O bolso do brasileiro está cada vez mais apertado. Os números mais recentes mostram que quase metade da renda das famílias já está comprometida com dívidas, enquanto o crédito segue crescendo a um custo que assusta.
E o pior: a sensação de alívio prometida para 2026 pode não ser suficiente para evitar um cenário mais pesado de inadimplência.
Por que o endividamento das famílias chegou a um nível tão alto?
Dados divulgados pelo Banco Central revelam que o endividamento das famílias atingiu 49,3% em outubro. Na prática, isso significa que quase metade de tudo o que as famílias ganham já está comprometido com financiamentos, empréstimos e parcelamentos.
Ao mesmo tempo, o estoque total de crédito no Brasil bateu R$ 7 trilhões, um recorde histórico. O problema é o preço desse dinheiro. A taxa média de juros para pessoas físicas chegou a 59,4% ao ano, o maior patamar desde 2017. Ou seja, o crédito cresce, mas o custo cresce ainda mais.
Crédito fácil ajuda ou empurra o brasileiro para o buraco?
Segundo especialistas, o avanço dos bancos digitais e mudanças jurídicas facilitaram o acesso ao crédito. Isso, por si só, não é algo negativo. Dívidas usadas para gerar renda podem ser saudáveis.
O problema começa quando o crédito vira solução para fechar o mês, pagar contas básicas ou manter consumo. Em um cenário de salários pressionados e juros elevados, a tendência é clara: mais famílias entrando em atraso.
Por que o consignado privado disparou mais de 250%?
Um dos grandes motores desse crescimento foi o consignado privado, voltado para trabalhadores CLT, MEIs e motoristas de aplicativo. Impulsionado pelo programa Crédito do Trabalhador, lançado neste ano, o volume mensal de concessões saltou de R$ 1,6 bilhão para mais de R$ 6 bilhões, um avanço de 257%.
Estudo do Banco Daycoval mostra que essa modalidade virou a principal porta de entrada para quem busca crédito rápido. O problema é que o custo também subiu forte.
Juros do consignado sobem e risco de inadimplência aumenta?
Em apenas 12 meses, os juros do consignado privado subiram 18%. Eles estavam em 39,1%, passaram para 44% após a reformulação do programa e agora já se aproximam de 57,1% ao ano, segundo projeções do Banco Central.
Com juros nesse nível e renda apertada, o risco é claro: inadimplência crescente. Especialistas alertam que muitas famílias estão trocando dívidas antigas por novas, apenas empurrando o problema para frente.
O que muda em 2026 com juros altos e isenção do IR?
Para 2026, o cenário é de um verdadeiro cabo de guerra econômico. De um lado, a Selic em 15% até pelo menos março deve continuar freando o consumo e encarecendo o crédito.
Do outro, a nova faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil promete colocar mais dinheiro no bolso de milhões de brasileiros a partir de janeiro.
O próprio Banco Daycoval avalia que esse ganho de renda tende a ser usado mais para consumo do que para quitar dívidas. Além disso, o aumento da renda pode acabar alimentando ainda mais o uso do consignado privado, ampliando o ciclo de endividamento.
O alerta que fica para quem depende de crédito
O momento exige atenção máxima. Crédito fácil, juros altos e renda pressionada formam uma combinação perigosa. Antes de contratar qualquer empréstimo, o brasileiro precisa avaliar se aquela dívida resolve um problema ou cria outro ainda maior.
Entender esse cenário é essencial para proteger o próprio bolso e tomar decisões financeiras mais conscientes. Para continuar bem informado sobre economia, crédito e investimentos, continue navegando pelo Brasilvest acessando a Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQs)
O que significa endividamento das famílias em 49,3%?
Significa que quase metade da renda anual das famílias brasileiras está comprometida com dívidas, como empréstimos, financiamentos e parcelamentos.
Por que o consignado privado cresceu tanto?
O crescimento está ligado à facilidade de acesso para CLT, MEIs e trabalhadores de aplicativo, além do desconto direto na renda, que reduz o risco para os bancos.
Os juros do consignado privado são baixos?
Não. Apesar de menores que outras linhas, os juros já passam de 57% ao ano, um patamar elevado para famílias com renda apertada.
A isenção do Imposto de Renda vai reduzir o endividamento?
Não necessariamente. A expectativa é que boa parte do dinheiro extra seja usada para consumo, e não para pagar dívidas.
O risco de inadimplência vai aumentar em 2026?
Especialistas avaliam que sim, principalmente se os juros continuarem altos e a renda não acompanhar a inflação.









