Impostos altos, sensação constante de insegurança e o dinheiro acabando antes do fim do mês formam o pano de fundo da eleição presidencial de 2026. Esses problemas do dia a dia devem dominar o debate político, colocando governo e oposição em lados opostos com narrativas bem definidas.
De um lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve apostar em medidas de forte apelo popular. Do outro, a oposição vê na segurança pública o principal flanco para atacar o Planalto e tentar virar o jogo eleitoral.
Economia no bolso vira aposta central do governo
A estratégia do governo passa por temas fáceis de comunicar e diretamente ligados ao bolso do eleitor. Entre eles, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o combate à escala 6×1 e a tentativa de vender como vitória política o recuo do tarifaço anunciado por Donald Trump.
A ideia é reforçar a imagem de um governo focado nos mais pobres e na recomposição da renda, especialmente entre trabalhadores que ganham de dois a cinco salários mínimos e hoje demonstram maior insatisfação.
Segurança pública vira o principal ataque da oposição
Se a economia é o trunfo do governo, a segurança pública é a arma da oposição. Candidatos ligados à direita, como Flávio Bolsonaro, devem explorar o sentimento de insegurança nas ruas para desgastar Lula.
A narrativa será simples e direta: associar a criminalidade elevada e a percepção de medo à inação do governo federal, deslocando o foco do debate econômico para a ordem pública.
Trump, tarifaço e política externa entram na campanha
Segundo o cientista político Jorge Chaloub, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, as decisões de Trump e seus reflexos na política externa brasileira devem atravessar toda a campanha.
Para o governo, o recuo do tarifaço e o enfraquecimento da Lei Magnitsky são apresentados como vitórias diplomáticas. Já a oposição deve usar a aproximação do Brasil com China e Venezuela como contraponto, tentando reacender críticas ideológicas.
Lula tenta recuperar imagem entre os mais pobres
Chaloub avalia que Lula conseguiu se reposicionar no debate público e nas redes sociais como um presidente novamente associado aos mais pobres. Esse movimento pode se tornar um ativo eleitoral importante em um cenário marcado por discussões sobre renda, trabalho e custo de vida.
Ainda assim, pesquisas mostram que o desgaste existe e não é pequeno.
Gastos públicos e segurança pesam contra o governo
Levantamento recente do Ipsos-Ipec indica que a maioria da população avalia de forma negativa a atuação do governo na segurança pública. Quase metade dos entrevistados classifica a postura de Lula no tema como ruim ou péssima.
No campo fiscal, o cenário é ainda mais delicado. O discurso de que o governo gasta demais deve voltar com força na campanha, reaproximando Lula de críticas antigas ligadas à má gestão de recursos públicos.
PL Antifacção entra no jogo eleitoral
A base governista também aposta no avanço do Projeto de Lei Antifacção, que endurece penas, altera tipificações de crimes e amplia o papel da Polícia Federal no combate ao crime organizado.
A proposta é liderada por Lindbergh Farias e enfrenta resistência no Congresso. No Senado, aguarda relatório de Alessandro Vieira.
Se aprovado, o projeto pode ajudar o governo a mostrar ação concreta na segurança, ainda que especialistas avaliem que o impacto eleitoral tende a ser limitado.
Um debate duro e emocional à vista
Para Chaloub, a segurança pública continuará sendo tradicionalmente explorada pela direita, enquanto o governo tentará manter o foco em renda e políticas sociais. O embate promete ser emocional, direto e conectado ao cotidiano do eleitor.
A eleição de 2026 não deve girar em torno de grandes abstrações. Vai ser sobre medo, dinheiro e sobrevivência.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
Quais temas devem dominar a eleição de 2026?
Imposto de renda, segurança pública, gastos do governo e política externa.
Lula deve focar em quais propostas?
Isenção do IR para renda até R$ 5 mil e defesa do poder de compra.
A segurança pública será decisiva?
Tudo indica que sim, especialmente como principal discurso da oposição.
Trump influencia a eleição brasileira?
Sim. Tarifas e decisões externas devem entrar no debate político.
O PL Antifacção pode ajudar o governo?
Pode melhorar a narrativa, mas o efeito eleitoral tende a ser limitado.
A economia será mais importante que a ideologia?
O cenário aponta que o bolso e a segurança devem falar mais alto.







