O Brasil é protagonista mundial na produção de diversos minérios essenciais para a indústria moderna. Baterias, carros elétricos, aço, eletrônicos e até tecnologias ligadas à inteligência artificial dependem desses insumos.

A estratégia chinesa não é improvisada. Trata-se de um plano de Estado, que mistura segurança de suprimento com lógica de mercado. A ideia é simples: garantir acesso às matérias-primas e, ao mesmo tempo, lucrar com elas.

Níquel: metade da produção pode ir parar nas mãos chinesas

O caso mais emblemático envolve o níquel. A mina de Barro Alto, em Goiás, antes controlada pela Anglo American, foi comprada pela MMG, ligada à estatal China Minmetals.

Se o negócio for aprovado pelo Cade, a China passará a controlar cerca de 50% da produção brasileira de níquel. Esse metal é vital para o aço inoxidável e, principalmente, para baterias de lítio, usadas em carros elétricos e celulares.

E faz sentido: a China responde por cerca de 75% da produção global de baterias de lítio.

Lítio: o novo alvo da eletrificação

Falando em eletrificação, o lítio virou prioridade recente. A montadora chinesa BYD criou, em 2023, uma subsidiária específica para mineração no Brasil e adquiriu direitos no Vale do Jequitinhonha, hoje chamado de Vale do Lítio.

Além disso, a empresa manteve conversas para uma possível parceria com a Sigma Lithium, maior produtora do minério no país. O movimento mostra que a China quer integrar toda a cadeia, da mina ao carro elétrico.

Nióbio: quase um terço já está sob controle chinês

O nióbio é praticamente uma exclusividade brasileira. Cerca de 90% da produção mundial sai do Brasil. Ele é essencial para ligas metálicas resistentes, usadas em aviões, foguetes, carros e grandes obras.

A líder do setor é a CBMM, que abriu parte do capital para grupos chineses em 2011. Além disso, minas que pertenciam à Anglo American e outras operações menores passaram para estatais chinesas.

No fim das contas, aproximadamente 30% do nióbio brasileiro já está ligado a empresas da China.

Estanho e cobre: peças-chave da tecnologia

No estanho, usado em soldas eletrônicas, a presença chinesa é ainda mais direta. O Brasil responde por 8% da produção global, e uma única mina na Amazônia concentra 30% da produção nacional, hoje controlada por uma estatal chinesa.

Já no cobre, essencial para condução de energia e base da economia digital, a China também avançou. Mesmo com produção modesta no Brasil, empresas chinesas já controlam cerca de 5% da extração nacional.

Minério de ferro: o próximo passo?

O minério de ferro ainda é uma exceção. O Brasil é o segundo maior exportador do mundo, e 70% das exportações vão para a China. Mesmo assim, até agora, os chineses não tinham produção própria aqui.

Isso deve mudar. Um projeto no norte de Minas Gerais, ligado à Geely, prevê investimento de US$ 2,1 bilhões e produção de minério de alta qualidade, semelhante ao de Carajás, da Vale (VALE3).

Se sair do papel, o projeto pode responder por 13% do minério premium produzido no Brasil.

O que tudo isso significa para o Brasil?

O avanço chinês levanta debates importantes sobre soberania, estratégia industrial e dependência econômica. Ao mesmo tempo em que os investimentos geram empregos e movimentam a economia, também concentram ativos estratégicos nas mãos de um único país.

Esse é um tema que merece atenção constante. E você pode acompanhar análises, bastidores e impactos desse movimento no Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

A China já controla a mineração no Brasil?

Não totalmente, mas já domina fatias relevantes de metais estratégicos como níquel, nióbio e estanho.

Por que o Brasil é tão importante para a China?

Porque o país é grande produtor de minérios essenciais para tecnologia, energia e indústria pesada.

O avanço chinês é ilegal?

Não. Os investimentos seguem a legislação brasileira, mas muitos negócios ainda dependem de aprovação de órgãos reguladores.

Isso pode afetar empresas brasileiras?

Pode, principalmente em termos de competição, preços e controle da cadeia produtiva.

O minério de ferro também será dominado?

Ainda não, mas há projetos em andamento que indicam esse caminho.

O que o investidor deve observar?

Movimentos de aquisições, licenças ambientais e decisões do Cade, além do impacto nas empresas listadas na B3.

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