Apesar da popularidade do sistema instantâneo, brasileiros seguem usando crédito pelas vantagens e prazos.
Desde o seu lançamento em 2020, o Pix revolucionou a forma como os brasileiros fazem pagamentos. Prático, gratuito e instantâneo, o sistema desenvolvido pelo Banco Central já ultrapassou a marca de 170 milhões de chaves cadastradas, segundo dados da própria autarquia. Mas, mesmo com toda essa popularidade, o Pix ainda não substituiu totalmente o uso do cartão de crédito — e há motivos claros para isso.
O primeiro deles é simples: o crédito oferece prazo. Quando alguém paga no cartão, pode parcelar a compra ou adiar o pagamento para até 40 dias, dependendo do vencimento da fatura. Em momentos de orçamento apertado, essa possibilidade é vista como um alívio — mesmo que venha acompanhada de juros altos se o consumidor não quitar o total.
Além disso, os programas de fidelidade e cashback continuam sendo um atrativo. Muitos consumidores acumulam milhas, pontos ou dinheiro de volta ao concentrar os gastos no cartão. Segundo reportagem do Valor Econômico, cerca de 75% dos brasileiros que usam cartão de crédito participam de algum programa de recompensas.
Já o Pix, embora vantajoso para transações rápidas e pagamento de contas à vista, ainda não tem mecanismos nativos de parcelamento ou programas amplos de incentivo. Algumas fintechs tentam contornar isso oferecendo o chamado “Pix parcelado”, mas essa solução ainda depende do uso de crédito e não é uma funcionalidade oficial do sistema.
Outro fator é a segurança em compras online. Muitos consumidores ainda preferem pagar com cartão em e-commerces, pois contam com mecanismos de contestação de compra e proteção contra fraudes, o que o Pix, por ser uma transação direta e irreversível, não oferece.
Apesar das limitações, o avanço do Pix é inegável — especialmente entre pequenos comerciantes e trabalhadores informais. O sistema também pressionou bancos e operadoras de cartão a reduzirem tarifas e inovarem nos serviços, o que melhora o ambiente para o consumidor.
Especialistas apontam que o futuro pode trazer um equilíbrio entre as formas de pagamento: o Pix para transações à vista e cotidianas, e o cartão para compras parceladas ou com benefícios adicionais.