À primeira vista, a disputa entre ouro e bitcoin em 2025 parece resolvida. O metal precioso disparou 65% no ano, enquanto o bitcoin acumula queda de cerca de 7%, depois de ambos terem subido próximos de 30% até agosto. O ouro venceu a narrativa de proteção contra a desvalorização da moeda. Mas essa não é a história completa.
Quando o foco sai do preço e vai para o comportamento do investidor institucional, o cenário muda bastante. Mesmo após uma correção de 36% do bitcoin desde a máxima histórica de outubro, o capital investido em ETFs de bitcoin nos Estados Unidos quase não saiu.
Ouro dispara e assume o protagonismo
Até o meio do ano, ouro e bitcoin caminhavam juntos. A partir de agosto, porém, os caminhos se separaram. O ouro acelerou forte, impulsionado por incertezas globais, juros reais mais baixos e busca por proteção. Já o bitcoin entrou em um ciclo de correção intensa e passou a enfrentar dificuldades para se sustentar acima da faixa dos US$ 80 mil.
Essa divergência consolidou a percepção de que, em 2025, o mercado escolheu o metal como principal hedge contra a desvalorização, deixando o bitcoin temporariamente para trás.
A correção do bitcoin foi dura no preço…
Desde o topo de outubro, o bitcoin perdeu mais de um terço do seu valor. Para muitos investidores de curto prazo, o movimento reforçou o discurso de volatilidade extrema e fragilidade do ativo em momentos de estresse.
No entanto, olhar apenas para o gráfico de preços pode levar a conclusões apressadas.
…mas quase não houve fuga de capital dos ETFs
Aqui está o dado que muda a leitura do mercado: os ETFs de bitcoin à vista nos EUA perderam menos de 4% em ativos sob gestão, mesmo com uma queda de 36% no preço.
No pico de outubro, esses fundos detinham cerca de 1,37 milhão de bitcoins. Em meados de dezembro, o volume ainda girava em torno de 1,32 milhão. Ou seja, a grande maioria dos investidores institucionais não vendeu durante a correção.
Isso indica que a pressão vendedora veio muito mais de outros segmentos do mercado do que dos ETFs.
ETFs de bitcoin atraíram mais fluxo que ouro em 2025
Outro ponto pouco comentado: apesar do desempenho espetacular do ouro no preço, os fluxos líquidos para produtos negociados em bolsa de bitcoin superaram os do ouro em 2025.
Isso reforça que o investidor institucional segue enxergando o bitcoin como um ativo estratégico de longo prazo, mesmo aceitando oscilações severas no curto prazo.
A estreia dos ETFs de bitcoin à vista em 2024 marcou o início dessa adoção institucional. Já 2025 mostrou algo ainda mais relevante: resiliência, mesmo sem o preço entregando o que muitos esperavam.
BlackRock amplia domínio mesmo com queda do bitcoin
Durante a correção, quem ganhou ainda mais espaço foi a BlackRock. O ETF da gestora aumentou sua participação de mercado e hoje concentra quase 60% de todo o bitcoin mantido por ETFs nos EUA, com cerca de 780 mil bitcoins sob gestão.
Isso sugere que investidores estão, inclusive, realocando dentro do próprio mercado de ETFs, priorizando veículos considerados mais robustos e líquidos, em vez de abandonar a tese cripto.
O que isso diz sobre o momento do mercado?
O resumo é claro: o bitcoin perdeu a batalha do preço em 2025, mas não perdeu a confiança institucional. Enquanto o ouro venceu no desempenho, o comportamento dos fluxos mostra que o dinheiro grande segue posicionado, aguardando o próximo ciclo.
Para quem analisa o mercado além das manchetes, essa diferença entre preço e posicionamento costuma ser onde as tendências começam a se formar.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O ouro teve desempenho melhor que o bitcoin em 2025?
Sim. O ouro subiu cerca de 65%, enquanto o bitcoin caiu no acumulado do ano.
O bitcoin perdeu investidores institucionais?
Não. Os ETFs de bitcoin tiveram queda inferior a 4% em ativos sob gestão.
O que causou a queda do bitcoin?
Principalmente realização de lucros e correção após a máxima histórica, não saídas massivas de ETFs.
ETFs de bitcoin ainda atraem dinheiro?
Sim. Em 2025, os fluxos de ETFs de bitcoin superaram os de ETFs de ouro.
A BlackRock saiu fortalecida?
Sim. A gestora ampliou sua dominância no mercado de ETFs de bitcoin.
O bitcoin perdeu a tese de proteção contra desvalorização?
No curto prazo, sim no preço. No longo prazo, o capital institucional ainda aposta que não.









