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segunda-feira, dezembro 29, 2025
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Geração Z desiste da casa própria e muda tudo

Comprar um imóvel sempre foi sinônimo de estabilidade, sucesso e futuro garantido. Mas, para a Geração Z, esse sonho está ficando cada vez mais distante — e isso já está mudando profundamente a forma como esses jovens gastam dinheiro, encaram o trabalho e investem.

Pesquisas recentes nos Estados Unidos mostram que o mercado imobiliário caro está empurrando uma parcela crescente dos jovens a simplesmente desistir da casa própria. E quando esse objetivo some do horizonte, todo o resto muda junto.

A casa própria ficou fora do alcance?

Os números ajudam a explicar o desânimo. A idade média do comprador de primeira viagem nos EUA já chegou a 40 anos, um salto histórico que escancara a falta de acessibilidade do mercado imobiliário.

Segundo um estudo conduzido por pesquisadores da Northwestern University e da University of Chicago, muitos jovens chegaram a um ponto psicológico decisivo: trabalhar mais já não parece suficiente para comprar uma casa.

Uma pesquisa da Harris Poll reforça essa percepção. Quase metade da Geração Z concorda com a frase:
“Não importa o quanto eu trabalhe, nunca vou conseguir comprar uma casa que eu realmente goste”.

Quando o sonho morre, o comportamento muda

De acordo com os pesquisadores, existe um “limiar de desistência”. Quando o jovem percebe que economizar salário não o levará à casa própria em um prazo razoável, ele abandona o plano — e passa a usar o dinheiro de outra forma.

O resultado é uma mudança clara de comportamento financeiro.

Geração Z gasta mais e economiza menos

O primeiro efeito é direto: menos poupança, mais consumo.

O estudo aponta que, ao perder a perspectiva de comprar um imóvel, muitos jovens passam a gastar mais no presente, em vez de guardar dinheiro para um objetivo que parece inalcançável.

Outras pesquisas confirmam o padrão:

  • Quase metade da Geração Z não tem reserva de emergência
  • Até 27% têm mais dívidas do que economias
  • O uso de crédito cresce para bancar consumo e lazer

O consumo deixa de ser planejamento e passa a ser escape emocional.

Trabalho perde o sentido tradicional

Outra mudança importante está na relação com o trabalho. A pesquisa mostra que inquilinos relatam quase o dobro de baixo esforço no trabalho quando comparados a proprietários.

A lógica é simples: se trabalhar mais não leva a conquistas estruturais, como a casa própria, o incentivo cai.

Os pesquisadores apontam que o jovem passa a realocar tempo e energia, já que o “retorno percebido” do esforço diminui.

A economista Kyla Scanlon oferece uma leitura ainda mais profunda. Para ela, não se trata de preguiça, mas de ruptura.

Segundo Scanlon, a Geração Z vive um “niilismo financeiro”, marcado por salários estagnados, dívidas estudantis, crise habitacional e instabilidade política. Em resumo, muitos jovens sentem que o chamado “sonho americano” apodreceu diante deles.

Mais risco nos investimentos

O terceiro efeito aparece nos investimentos. Sem a casa própria como objetivo central, a Geração Z tende a assumir mais risco financeiro.

O estudo mostra que jovens que desistiram da compra de imóveis:

  • Aumentam exposição a criptomoedas
  • Buscam retornos rápidos
  • Gastam mais com lazer
  • Demonstram menor aversão a perdas

A lógica é clara: se não há um grande objetivo a proteger, há menos medo de perder.

Outros levantamentos de 2025 indicam que a Geração Z é mais propensa a ter criptoativos do que uma conta de aposentadoria, o que preocupa especialistas.

Para analistas, o problema não é o interesse por investimentos, mas a superconcentração em ativos altamente voláteis, sem estratégia de longo prazo.

Esperança na herança? Nem tanto

Parte desse comportamento também se apoia na expectativa da chamada “Grande Transferência de Riqueza”, estimada em US$ 124 trilhões. Muitos jovens acreditam que herdarão patrimônio no futuro.

O problema é que pesquisas mostram que poucos realmente receberão valores relevantes, o que pode gerar frustração adicional no longo prazo.

O que tudo isso revela?

A desistência da casa própria não é apenas um fenômeno imobiliário. Ela está reprogramando a relação da Geração Z com dinheiro, trabalho e risco.

Menos poupança, menos engajamento tradicional no trabalho e mais apostas arriscadas não surgem do nada. São respostas a um sistema que deixou de oferecer recompensas claras para o esforço.

Entender esse movimento é essencial para quem acompanha tendências econômicas, comportamento do consumidor e o futuro do mercado financeiro.

Para seguir acompanhando análises sobre dinheiro, comportamento e investimentos, continue navegando pelo Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Por que a Geração Z está desistindo da casa própria?

Porque os preços dos imóveis subiram a um nível considerado inalcançável, mesmo com esforço e poupança.

Isso afeta o comportamento financeiro dos jovens?

Sim. Eles gastam mais, economizam menos e assumem mais riscos.

A Geração Z trabalha menos?

Os estudos indicam menor esforço percebido quando o trabalho não leva a objetivos de longo prazo.

Por que os jovens investem mais em criptomoedas?

Porque, sem a casa própria como meta, eles aceitam mais risco em busca de retornos rápidos.

Esse comportamento é perigoso?

Pode ser, se houver excesso de exposição a ativos arriscados sem planejamento.

O sonho da casa própria acabou?

Para muitos jovens, sim. Pelo menos no curto e médio prazo.

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