Problemas no setor de construção chinês geram instabilidade global e atingem desde exportadores brasileiros até o câmbio.
A crise no mercado imobiliário da China tem provocado um efeito dominó em diversas economias — e o Brasil não escapa das consequências. O colapso de grandes incorporadoras, como a Evergrande e a Country Garden, resultou em desaceleração das obras e queda na demanda por matérias-primas, afetando diretamente a economia global.
Segundo reportagem da Bloomberg, a construção civil representa cerca de 25% do PIB chinês. Quando esse setor perde força, a demanda por commodities como minério de ferro, aço e cobre — produtos em que o Brasil é forte exportador — despenca. Isso afeta a balança comercial brasileira e pode pressionar o real frente ao dólar.
Além disso, o receio dos investidores com a instabilidade chinesa aumenta a aversão ao risco em mercados emergentes. De acordo com o Valor Econômico, isso tende a reduzir o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil e dificulta o crescimento de setores que dependem de crédito e investimentos.
A situação é monitorada por autoridades e analistas financeiros, que veem no desaquecimento chinês um risco para as exportações brasileiras e para o preço de ativos sensíveis ao cenário global. “Se a China espirra, o Brasil pega um resfriado”, resumiu um analista da XP em entrevista ao Estadão.
Empresas brasileiras com forte exposição ao mercado asiático já reavaliam seus planos para 2025, tentando diversificar rotas comerciais e diminuir a dependência da China. O desafio será manter o ritmo de crescimento em um ambiente global menos favorável.
Com tantos impactos indiretos, acompanhar a economia chinesa deixou de ser um assunto distante: ela está mais próxima do seu bolso do que parece.