A economia chinesa vem perdendo força, e isso impacta diretamente setores estratégicos do Brasil, como commodities, indústria e balança comercial.
A desaceleração da economia chinesa já é uma realidade — e seus reflexos se espalham pelo mundo, especialmente em países emergentes que dependem das exportações de commodities, como o Brasil. Dados recentes do Escritório Nacional de Estatísticas da China apontam um crescimento abaixo do esperado no segundo trimestre de 2025, puxado por uma crise imobiliária persistente, desaceleração no consumo interno e menor apetite industrial.
Esse cenário pressiona diretamente a demanda por produtos brasileiros como minério de ferro, soja e petróleo, que têm na China seu principal comprador. Segundo o Valor Econômico, a queda nas encomendas chinesas já começou a afetar os preços do minério no mercado internacional, derrubando a receita de grandes exportadoras brasileiras como a Vale.
“Quando a China espirra, o Brasil pega gripe. A interdependência comercial é muito forte, e qualquer desaceleração por lá nos obriga a recalibrar expectativas de crescimento e arrecadação aqui”, explica Fernanda Guardado, ex-diretora do Banco Central, em entrevista à Bloomberg.
Além do impacto direto sobre exportações, a retração chinesa pode provocar desvalorização das moedas de países emergentes, aumento da volatilidade nos mercados e até pressão deflacionária global. Para o Brasil, isso pode significar inflação mais baixa no curto prazo — mas também menor fôlego para a indústria e o agronegócio.
Especialistas ouvidos pelo Estadão apontam ainda que a desaceleração da China reduz o apetite por investimentos estrangeiros em países como o Brasil, considerados mais arriscados em períodos de incerteza global. Isso pode afetar captações, fusões e projetos de infraestrutura que dependem de capital internacional.
A situação requer atenção redobrada de empresários, investidores e formuladores de política econômica. Entender os desdobramentos do cenário chinês é essencial para antecipar riscos, ajustar estratégias e preservar a competitividade em um mundo cada vez mais interligado.