Setor busca eficiência em meio à desaceleração do consumo e competição acirrada com atacarejos e apps de entrega.
As grandes redes de supermercados brasileiras estão intensificando investimentos em marcas próprias e em soluções digitais para sustentar margens de lucro em um cenário de consumo mais fraco e concorrência crescente. A aposta em produtos de private label, aliados a programas de fidelidade e canais online, tornou-se estratégia central para lidar com a pressão sobre preços e custos operacionais.
De acordo com levantamento publicado pelo Valor Econômico, as vendas de marcas próprias já representam até 25% do faturamento em algumas redes regionais, patamar que se aproxima de mercados mais maduros, como o europeu. Esse movimento vem acompanhado de investimentos em tecnologia, desde aplicativos de compra com entrega rápida até sistemas de inteligência artificial para gestão de estoques e precificação.
A competição com os atacarejos é outro fator que impulsiona mudanças. Segundo a Reuters, redes tradicionais como Pão de Açúcar e Carrefour ampliaram a presença em formatos de cash & carry e passaram a integrar ofertas de atacado e varejo em um mesmo ambiente. A estratégia busca fidelizar clientes que migraram em busca de preços mais baixos e, ao mesmo tempo, oferecer conveniência para quem continua comprando no modelo tradicional.
O consumo, porém, mostra sinais de desaceleração. Um relatório da NielsenIQ citado pelo Estadão apontou que a frequência de visitas aos supermercados caiu 4% no primeiro semestre de 2025, reflexo do crédito restrito e do endividamento recorde das famílias. Nesse contexto, marcas próprias ganham relevância por oferecer preços em média 20% mais baratos que os líderes de categoria.
As redes também reforçam sua presença digital. O Carrefour, por exemplo, anunciou parcerias com aplicativos de entrega para ampliar a cobertura em grandes centros urbanos, enquanto o Grupo Mateus expandiu operações de e-commerce no Norte e Nordeste. Já o Assaí aposta em ampliar serviços financeiros integrados ao aplicativo da rede, oferecendo crédito e cashback para aumentar recorrência de compra.
Para especialistas, o setor caminha para uma consolidação em que eficiência operacional e diversificação de canais serão determinantes. Quem conseguir equilibrar preços competitivos com experiência digital integrada tende a conquistar mais espaço, enquanto empresas menos adaptadas podem perder relevância diante da nova dinâmica de consumo.